Are you real

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Point of View Adora Grayskull

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A primeira noite em casa com os hematomas me lembraram de todas as vezes que acabei sendo acertada por Huntara antes de Amsterdã.

Catra esteve acordada praticamente durante toda madrugada me verificando e se certificando de que eu estava no mínimo confortável.

Bem, eu não estava, e isso não era culpa dela.

A ideia de que ela havia ficado em Berkeley por mim me deixou feliz, mais do que eu pensei que poderia me sentir. Pensar que ela enfrentou seus pais e jogou todo seu futuro brilhante em Paris pela janela me fez sentir um pouco culpada - talvez pela discórdia montada entre eles - mas ela parece estar certa sobre sua decisão e sobre mim.

À medida que a noite se passou nós não conversamos, pelo menos não o suficiente sobre tudo o que aconteceu. Mas Catra estava certa sobre uma única coisa e pelo visto nem ela e muito menos Hope iriam deixar passar.

Huntara estava encrencada.

Eu desci as escadas sozinha pela manhã, mesmo com um pouco de dificuldade devido aos hematomas os analgésicos estão fazendo um bom trabalho, mas sei que eventualmente eles vão perder sua ação e eu terei que repetir as dosagens, o que particularmente é uma merda.

Eu odeio medicamentos.

─ Achei que nós já tínhamos conversado sobre as escadas, Grayskull - A voz da minha namorada surgiu atrás do balcão da cozinha.

Um avental estava amarrado em sua cintura, cobrindo seu torso. O fogão estava aceso também, provavelmente Mara deve ter saído para não estar fazendo aquela sopa de legumes horrível para me alimentar.

─ Sinto muito - Murmurei, gemendo de dor na tentativa de me sentar sobre o banco vermelho em frente ao balcão de mármore escuro. Minhas costas estão me matando ─ Eu não espero que você suba aqueles degraus novamente para levar uma bandeja de comida quando eu posso simplesmente levantar e vir até aqui, Laurent

A morena deu a volta no balcão segurando uma pequena espátula em uma de suas mãos. A sua mão livre segurou minhas bochechas contra a ponta de seus dedos. Seus olhos verificaram todo meu rosto até descerem para meus lábios antes de selá-los com os seus.

─ Você é muito teimosa, o que eu faço com você? - Catra sorriu quando se afastou, seu olhar suave fez meu coração bater mais rápido

─ Nós poderíamos sair um pouco, ir até o lago - Dei de ombros ─ Talvez… Comer alguma coisa

─ Não está me chamando pra sair enquanto está machucada, está? - Lancei um olhar sugestivo para ela ─ Adora-

─ Vamos, não há nada de errado. Sabe, o médico pode ter mencionado que eu preciso de ar puro para… melhorar mais rápido - Gesticulei para parecer um pouco mais convincente

─ Mesmo? Quando ele disse isso? - Eu cocei a nuca antes de pensar em algo

Catra voltou para o fogão para fazer os omeletes que ela estava preparando, bem, é o que pareciam pelo menos.

─ Estávamos ocupadas, ele deve ter falado tão baixo que você nem ouviu. Sabe, eu acho até que ele disse algo como: “Vai fazer muito bem para sua namorada respirar ar puro enquanto se recupera”.

─ Você mente tão mal - A francesa riu alto, virando a grande rodela de ovos mexidos na panela antiaderente ─ Tente novamente

─ Eu não aguento mais olhar para o teto do meu quarto e você é ridiculamente cuidadosa, por favor, vamos sair - Choraminguei, deitando minha cabeça cuidadosamente sobre o balcão ─ É um absurdo que você concorde com esse cárcere

Loving You is a Losing Game Onde histórias criam vida. Descubra agora