14. Sabores

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{ Alerta de conteúdo sexual }

[...]

Jonathan estava cada vez mais incomodado.

Não era sociável, e a quantidade de pessoas presentes no prédio do laboratório não o fazia se sentir o mais confortável do mundo.

Hana estava alheia a isso desde que começou a reparar demais em um dos capangas de Suzane: um rapaz alto, que vivia sem camisa expondo as tatuagens de antigas gangues. Não via a hora de Johnny e Mark abaixarem a guarda para trocar alguma ideia com o tal cara bonito — sempre aproveitava as oportunidades e seus colegas ralhavam com ela sobre a chance de terminar com uma gravidez indesejada em algum momento.

Já o coreano estava se dando cada vez melhor com os outros. Acostumaram-se com seu novo nome — ninguém sabia pronunciar Jungkook corretamente, afinal — e ele também passou a se acostumar com os hábitos peculiares do grupo. Aprendeu que deveria andar sempre armado e com a guarda alta. Nunca poderia confiar demais em alguém. Precisava ter olhos nas costas, pois poderia ser apunhalado por trás.

A maturidade tão pouco exigida nos últimos anos estava sendo requisitada agora.

Na primeira vez que precisou realmente usar sua arma, quase se apavorou. Aren e Mark foram seu escudo no momento quando uma troca de tiros estava sendo feita na rua e os homens do bairro vizinho acharam que seria uma boa ideia invadir o laboratório do "japonês". Apesar de ter sido um confronto curto, foi o suficiente para despertar Jungkook sobre a responsabilidade que possuía ali.

Diferente do que pensava no início, Jimin não era uma pessoa tão carismática quando estava no laboratório. Em alguns momentos, trancava-se no escritório e demorava para sair.

E nos últimos dias, isso estava sendo ainda mais frequente.

Havia algo errado pairando ao redor do líder do grupo que todos podiam perceber, mas ninguém arriscava teorizar a respeito. Queriam acreditar ser apenas a previsão de uma ameaça iminente — já fazia algum tempo que não sofriam uma —, mas algo sombrio estava incrustado nos olhos castanhos do rapaz de feições tão controversas.

Sequer Jungkook tinha coragem de perguntar o que estava acontecendo.

Mark desceu as escadas após conversar com Jonathan e encontrou o coreano de braços cruzados, na entrada do laboratório com outros homens. Um pequeno grupo jogava cartas e compartilhava um cigarro no momento de distração.

Jungkook estava concentrado olhando o beco estreito que dava para a rua. O moletom fora abandonado e a blusa de manga curta mostrava o braço fechado de tatuagens. O revólver estava por dentro da calça, na cintura.

Os braços cruzados mostravam a tensão no corpo do asiático. Parecia outro perdido no próprio mundo, igual o loiro.

— Ei, Johnny. — Chamou pelo seu novo nome e Jungkook virou apenas o rosto de lado, a fim de ver o outro segurança. — Tá tudo bem?

— Tá. — Respondeu rápido e voltou a olhar para a frente. Estavam vendendo maconha há alguns metros, a rua do laboratório se tornara um ponto recente.

— Tô vendo que tá, com essa cara. — O homem muitos anos mais velho riu de lado e cruzou os braços como ele. Os cabelos de Mark tinham o seu grisalho mais evidente a cada dia, mas era um homem de poucas rugas no rosto e a aparência ainda jovial. — Quer dar uma volta pra ver como estão as coisas no bairro?

— E os dois? — Perguntou referindo-se a Jonathan e Jimin.

— Foi o Park quem pediu, ele quer tomar os pontos daqui. Jonathan não aguenta mais olhar pra mim. — Riu sem emoção. Jungkook ficou surpreso por saber que Jimin havia conversado com Mark.

Almagesto | TaekookminOnde histórias criam vida. Descubra agora