12. O primeiro dominó

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As apresentações dos anfitriões da noite deram início e um par de mãos estava entrelaçado de forma curiosa, com ambas apoiadas na coxa do Park.

Não queriam verbalizar sobre o que estavam fazendo, e tampouco poderiam. A mente dos dois estava inquieta, os motivos eram apenas diferentes.

Para Jimin, o moreno realmente estava levando a sério que deveria protegê-lo e atuar como um acompanhante fazia parte do trabalho — afinal, não poderia significar outra coisa visto que o mesmo era casado. Não queria pensar que Jungkook estava traindo o marido, apesar de ter sido exatamente aquilo aos seus olhos. Era confuso e perturbador, mas não podia tratar daquilo com ele perto de outras pessoas.

Já para Jungkook, ele estava ultrapassando os limites com o loiro e não sabia até que ponto fingir aquilo era produtivo. Pelo menos, haviam cessado com as provocações dos "colegas" Norte-americanos. Pensou como seria dali em diante e em como olharia para a cara do chefe; pois era esse o posto de Park Jimin, afinal.

Havia beijado o próprio chefe e queria beijar outra vez.

E no meio dessa guerra mental de ambos, as mãos entrelaçadas se apertaram em um debate mudo e cheio de dúvidas. Jungkook olhou para o mais velho e o viu engolir em seco, mas disfarçou o gesto com um pequeno sorriso e uma piscadela leve. A boca se tornou uma linha fina e ele acenou a cabeça, sem cortar o aperto das mãos.

Foi a primeira vez que conversaram sem palavras. Uma intimidade que era rara de se possuir e que Jungkook só tivera com o marido até então.

O primeiro item foi exposto no centro do palco. Era uma escultura de um busto feminino que Jungkook não considerou interessante — e Jimin também não, pois não ofereceu um lance nela. Estava mais interessado nos quadros, gostava de emoldurá-los em casa.

A primeira pintura da noite era uma releitura de Salvador Dalí e Jimin a arrematou por 400 mil dólares. Jungkook ficou surpreso com o preço, e mais ainda após os colegas de mesa dizerem que ele conseguira por um valor "bastante em conta".

Estava realmente em uma realidade distante demais da sua.

O segundo quadro adquirido por Jimin era inspirado no renascentismo e representava alguma cena cristã que Jungkook já vira em algum lugar, mas não identificou de primeira. A peça havia sido adquirida por 650 mil dólares e Jimin parecia satisfeito com o valor.

Começou a se perguntar em quão gorda era a conta bancária do coreano ao seu lado, e em como ele faria o pagamento daquilo tudo em espécie.

— Se você achar alguma coisa interessante, pode dar um lance. — Jimin falou para o moreno e pôs o braço outra vez ao redor da cadeira alheia, como um verdadeiro casal.

— Eu não sou doido de pagar esse valor por essas coisas, e o dinheiro é seu. — Respondeu com seu melhor sorriso de acompanhante, sabia que estavam sendo observados por outras pessoas.

— Como quiser. – Deu de ombros e ergueu a placa para um item que sequer havia prestado atenção no que era, o olhar estava fixado ao de Jungkook que o encarava de volta.

— Mesa 15, 450 mil! Alguém vai cobrir o lance?

— Se eu pegar esse daqui por mais de um milhão, vou te dar outro beijo. — disse decisivo, sem cortar o contato com o outro.

Jungkook só percebeu que estava segurando a respiração quando o peito se apertou pela falta de ar repentina, e ele se forçou a respirar profundamente.

— Mesa 7, 500 mil!

Jimin ergueu a placa dourada outra vez.

— Mesa 15, 550 mil!

Almagesto | TaekookminOnde histórias criam vida. Descubra agora