Vingança VIII

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A cada movimento de Caio, Dante, mesmo preso dentro de seu próprio corpo, sentia algo que não experimentava há milênios — uma explosão de animação e uma felicidade crua, como se o próprio fogo da batalha corresse por suas veias. Para Dante, a única sensação que poderia igualar aquilo era quando ele mesmo estava lutando. Mas desta vez era diferente. Ele não era o executor; ele era o expectador. E, paradoxalmente, isso o preenchia com uma energia quase elétrica, enquanto Caio, completamente no controle, movia-se com uma maestria feroz.

Caio não era apenas movido pelo ódio; ele era uma máquina de combate, uma força imparável com um único propósito: destruir seu inimigo. A raiva e a dor que carregava o alimentavam, mas seu controle sobre o corpo de Dante era absoluto. Ele o utilizava como se o corpo fosse seu desde o nascimento, correndo com uma velocidade impressionante e uma precisão letal. Cada ataque de sua cauda e garras era um golpe mortal, direcionado com uma intensidade implacável. A espada, que ele manejava com uma conexão quase espiritual, era tanto uma arma de combate quanto uma extensão de seu próprio desejo de vingança.

Caio pegava a espada e a lançava contra Nyx com uma precisão impecável, o metal cortando o ar como um trovão. Mas o mais surpreendente era como ele a recuperava. Às vezes, ela retornava para sua mão como se estivesse presa a ele por um fio invisível, outras vezes ele a chutava de volta para o ar, ou a utilizava com a cauda para lançá-la novamente, sem perder o ritmo. Era um balé de brutalidade e habilidade, onde cada movimento fluía perfeitamente para o próximo, e Caio dominava o campo de batalha como um verdadeiro mestre.

Dante, dentro de si mesmo, sentia seu coração bater freneticamente, com o frenesi da batalha. O calor crescia em seu ser, uma excitação que só aumentava com cada golpe, cada vitória momentânea de Caio. Havia algo fascinante na maneira como Caio estava lutando; ele parecia mais com um berserker — uma fera indomável — do que com um simples humano. Seus olhos brilhavam intensamente, queimando com a fúria e o propósito inabalável de alguém que não tinha mais nada a perder.

Caio ria, mas não era uma risada de diversão comum. Era uma risada carregada de raiva, de libertação, de uma animação sombria. A fúria e a excitação o preenchiam por completo, e ele mergulhava cada vez mais nesse frenesi. Ele estava vivo, em sua forma mais pura, no meio da carnificina, como um predador que sente a pulsação da vida em suas presas e se regozija com isso.

Dante, mesmo sendo a mente observadora, compartilhou daquele sentimento. A batalha, o poder, o controle absoluto — tudo isso o encantava profundamente. E ao ver Caio agir com tal maestria e propósito, algo dentro de Dante se despertava. Ele não via Caio como um simples humano, mas como alguém digno de empunhar o poder de seu corpo, alguém que compartilhasse do mesmo desejo insaciável de luta e vitória.

Naquele momento, o ódio e a fúria de Caio pareciam infinitos, tornando-o não apenas um lutador formidável, mas também um instrumento de destruição pura, uma verdadeira encarnação de vingança. Dante então saboreava cada momento da batalha, entrando em um estado de êxtase puro.

A batalha alcançava um novo nível de intensidade, e Caio, mesmo dominando a cena com sua brutalidade calculada, estava prestes a enfrentar o verdadeiro poder de Nyx. O obsessor, com sua forma esguia e horrenda, movia-se pelas sombras como um predador sombrio, preparando-se para desferir um golpe mortal. Ele aguardava o momento exato, com uma paciência fria e maligna, aproveitando-se da velocidade e de seu domínio sobre a escuridão que os cercava.

Num instante, Caio estava no meio de um salto para lançar sua espada novamente contra Nyx, quando tudo ao seu redor escureceu de forma antinatural. As sombras se condensaram como se tivessem vida própria, enredando o corpo de Dante, paralisando-o por um breve momento. Nyx emergiu de uma dessas sombras, movendo-se como uma serpente, rápida e silenciosa. Com um golpe de suas garras escuras, ele atravessou o flanco de Caio, o poder sombrio de Nyx rasgando a carne demoníaca como se fosse papel.

Caio gritou, não de dor, mas de pura raiva. Sangue escorria de sua ferida, o calor fervente se misturando com a adrenalina que o dominava. Ele sentia sua visão embaçar por um breve instante, mas a mente de Caio estava tão focada que ele não permitia que a dor o distraísse. Mesmo ferido, ele se levantou, a ferocidade em seus olhos vermelhos aumentando a cada segundo. A ferida no flanco queimava, mas ela apenas parecia alimentar a fúria que emanava de seu corpo.

Nyx, por outro lado, também não saíra ileso. Caio havia lançado a espada momentos antes de ser enredado pelas sombras, e o aço cortara profundamente o ombro de Nyx, abrindo uma ferida que brilhava com uma energia escura. O obsessor moveu-se com um tremor de ódio. Sua expressão distorcida esboçava um sorriso maligno, mas havia um brilho de dor em seus olhos. Nyx sabia que aquele humano era perigoso, muito mais do que ele esperava.

Caio se levantou com um sorriso que transbordava uma mistura de desafio e triunfo. Seus dentes afiados brilhavam à luz difusa do ambiente. Ele sabia que estava diante de um inimigo formidável, mas algo dentro dele acendeu como uma faísca de gênio. Aquele demônio que controlava as sombras... Caio poderia virar esse poder contra Nyx. Ele também tinha o controle do corpo de Dante. Ele também podia controlar as sombras.

"Você acha que tem o controle?" Caio murmurou. "Eu vou te mostrar o que significa ser verdadeiramente consumido pela escuridão... Vou te mostrar o tamanho da escuridão que você criou dentro de mim"

Com um movimento ágil, Caio mergulhou nas sombras ao seu redor, imitando Nyx, desaparecendo nas trevas como se seu corpo fosse feito de pura escuridão. Nyx, surpreso com a manobra, tentou reagir, mas Caio já estava dois passos à frente. Ele compreendeu naquele instante o domínio de Nyx sobre as sombras e o adaptou à sua própria vontade. Agora, ele se movia pela escuridão como se fizesse parte dela.

A luta tomou uma nova dimensão. Ambos os combatentes desapareciam e reapareciam das sombras, golpeando-se com violência sobrenatural. Nyx avançava como um vulto, com suas garras afiadas buscando novamente ferir Caio, mas desta vez Caio estava pronto. Emergiu da escuridão com uma velocidade inimaginável e, com um golpe poderoso, acertou Nyx em cheio, arremessando o obsessor de volta contra o chão com uma força devastadora.

Caio não parou por aí. Ele usou o próprio domínio das sombras de Nyx para se mover rapidamente ao redor do inimigo, aparecendo e desaparecendo em diferentes pontos, confundindo o obsessor a cada movimento. Cada aparição era acompanhada de um golpe implacável. O som do aço cortando o ar era seguido por um impacto seco, o choque das garras e da espada de Caio contra Nyx ecoando no ambiente. Era como se Caio fosse uma força invisível, implacável, atacando de todas as direções ao mesmo tempo.

Nyx tentou desesperadamente retomar o controle, mas já era tarde demais. A ferida em seu ombro estava se expandindo, e a energia das sombras que ele tanto dominava estava agora sob o controle de seu oponente. O próprio domínio sobre o qual Nyx confiava era agora sua desvantagem. Cada vez que ele tentava se mover pelas sombras, Caio o antecipava, surgindo de algum ponto oculto e atacando com garras, cauda ou espada. O sorriso nos lábios de Caio era uma constante, uma expressão maníaca de alguém que sabia que sua vitória estava próxima.

A ferocidade de Caio atingia seu ápice. Ele lançava a espada em Nyx, acertando o obsessor no peito e o imobilizando por um instante. Em seguida, como uma verdadeira tempestade, ele correu em alta velocidade. Ele agarrou a espada cravada em Nyx, e, com um rugido cheio de pura fúria, puxou a lâmina para fora com uma força sobre-humana, rasgando o demônio em um golpe profundo que o fez urrar em agonia.

Nyx tentou contra-atacar, mas Caio já estava em movimento novamente, usando a cauda para desferir um golpe poderoso contra as pernas do demônio, derrubando-o. Antes que Nyx pudesse sequer se levantar, Caio estava sobre ele, empurrando a lâmina novamente em seu corpo, girando a espada com um prazer sádico enquanto sentia a resistência do corpo do obsessor ceder.

"Você achou que poderia me vencer... mas a verdade" Caio falou entre respirações pesadas, com o ódio e a satisfação transbordando em sua voz. "É que eu sempre fui mais forte. Eu vou te destruir, da mesma forma que você destruiu minha mãe... mas vou aproveitar cada segundo disso."

Nyx, ferido e sem mais cartas na manga, olhou para Caio com um ódio profundo, mas agora, mesmo ele sentia algo que nunca havia sentido antes: medo. O obsessor sabia que estava à beira de sua destruição total, e o sorriso nos lábios de Caio apenas confirmava que o final estava próximo. O poder que Nyx tanto acreditava controlar estava sendo usado contra ele, e Caio era agora o dono das sombras.

Lágrimas de Sangue (1° Temporada Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora