Me leve para o inferno

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Dante observava o estado de Caio após a batalha ter finalmente terminado. Ele desfez a possessão lentamente e retornou ao seu estado original. Assim que a energia infernal se dissipou, Caio caiu de joelhos no chão. Seu corpo estava coberto de sangue, o sangue de seus inimigos, mas também o seu próprio. Seus olhos, antes ardentes de fúria, agora estavam vazios, sem brilho, como se toda a sua razão de existir tivesse desaparecido junto com a última gota de ódio que o movia.

Caio não disse uma palavra, apenas ficou ali, ajoelhado, com a expressão sem vida, incapaz de sentir qualquer coisa além de um vazio avassalador. Dante, por outro lado, estava radiante. Seu coração batia acelerado dentro do peito, e seu rosto, já naturalmente vermelho, agora estava ainda mais corado de excitação. Ele se aproximou de Caio, seu olhar fixo naquele homem que havia o fascinado tanto. Um humano que, por meio de ódio, o havia feito sentir novamente o prazer de estar vivo.

Com um sorriso satisfeito, Dante abaixou-se até Caio, segurando gentilmente o queixo dele com uma mão, erguendo seu rosto para que seus olhos vazios encontrassem os dele.

D: Valeu a pena? 

Dante perguntou, a voz baixa, quase sussurrada, mas carregada com uma intensidade sinistra. Ele queria saber, queria ouvir de Caio se tudo aquilo, toda aquela brutalidade, tinha algum sentido para ele. Caio olhou para Dante, seus olhos perdidos e sem brilho. Ele parecia pensar por um breve momento, mas a resposta que saiu de seus lábios foi rouca e sem emoção.

C: Não...— murmurou Caio, sua voz quase inaudível. — Eu não estou feliz... só estou vazio. — Ele fez uma pausa, respirando com dificuldade antes de continuar. — Acho que finalmente estou pronto... — Caio disse, a resignação era clara em seu tom. — Pronto para você me levar. Me leve para o Inferno. Acabe logo com isso...

Dante sorriu com malícia, seus olhos brilhando de excitação. Ele estava profundamente satisfeito com Caio. Havia algo quase poético naquela entrega final, naquele homem que ele viu se destruir lentamente, agora pedindo para que ele finalizasse o trabalho. Dante inclinou-se um pouco mais, a voz um pouco mais baixa, como se quisesse guardar aquele momento só para eles dois.

D: Ah, Caio... Isso vai doer... — murmurou Dante, o sorriso ainda mais largo no rosto.

Antes que Caio pudesse responder, Dante o atingiu com um soco brutal no estômago. O impacto foi tão forte que o corpo de Caio se curvou, um som gutural escapando de sua garganta enquanto uma enorme quantidade de sangue jorrava de sua boca. O choque foi imediato, mas Caio não gritou. Ele apenas permitiu que seu corpo reagisse à dor que agora dominava cada fibra de seu ser. Antes que ele pudesse sequer respirar, Dante girou sua cauda com uma precisão brutal e o arremessou violentamente contra uma parede. O impacto foi tão destrutivo que Caio atravessou duas paredes antes de colidir contra a terceira, onde seu corpo finalmente parou, soltando um som oco e grave.

Caio ficou ali, imóvel, seu corpo fraco e destroçado, mas seus olhos permaneciam abertos, vazios, sem vida, mas sem medo. Ele já havia aceitado seu destino. Dante caminhou até ele com uma calma predatória, seus olhos ardentes cintilando no meio da escuridão que os cercava. Quando ele se aproximou, Caio estava ofegante, respirando com dificuldade enquanto sangue ainda escorria de sua boca. Dante se agachou mais uma vez, agora com um sorriso de pura satisfação estampado no rosto.

D: Obrigado, Caio... — disse Dante, sua voz baixa, mas cheia de um prazer perverso. — Você me proporcionou algo que nenhum humano jamais poderia... — Ele se inclinou um pouco mais, sua cauda erguida e pronta. — Por isso, vou fazer isso ser o mais indolor possível...

Caio, mesmo naquela condição, retribuiu o sorriso. Seu rosto estava coberto de sangue, seus olhos cansados, mas havia uma estranha paz na sua expressão.

Lágrimas de Sangue (1° Temporada Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora