London
NoahEu não conseguia dormir. Olhava Sina que rolava de um lado para o outro na cama. Eu estava de barriga para cima pensando se Sina estaria tendo um pesadelo. Eu sabia que uma hora ou outra, iríamos ficar juntos. Oficialmente, digamos. Queria pensar em algo legal para fazer para pedir ela em namoro, talvez algo casual, não sei. Me alegrei que amanhã seria sábado ( ou talvez já fosse hoje.), e poderia pensar em algo para domingo. Pensei em um lugar legal... bem, infelizmente a gente não tinha aqueles lugares legais de filmes. O nosso lugar. Não tínhamos isso. Droga. Mas bem...tínhamos talvez algum lugar. A nem sei.
Olhei então rápido para Sina que soava. Cochicho seu nome a tocando.
Continuei a tocando, talvez um pouco mais firme e mexendo seu corpo.
Logo ela se sentou na cama respirando fundo. Ela soava frio e eu acendi o abajur ao meu lado. Ela respirava ofegante. Logo a mesma tocou os próprios cabelos, com o rosto pingando. A abracei forte, sentindo seu coração batendo forte contra meu peito.- Meu amor! O que houve querida?- perguntei, acariciando seus cabelos.
- Eu...Eu tenho que ir para a Alemanha.
- O que?
- Eu...- ela se levanta- Noah, eu tenho que resolver os empecilhos que tem de ser esclarecidos de uma vez por todas. Eu preciso ir.
- Oi? Você acorda e diz que vai viajar...do nada.
- Noah, eu preciso. - Ela disse pegando minhas mãos- Você vai comigo?
- Sina, sabe que eu trabalho e que não posso. Nós trabalhamos.
- Pegaremos as primeiras passagens, apenas pelo final de semana.
- Sina, eu não posso....sabe que...
Ótimo , eu vim!
Bem, seria por apenas 4 dias ( trocamos horas com colegas) e no final das contas, eu não gostaria que Sina fosse sozinha.
Eu peguei as bagagens quando passaram pela revisão do avião, e já ouvia as pessoas tagarelarem em alemão. Sina olhava os lados apreensiva. Toquei sua cintura pensando que podia ser pelo menos um passeio para eu conseguir o que queria. Cerca de 0,1 ٪ de chances.- Vai dar tudo certo.
- Eu acho que sei.
Andamos pelo aeroporto de Berlim em silêncio, pegamos um táxi e chegamos no hotel no centro da cidade. Era bonito, e caro, por sinal, muitas coisas são caras aqui. Abri a janela olhando a cidade com um sol ralando em plenas seis horas da tarde. A cidade tinha muitas pessoas andando de bicicleta, muitas andavam devagar pelas ruas. A frente de nosso hotel, havia uma padaria, onde pessoas entravam e saiam o tempo inteiro com sacolas grandes. Eu não pensava que o país europeu Alemanha seria tão encantadora. Era incrível como a luz era radiante em nós, os ângulos para fotos eram todos bons.
Me deitei na cama ao lado de Sina, que falava no telefone por mensagens.Peguei meu celular assim que ouvi um barulho de notificação entrando. Era um número desconhecido, mostrei para Sina que deu uma espiada com o canto do olho logo voltando para seu próprio celular. Era um vídeo.
O vídeo retratava tantas pessoas, mas uma seta rápida indicava Sina. Ela subia as escadas com o resto das meninas, mas parou num degrau. Estava meio bamba. Um garoto parou ao seu lado. Conversaram cerca de 3 palavras e ele estava agarrado nela. As mãos passavam ao redor do corpo dela. Mordi o lábio.
Senti o sangue pulsar, minha pele deveria ter ficado vermelha. Eu estava com as mãos cerradas. Quem se quer fez isso me fez querer matar essa pessoa. Continuei a olhar o vídeo, onde me dava nojo enquanto olhava.
Um estilhaço me fez sair do transe que eu estava. Olhei Sina que me olhava chocada, um copo de água estava caído a sua frente, e sua boca estava num perfeito O. Não vi quando ela se levantou, e nem quando estava ao meu lado. O rosto normalmente angelical, agora estava amargurado e severo. Ela sabia o que estava acontecendo, menos eu.
- O que houve?- perguntei em segundos de silêncio total no quarto.
Ela se agachou juntando os cacos com as mãos. Ela nem piscou, fez no automático, como um robô.
- Si?
- Fora Charles.- Sua voz saiu num sussurro, olhando para os cacos no chão.
Um nó formado em minha garganta parecia forçar-se, e eu estava agoniado. Pensei em Charles, nunca o vira antes. Em imagem ou qualquer outra coisa. E tive uma noção de como ele era por um vídeo de câmera de segurança onde ele se aproveitava da minha quase namorada (quase).
Olhei para Sina, ainda estava parada no chão, vi que ela olhava muito para o dedo que havia um corte, era pequeno, como um arranhão, mas sangrava bastante. Me assustei e levantei, pegando um lenço e envolvendo em seu dedo. Ela estava imóvel sentada na cama, como se ela tivesse tomado um choque, um baque.
- Teremos que ir o mais rápido possível.- disse ela após minutos.
- Ir aonde?
- Iremos encontrar Savannah. Depois meus pais. - a última palavra saiu com um grande desgosto. Imaginei eu falando algo assim dos meus pais e falhei miseravelmente. E depois pensei o que era Savannah. Não era uma selva na África?
- O que é Savannah?
- Savannah é minha melhor amiga.
Entramos em uma espécie de ateliê, as pessoas conversavam baixo e nos encaravam como quem diziam " um americano" a mim. Sina nunca parecia com uma americana. Os cabelos loiros e a pele clara destacavam bem sua nacionalidade. Os padrões de beleza ali eram assim: loiros, olhos claros e altos. Apesar de Sina ter 1.67. E eu 1.79. Alguns centímetros que eu tinha que me abaixar para beija-lá.
Caminhávamos por dentro do local, e era muito grande por sinal. Mas entramos em diversos corredores mais... simples.- Savannah não pode fazer suas artes em casa, então, comprou por 60 euros essa sala.- ela disse, ao abrir uma porta azul escura com uma placa caida escrita algo em alemão.
O local era extremamente bagunçado, havia muito tecido, tinta caida, pincéis, água espalhada, jornal no chão, e muito, muito gliter! Gliter voava pelo ar abafado da sala.
E no meio de uma bagunça maior, agaichada e pintando o pé de uma estátua, uma garota de cabelos caramelos estava toda acabada. Acabada eu quero dizer com tinta até na parte superior dos olhos. Ela estava com uma jardineira, apesar do clima frio.
Sina sorrio tão alegre que nem se importou no quesito: estar pisando em tinta derramada. Ela tocou o ombro da garota ajoelhada que se virou rápido, e percebi que ela usava um óculos protetor. Tirou os óculos sujos de tinta, e pulou em Sina. Fora tão rápido.
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my neighbor
De TodoOnde depois de uma briga com os pais, Sina Deinert se muda para Londres. Onde Noah Urrea tem uma nova vizinha.