Turbulence.

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Maraisa Henrique point of view.

O dia amanheceu nublado, não havia sol e sequer uma brisa quente. Estava frio. Ácido. Estranho.

Dirigia sob volante, olhando as ruas movimentadas. O trânsito estava um inferno. Olhei para o meu relógio de pulso e estava atrasada. Bati contra o volante, buzinando, tentando fazer com que o engarrafamento cessasse.

Estava distraída, longe. Meus pensamentos retornavam ao dia anterior. Teria adorado dormir nos braços da minha mulher, mas não podia. Minha irmã pediu para que eu dormisse com ela e assim fiz.

Olhei para o retrovisor interno e limpei o borrado, senti meu coração acelerar ao ouvir a notificação. Meu celular não estava silencioso, portanto me assustei. Alcancei ele e tentei assimilar quem teria me enviado aquela mensagem.

"Fique atenta. Marília não é quem você pensa ser. Te observo, de longe."

Assim que li, virei meu rosto e encarei o parabrisa, havia um homem totalmente de preto encarando o meu carro. Notei que estava parada, pisei no acelerador e dirigi rápido, apesar do medo que me consumia. Não demorou muito para que chegasse ao hospital.

Subi as escadas e todos me olhavam pela minha pressa. Cumprimentei minha secretária e adentrei a minha sala.

Estava com a mensagem na cabeça, quem poderia ser? Com certeza é alguma trollagem ou algum ex querendo nos separar.

Preparei um café, queria esquecer o que li. Acabei por deixar de lado assim que vi Marília parada me olhando com a carinha mais boba possível. Nosso beijo foi um tanto demorado. Estava com saudades.

— Saudades de você, princesa! - Meus braços estavam ao redor do seu pescoço, beijando diversas vezes seus lábios. — Como você está?

— Dor de cabeça, amor. Xavier desceu o discurso sobre as minhas costas. - Ela falou, sentando-se sobre o estofado. Entreguei a xícara com o café para ela e sentei ao seu lado, deitando minha cabeça em seu ombro. — Às vezes tenho vontade de desistir, sabia? É tão cansativo.

— Ei - segurei em seu rosto — Nada disso. Você faz uma diferença brusca na vida das pessoas.

Ela sorriu, e eu a beijei. Coloquei sua franja atrás da orelha e beijei sua bochecha. Admirada com os seus olhos brilhantes, beijei seus lábios novamente e reafirmei a mim mesma o quanto a amava.

— Com você ao meu lado tudo fica perfeito.

— Lembre-se: é um ótimo dia para salvar vidas. - Deitei por cima do seu corpo, sentindo as batidas do seu coração.

Marília Mendonça point of view.

Tinha concluído uma cirurgia bastante cansativa, que durou aproximadamente 10h. Estava com fome, cansada e estressada. Minhas orelhas eram visíveis, o casaco estava explícito no meu rosto. A única pessoa que me acalmaria seria os braços da minha mulher.

Xavier gritava dentro da sala, falando o quão imprudente estava alguns comportamentos e sobre a violação das regras que havia acontecido. A minha vontade era de gritar e mandá-lo calar a boca, mas a única coisa que fiz foi baixar o olhar e anotar qualquer merda no meu caderno.

— Marília, você pode prestar atenção ou vai ser irresponsável novamente? - Senti meu sangue ferver assim que a última letra fora proclamada de sua boca, meu olhar disparou contra o dele e eu tenho a certeza que ele sentiu o meu ódio.

— Como?

— Você falta, não envia um e-mail justificando a sua ausência. Essa reunião é de extrema importância, não há como não focar no que está sendo dito aqui. Não aceito a sua irresponsabilidade. Não estou concordando com algumas atitudes suas.

Rubble of this loveOnde histórias criam vida. Descubra agora