Fuck training

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Point of View Adora Grayskull

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Três dias.

Catra não apareceu na escola e quando fui buscá-la pela manhã durante todos eles, sua mãe disse que ela estava ocupada no escritório.

Ela demorou para responder minhas mensagens e quase não durava muito tempo conversando comigo porque acabava caindo no sono.

Certamente essa merda está deixando ela exausta e mal começou. Pelo que a Sra. Laurent falou, seu pai tem insistido para que ela aprenda tudo com a maior rapidez possível, assim não será necessário uma perca de tempo maior na França para o repasse de informações

Ou seja, estão sobrecarregando uma adolescente no fim do ensino médio para que ela seja enfiada em uma liderança importante, nem estamos contando o inferno que será a faculdade e isso de jeito nenhum entra em minha cabeça, Catra não precisa fazer isso, eu preciso que ela saiba que a aprovação que ela provavelmente está buscando não deveria ser conquistada dessa maneira.

Para falar a verdade, ela nem precisa da porra de uma aprovação, ela é incrível e eu não sei porque diabos os pais dela parecem ser tão compreensivos e ao mesmo tempo tão irresponsáveis com ela.

— Uou, devagar. Onde você pensa que está indo, capitã? - Luz brincou, me puxando pelo ombro me impedindo de alcançar a saída

— Estou indo ver a Catra. Korra pode cuidar do treino hoje.

— Ficou maluca? É o último jogo da temporada, você não pode simplesmente sair-

— Diga a treinadora que eu não estou me sentindo bem ou qualquer merda, eu preciso ver a minha namorada e de jeito nenhum vou ficar para esse treino.

— Você pode acabar perdendo sua posição, Adora. Não faça isso…

— Bem, às vezes tudo é um jogo perdido, não é? - Bati duas vezes contra seu ombro e apertei as alças da mochila em minhas mãos — Até mais

Sem esperar por sua resposta, passei pela porta de saída e comecei minha caminhada. Certamente se eu demorasse um pouco mais a diretora poderia ler minha mente e me impedir de sair, eu tenho medo dela.

De qualquer forma, está praticamente na hora do almoço. Não é possível que tenham feito Catra se enfurnar no escritório com seus afazeres até essa hora, por Deus.

Minutos depois quando cheguei a casa da minha namorada, toquei a campainha, esperando que ela abrisse a porta. A responsável pela ação foi a Sra. Razz, ela usava um avental um pouco marcado com molho e seus óculos estavam na ponta do nariz, ela os alinhou quando me viu

— Adora, que bom ver você - A senhora sorriu e me deu espaço para entrar

— É bom ver você Sra. Razz. Como está?

— Bem, bem, você sabe. Chegou quase na hora do almoço, você vai se juntar a nós?

— Na verdade eu apenas vim falar com a Catra, ela está ocupada ou…

— Oh, ela deve estar no escritório. Seus pais viajaram há algumas horas atrás, passaram a noite ensinando coisas para ela antes deste imprevisto emergencial na França.

— Eles foram embora novamente?

— Sim, sim - A mulher respondeu sem muita importância — É sempre assim, sabe? Eles nunca passam uma semana inteira e é sempre pelos negócios. Provavelmente não voltaram até o ano que vem e Catra terá que embarcar sozinha para a França.

Acho que a Catra não é a única negligenciada aqui.

— Bem, Catra vai gostar de ver você. Eu iria chamá-la apenas quando o almoço estivesse pronto, mas você pode ir até lá.

— Obrigada, Sra. Razz. Com licença - A avó de Catra acenou com a cabeça, me dando as costas para voltar ao seus afazeres na cozinha.

Segui pelo corredor e encontrei uma sala entreaberta, um cheiro de lavanda invadiu meus sentidos e eu observei a sala rodeada de livros e alguns computadores. Catra estava literalmente deitada sobre o teclado de um notebook no canto da sala.

Ao seu lado, havia uma xícara com o café endurecido que restou no fundo.

Me agachei ao seu lado, dando leves toques em seu braço

— Amor - Murmurei acariciando sua bochecha, lentamente seus olhos se abriram com dificuldade, mas se arregalaram quando se fixaram nos meus — Ei, você está bem?

Sorri largamente para ela antes de irmos ao chão quando a morena se lançou sobre mim

— Adora, você está aqui - Ela agarrou minha jaqueta como se sua vida dependesse disso, rapidamente passei meus braços em volta de sua cintura, abraçando-a com força

Fiz um esforço para me sentar sem afastá-la de meu aperto, mas quando eu fiz isso apenas para olhar seu rosto, pude ver marcas profundas e escuras abaixo de seus olhos

— Catra - Eu segurei seu rosto cuidadosamente, mesmo que ainda estivesse preocupada com a visão que eu estava tendo — Há quanto tempo você está aqui?

— Hum, desde às… - ela pareceu pensar um pouco e seus olhos vacilaram, quase se fechando — Talvez desde às uma da manhã.

— Tem feito isso durante os últimos três dias? - Eu fiz uma careta quando ela assentiu em concordância, visivelmente grogue. — Tudo bem, é isso. Vou te levar pra cama

— Não. Baby, não agora. Eu preciso terminar-

— Laurent, você não vai terminar nada. Estou levando você para descansar agora e não tem conversa, seus pais terão que falar comigo se acharem isso ruim.

Segurei a morena em meu colo no estilo noiva e deixei o escritório. Razz provavelmente continuou ocupada com o almoço, então aproveitei para levar Catra escada acima até seu quarto. O local estava um pouco desarrumado, havia alguns papéis espalhados por todo chão e seu pijama estava jogado em um canto qualquer.

Deixei a francesa se acomodar na cama e deitei ao lado dela, rapidamente a puxando para mim. Ela segurou novamente em minha jaqueta, descansando sua cabeça na curva do meu pescoço preguiçosamente.

— Eu não posso dormir por tanto tempo.

— Isso é indiscutível, você vai dormir o tempo que for necessário para recompor as noites que passou acordada. Não estou negociando sua saúde, Laurent.

— Você poderia não sair daqui? Por favor? - Ela respirou fundo depois de perceber que discutir comigo seria completamente inútil

— Eu não vou a lugar nenhum, vou cuidar de você. Agora por favor, descanse. Vai se sentir melhor quando acordar.

Catra tentou puxar assunto comigo para se manter acordada, depois de muita insistência e alguns beijos, minha namorada finalmente se rendeu a um sono profundo.

Quando tive certeza absoluta de que ela não iria acordar, saí do quarto cautelosamente e voltei para o escritório, verificando o arquivo em seu computador. Em uma papelada ao lado do aparelho dizia “Envio até a quinta feira”. Haviam tantas informações que eu tive certeza de que era quase impossível humanamente falando terminar aquilo em quatro dias.

Catra já havia realizado uma grande parte do trabalho, considerando a forma nada saudável que ela estava fazendo isso. Decidi terminar as vinte e duas páginas restantes na papelada, isso me tomaria um longo tempo como quatro ou seis horas já que são informações minuciosas, mas de jeito nenhum eu deixaria Catra voltar para frente desta maldita tela.

Estralei meus dedos e me acomodei na cadeira giratória, iniciando a digitação da papelada para o arquivo no notebook.

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