A terceira coisa mais difícil daquela madrugada foi obrigar Jungkook a se deitar numa maca de hospital e aceitar passar por uma cirurgia rápida de emergência a fim de retirar a bala em sua coxa.
Felizmente, a ferida não havia sido letal, mas precisaria ficar de repouso por um tempo — o que, para ele, era um absurdo.
A segunda coisa mais difícil foi acalmá-lo para se sentar em uma cadeira de rodas hospitalar, visto que sua vontade era de correr dali enquanto quase arrancava os cabelos. Assim que foi liberado da sala, Taehyung correu até ele para abraçá-lo como pôde e a ansiedade se aquietou em parte.
Mas a primeira coisa mais difícil de lidar naquela noite noite era a pior possível: o medo de perder Park Jimin.
O sangue seco na blusa de Taehyung era assustador de se ver e ele estava usando o casaco rasgado de Jungkook para esconder as manchas o máximo possível — não queria que os enfermeiros e pacientes que passavam pelo corredor se assustassem.
Seus colegas da equipe estavam bem, apesar de tudo: alguns com arranhões, outros com roxos nos braços e pernas e, dentre todo mundo, havia a consciência pesada no ar de que alguns homens aliados morreram pelos tiros. Não queriam ter deixado os corpos no parque, mas não havia muito o que fazer: precisavam cuidar de quem estava vivo, e esse alguém era Jimin.
Contudo, ninguém os atualizava sobre algo.
Estavam na sala de espera e ninguém prestava atenção na partida de rúgbi na televisão presa à parede. Taehyung andava de um lado ao outro e Jungkook queria fazer o mesmo para tentar aliviar o estresse, mas estava impossibilitado. Não estava há sequer meia hora na cadeira de rodas e já se encontrava angustiado para se movimentar mais.
Carol surgiu com mais uma remessa de café expresso comprado na máquina. Aren e Michael já estavam bebendo do líquido fumegante e Hana e Josh não estavam mais ali: acharam melhor voltar ao laboratório para descobrir ao menos uma parte das consequências de tudo o que aconteceu naquela noite.
Jonathan e Woods estavam mortos. Essa era a única certeza que possuíam.
— Aqui, Johnny. — Carol entregou o copo plástico de café e Jungkook sorriu fraco em gratidão. Em seguida, ela caminhou até Taehyung e o ofereceu também.
— Não precisava, obrigado.
— A gente tem que aguentar acordado, né? Já são quase duas horas. — falou olhando para o relógio digital de pulso. — Eu vou ligar pra Hana e pedir notícias, ok?
— Tudo bem. — Taehyung assentiu e soprou no copo para esfriar o líquido. — Vou falar com o Kookie.
— Ele precisa. — disse mais baixo para que apenas o homem ouvisse. — É impressionante como ele conseguiu atirar em tanta gente mesmo com uma bala na perna, não é? Acho que a adrenalina foi tanta que ele não conseguiu raciocinar.
— É... — recordou-se daquilo com um pouco de aflição. Nunca conseguiria mensurar a capacidade de Jungkook em reagir diante de uma situação perigosa: era como um click dado em seu cérebro capaz de liberar toda a ferocidade presente nele.
Como um lobo alfa disposto a dar a vida pela alcateia.
— Bom, eu vou lá. — Carol curvou a cabeça levemente antes de se afastar, já com o celular na mão para fazer uma ligação.
O clima frio na sala deixava a situação ainda mais desagradável. Aren praticamente dormia sentado pela exaustão e Michael levantava, olhava para os lados, mexia no celular e depois voltava a se sentar; ambos estavam mais afastados.
Jungkook olhava o copo de café sem emoção, perdido no próprio mundo. Taehyung não tivera tempo de falar com ele desde que saíram do parque, pois era sempre ele o contactado para assinar papéis, informar os dados sobre Jimin e conversar com os enfermeiros. Além disso, tinha conhecimento da dose de calmantes que foi dada ao marido pelo surto de pânico ao chegar lá e saber que Jimin estava na sala de cirurgia.
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Almagesto | Taekookmin
FanfictionDarkfic | Não-monogamia | Slow Burn Jungkook precisa descobrir o real significado de amadurecer, quando seu marido recebe um diagnóstico que dependerá de um tratamento que não são capazes de pagar. Para salvar Taehyung, ele está disposto a se...