Se cuida

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A noite estava silenciosa quando Dante chegou à casa, suas grandes asas batendo suavemente no ar enquanto pousava com elegância no chão. Seus olhos escuros brilharam na penumbra enquanto carregava Caio em seus braços, o corpo desacordado, exausto e imóvel. 

Chegando ao quarto, Dante cuidadosamente colocou Caio sobre a cama. Os lençóis macios afundaram sob o peso do corpo de Caio, que parecia tão vulnerável naquele momento, uma visão tão rara para quem o conhecia como o guerreiro determinado que ele era. Dante o observou por um instante, seu olhar penetrante analisando cada detalhe, mas sem nenhuma expressão de fraqueza. 

Sem fazer barulho, Sam subiu na cama ao lado dele. O familiar de olhos brilhantes deitou-se ao seu lado e rabo de Sam se agitava suavemente, enquanto ele encostava a cabeça na perna de Caio, seus olhos acompanhando cada pequena respiração do jovem guerreiro. Embora não houvesse palavras, a lealdade inabalável do familiar era evidente em cada movimento. Sam permaneceu ali, imóvel, protegendo Caio com a mesma intensidade de sempre.

Gael observava a cena com uma mistura de preocupação e curiosidade. Ele deu alguns passos silenciosos, aproximando-se da cama. Sua energia vibrante, que habitualmente transbordava de impaciência e entusiasmo, estava mais calma naquele momento, como se ele respeitasse o silêncio e a fragilidade do momento.

D: está na hora de você ir

G: uma pena que não vou me despedir dele

D: melhor assim

G: *triste* tem razão...

Ele se ajoelhou ao lado de Caio, observando o rosto dele de perto, como se procurasse algum sinal de reação. A pele de Caio estava pálida, marcada pelo cansaço da batalha e pelo esforço de tentar controlar o poder que não pertencia a ele. Gael hesitou por um breve instante, seus olhos percorrendo cada contorno do rosto de Caio, antes de estender a mão com delicadeza. Com uma gentileza que contrastava com sua natureza normalmente brincalhona e caótica, Gael tocou suavemente o rosto de Caio.

O toque foi leve, quase uma carícia, seus dedos deslizando pela bochecha de Caio, como se quisesse transmitir um pouco de sua energia vibrante para ele. Gael fechou os olhos por um momento, sentindo o calor residual no corpo de Caio, e suspirou. Uma expressão de preocupação genuína se formou em seu rosto. Ele, que normalmente estava sempre pronto para fazer uma piada ou lançar uma provocação, estava agora quieto, mostrando uma parte mais vulnerável de si mesmo.

"Você é mais forte do que pensa, Caio..." murmurou Gael para si mesmo, enquanto seus olhos se enchiam de um brilho peculiar.

D: Diga à Olenna que um lobo não precisa de uma borboleta, ele é forte para se cuidar sozinho. A borboleta deve trilhar o seu próprio caminho

G: certo...

D: se Baal resolver me atrapalhar, ele vai chegar na hora certa

G: *sorrir* então era isso...

D: daqui a cinco dias

G: tudo bem

D: ...

G: Dante...

D: sim?

Gael manteve a mão no rosto de Caio por mais alguns instantes, mas seu olhar já estava distante, cheio de pensamentos e emoções conflitantes. Havia algo de profundo em seus olhos, uma tristeza que ele raramente deixava transparecer. Depois de um longo suspiro, ele finalmente retirou a mão com cuidado, levantando-se lentamente da beira da cama.

Com passos lentos, Gael se afastou da cama, seu olhar ainda preso à figura de Caio por alguns segundos, como se hesitasse em deixar o lado dele. Quando finalmente virou, ele encontrou Dante, que estava ali de pé, observando a cena com a mesma calma imponente que sempre emanava.

Lágrimas de Sangue (1° Temporada Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora