Mismatches.

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Maraisa Henrique point of view.

Não dormi nada naquela noite, passei acordada lembrando de todas as frases, do comportamento desconhecido da Marília. Levantei aproximadamente 05h da manhã, decidi ir para a casa da minha irmã ficar com a minha mãe já que ela estava de plantão.

Assim que entrei em seu condomínio, avistei o carro do meu cunhado e assustei ao ver uma mulher sair de dentro dele. Ela era alta, aproximadamente 1.70 e seus cabelos eram cacheados e volumosos. Alcancei meu celular e tirei uma foto que pegou visivelmente o seu rosto. Os dois subiram para o apartamento e perdi-os de vista.

Dei a ré e sai, seguindo em direção a uma cafeteria um tanto conhecida daquele bairro. Pedi um café expresso sem açúcar e decidi esquecer do que presenciei na ausência da minha irmã. Obviamente não esconderia, mas cogitaria falar de outra maneira.

Assustei ao sentir uma mão pousar em meu ombro, olhei para cima e era Lauana. Sorri, abraçada com a morena. Convidei ela para sentar e conversamos bastante sobre algumas coisas.

— Eu nunca tinha te visto pela cidade e principalmente no hospital. É nova?

— Uhum. - falei ainda com a xícara aos lábios. — Mas confesso que sempre quis morar aqui, é tudo tão… perfeito.

— Você achou? Nasci aqui mas já morei em Londres. - Lauana comentou, bebendo um pouco da sua bebida. — Me diz, como é a área da pediatria? Eu adoro crianças!

A morena pareceu curiosa e, assim que comecei a explicar como era apaixonante, seus olhos brilharam como vagalumes ao longo da noite. Amo quando as pessoas prestam atenção no que estou falando, me sinto vista e isso é bastante incomum hoje em dia. 

Pagamos a conta e saímos juntas da cafeteria e seguimos adiante a casa da minha irmã para Lauana examiná-la e prescrever sua nova refeição.

Minha mãe estava bem, já conseguia se mover sem a nossa ajuda e o seu sorriso continuava lindo. Depositei um beijo em sua bochecha e apresentei sua nova nutricionista, de início ela relutou, argumentando que não queria que gastássemos com ela e que ela estava bem. Fingi não ouvir e passei um café para Lauana que conversava com a minha mãe sobre a importância das frutas. Sorri, admirada com o profissionalismo e o cuidado. Ela era bastante receptiva e acolhedora.

Almira concedeu com a cabeça e agradeceu a médica, e por estar livre acabei por preparar seu café da manhã que fora guiado por Lauana.

— Isso, lembre-se de sempre por um pouquinho de sal na tapioca para deixá-la mais gostosa. Queijo é essencial, com ovo também fica uma delícia! - A morena falou atrás de mim, com o seu corpo quase colado ao meu, olhando os meus preparativos com a tapioca. Olhei por cima do ombro e sorri. — Parabéns, sua tapioca é linda!

— Tenho meus dotes.

— Notável.

— Quer provar?

— Adoraria!

Comemos juntas, na mesa. Lauana me fez rir incontáveis vezes, sua carisma era palpável e eu adorava a maneira como ela revertia algumas situações. Limpei o canto da sua boca que estava suja com resquícios da tapioca e sorri. Realmente havíamos nos dado bem.

À noite  — Uma semana depois.

Marília Mendonça point of view.

Lutei contra os meus rivais a noite inteira, eles não me deixavam dormir e isso me causou uma dor de cabeça. Preparei um café meio amargo e tomei, sentada sobre o sofá e com as pernas cruzadas. Não falava com a Marisa desde do ocorrido e meu peito ardia de saudades. Queria saber como ela estava e se a mãe dela havia melhorado. Queria beijar sua boca e falar o quanto a sua ausência me maltratava, mas não podia. Não deveria.

Rubble of this loveOnde histórias criam vida. Descubra agora