19. Relacionamentos

2.2K 357 223
                                    

O que os olhos não veem, o coração não sente.

Essa era a frase que vivia ao lado de Jimin e o fazia pensar que estava tudo bem enquanto não pudesse visualizar certas coisas — ou pessoas. Enquanto Taehyung era apenas uma memória, mais fácil era esquecê-lo com o passar do tempo; contudo, ao vê-lo com os próprios olhos, descobriu que o coração ainda sentia, e muito.

Mas não via apenas o homem que amava: estava vendo-o junto de seu marido.

Quando a respiração foi controlada, os enfermeiros praticamente exigiram que Taehyung ficasse sozinho apenas com o acompanhante. De forma curiosa, ao descobrir que ele tinha dois, acabou por liberarem a presença de Jungkook e Jimin na sala e as duas mulheres se retiraram. Hana e Carol decidiram cuidar dos problemas no laboratório por conta própria naquele dia, pois era óbvio que Jimin precisava daquele tempo.

O loiro sequer queria piscar, pois não gostaria de perder qualquer traço de Taehyung. Havia se sentado no outro lado da cama, com Jungkook à direita e ele à esquerda, mas ainda se esforçando para não ocupar demais o espaço do homem para que continuasse confortável.

Jungkook, um pouco mais perto fisicamente de Taehyung, sorriu ao ver o marido retirar a máscara de silicone. Já respirava normalmente, não havia necessidade daquilo.

— O hyung deu um susto na gente. — Sorriu com os olhos enrugados e se abaixou para abraçar o marido pelo pescoço. Jimin continuava a observá-lo, um pouco mais acuado, mas feliz por ter tido a chance de continuar ali.

— Kookie-ah... — Taehyung sussurrou, com o rosto do marido bem próximo ao seu. — Me desculpa por ter te expulsado.

— Eu entendo, tá tudo bem. — Passou os dedos pelo rosto magro demais e beijou sua bochecha. — Eu entendo tudo.

— Eu também. Quer dizer, não tudo, mas eu entendo você... Você. — Disse a última palavra com o rosto virado para o outro coreano. — Jimin...

Esticou sua mão para pegar na dele, que se surpreendeu com o gesto, mas o aceitou. Ainda não sabia como se sentir diante daquela situação, mas em hipótese alguma gostaria de fugir.

— Você cumpriu a promessa. — Sorriu quadrado, com os olhos tão brilhantes que Park pensou que nem as maiores constelações, das quais o professor de matemática gostava tanto de falar, poderiam se equiparar em brilho e beleza com aquele olhar.

— Não quero que você se afasta de mim de novo, Tae... — falou um pouco manhoso, o que surpreendeu Jungkook. Estava começando a conhecer um outro lado de Park Jimin: o de homem apaixonado.

Sem entender muito bem o porquê, sorriu com a cena. Ver o homem que amava olhando com tanta felicidade para o homem que estava começando a amar, esse era um sentimento que ele nunca saberia explicar a outras pessoas.

Mas, para ele, fazia total sentido.

Sorriu ainda mais ao ver a coragem de Park Jimin quando se aproximou do marido e também o abraçou, e recebeu um aperto de Taehyung da forma que pôde, pois seu estado físico era frágil.

Tornou-se espectador do céu, no qual duas estrelas cadentes que traçaram por anos rumos diferentes, haviam se chocado. Qual era a probabilidade desse fenômeno ocorrer? Nem Ptolomeu saberia dizer.

E quando Jimin se afastou e viu que Taehyung queria que ele continuasse ali ao vê-lo segurar a nuca do loiro para manter os rostos próximos, a respiração de Jungkook se acelerou.

— Jimin-ssi... — falou com tanta devoção o nome do ex-melhor amigo, por vê-lo tão próximo outra vez, que se lembrou da época de faculdade. Todas as vezes que o beijou, tocou e olhou em seus olhos tão de perto e constatou um fato há antes adormecido:

Almagesto | TaekookminOnde histórias criam vida. Descubra agora