6. Soluções

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As fitas brancas enroladas ao redor das articulações do asiático estavam sujas pelo choque constante contra o saco de pancadas, preso no piso do pequeno cômodo que Jimin havia montado para realizar seus exercícios diários — ou nem tão diários assim.

Já era madrugada, mas seu corpo estava desperto pelas preocupações constantes. Há quase um mês que procurava alguém para colocar na equipe e não havia obtido êxito até então.

Duas semanas atrás, desconfiou ter sido seguido por um carro preto de vidro escurecido e aquilo o deixou mais amedrontado do que já estava. Por não conseguir um segurança, estava se esforçando mais nos exercícios físicos para ser capaz de se defender sozinho — era isso que sua cabeça se focava ao acertar cada vez mais o saco de pancadas, com um pé à frente do outro, os joelhos inclinados e os punhos cerrados rente ao rosto sério.

Contudo, suas ações foram interrompidas pelo toque padrão do celular jogado na mesinha de metal do cômodo, ao lado da garrafa térmica de água. Jimin aproveitou para pegá-la e tomar um gole enquanto atendia ao telefone, desconfiado pela ligação ser feita tão tarde da noite.

Quando ouviu o nome do outro lado da linha, o susto foi tamanho que a garrafa metálica caiu de suas mãos e gerou um barulho alto pela queda.

Jimin quis acreditar que Jungkook fosse apenas um acontecimento aleatório de sua vida, alguém que ele tentou trazer para a equipe e não aceitou, e assim tudo ficou por isso mesmo. Não tentou procurá-lo outra vez depois da proposta, sequer foi à cafeteria aonde o coreano trabalhava, pois respeitava sua decisão.

Decerto que o Park havia se chateado pela recusa, mas não era o fim do mundo: ele poderia encontrar alguma pessoa em outro momento. Era o que dizia a si mesmo para tentar acreditar, mas sabia que, no fundo, não era exatamente isso.

Jungkook era o marido de Taehyung. Isso era um fato. E agora estava indo até sua casa, no meio da noite. Era surreal demais para ser possível.

Quando se deu conta do que realmente estava acontecendo, Jimin saiu às pressas do cômodo de exercícios e correu até à própria suite. Livrou-se das roupas molhadas de suor e correu para o chuveiro, ansioso — Jungkook realmente estava vindo e queria estar apresentável.

Em menos de cinco minutos, após um banho veloz e apenas uma ducha de água gelada nos cabelos para se refrescar, Jimin vestiu uma calça preta de tecido fino, uma regata branca e um antigo kimono de flores de cerejeira, no qual a manga ia até abaixo dos cotovelos. Gostava de como o tecido era macio ao extremo, abraçava seu corpo e esvoaçava enquanto caminhava.

Jimin penteou os cabelos com os próprios dedos para não criar um aspecto de bagunça e nem de estar arrumado demais, e então conferiu a imagem no grande espelho de corpo que fazia parte da porta do meio do seu guarda-roupa.

Ao se dar de conta de que estava daquele jeito apenas para receber Jeon Jungkook, começou a rir de si mesmo. Chegava a ser patético, então bagunçou ainda mais os cabelos com as mãos para tentar dizer a ele mesmo de que não estava preocupado com a própria aparência.

Jimin respirou fundo e começou a andar pela casa, à espera. Os cômodos de paredes brancas e beges estavam silenciosos demais, só ouviu um latido bem ao longe de sua residência que deveria ser de algum cachorro de rua.

O Park contornou a mesa de jantar central da sala — a qual nunca usava — e foi para a cozinha. Começou a vasculhar entre os armários prateados de inox em busca de café, faria a bebida para se distrair e poderia oferecê-la à Jungkook quando chegar, mesmo com o relógio próximo das duas da manhã indicando que não era a hora certa para se tomar uma bebida cafeinada.

Jimin preparou o café de forma automática na cafeteira em cima da bancada, e quando o mesmo ficou pronto ouviu um motor de carro próximo à sua casa. Largou rapidamente a jarra e andou rápido até à entrada da casa, com a barra do kimono voando.

Almagesto | TaekookminOnde histórias criam vida. Descubra agora