10. Tranquilidade à parte

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Jonathan retirou as luvas descartáveis e jogou na lata de lixo metálica ao lado da mesa de granito.

Naquele momento, a iluminação do laboratório se dava pelos lustres de metal pendurados no teto que desciam até ficar metros acima da cabeça do californiano. Jonathan aproveitou a luz forte de um deles para abrir outra vez a plaqueta contendo Almagesto na forma líquida, ainda admirado com a própria criação.

Não se importou com os passos audíveis pelo piso fosco enquanto observava o elemento químico de poucas descrições, mas fascinante demais para deixar de olhá-lo. Jonathan apoiou os cotovelos na mesa e inclinou a cabeça, com o rosto protegido por uma máscara descartável.

— Isso é tão daora. — Carol cortou o silêncio e se sentou na banqueta metálica ao lado do cientista. — É tóxico?

— Dependendo da quantidade, é.

— E como que você faz pras pessoas não morrerem cheirando isso?

— A gente vende em forma de composto sólido, assim ele se dilui e a concentração baixa só serve pra entrar mais rápido na corrente sanguínea.

— Você fala tão bonito que me dá vontade de terminar a escola. — Carol riu e passou a mexer nos cabelos, tentou fazer um coque mas os cachos encaracolados demais eram difíceis de conter, até que desistiu e voltou a se apoiar na mesa. — O que achou do coreano novo?

— Jungkook? — falou a pronúncia correta, um pouco acostumado com a língua.

— Esse aí. O garoto parece um coelho assustado, você não acha? Acho que o Jimin queria ele na equipe mais pra não se sentir um gay solitário.

— Eu sempre acho que você tá sendo babaca falando essas coisas, aí eu lembro que você é lésbica. — Riu abafado por conta da máscara e Carol fez o mesmo.

— Faz parte da vida um viado zoar o outro! Mas me conta o que você achou dele.

— Promete não contar pra ninguém? — Jonathan olhou para a colega pela primeira vez desde que entrara no laboratório e a mulher assentiu, mas a diversão presente em sua voz anteriormente deu olhar a um semblante preocupado ao ver o loiro abaixar a máscara e ver como seu rosto estava sério, de expressões endurecidas.

O clima ficou estranho de repente.

Sem dizer nada, Jonathan retirou o celular do bolso de dentro do jaleco que usava vez ou outra. Com ambos em silêncio, ele arrastou o polegar diversas vezes pela tela do celular ultrafino até abrir uma galeria de fotos.

— Você sabe que Jimin não tem a melhor visão do mundo.

— Sei, ele é meio cego. — Carol deu de ombros.

— Mais no sentido metafórico do que literal. — A escolha de palavras fez a mulher franzir as sobrancelhas por fazer.

— Como assim?

Ao invés de responder, Jonathan ergueu o celular para Carol e revelou a foto de dois coreanos. Ambos de cabelos escuros, sorridentes e de mãos dadas em uma selfie.

— Então esse que é o marido do garoto? Bonitão.

— É o filho do Sr. TaeHo. — A resposta de Jonathan foi o suficiente para a mulher já branca se empalidecer ainda mais.

Carol não conhecera pessoalmente TaeHo Smith, mas sabia de sua fama. Era o maior fornecedor do país até a morte misteriosa do mesmo e a passagem de controle para Jimin Park. Lembrou-se do tiroteio no seu antigo bairro que fora feito em homenagem a ele quando foi comunicado o falecimento.

E agora estava vendo o filho dele ali, de mãos dadas ao novo segurança de Jimin.

— Como que... Caralho, como?! — Carol elevou um tom de voz ao se dar conta do que isso representava. — Como a porra do Jimin não percebeu isso?

Almagesto | TaekookminOnde histórias criam vida. Descubra agora