In the name of love.

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A escrita sempre foi o meu forte. O meu alicerce. Escrevo para amenizar o que cresce constantemente dentro de mim. Não sabia a quanto tempo estava dentro desse quarto, mas sei que tempo suficiente para concluir tudo aquilo que diria a Maraisa através de cartas.

Levantei da cadeira e suspirei fundo, meu peito doía e eu sentia uma pressão fora do comum. Uma pontada ocorreu tão profunda no meu peito que eu me escorei na primeira parede que vi e tentei respirar. Minha boca estava aberta e os suores do meu corpo escorriam pelo meu rosto. Minha mão estava sobre o meu peito esquerdo, tentava realizar uma massagem para amenizar a pressão horrenda que estava acontecendo naquele momento. Duas contáveis lágrimas escorreram do meu olho direito.

Caminhei lentamente pela sala até encontrar a minha mãe que lia sua Bíblia, encostei minha mão em seu ombro e ela olhou por cima.

— Mãe, eu… eu tô passando mal, acho que a minha pressão caiu. - Meu corpo estava mole, ela me guiou até o sofá. — Mãe…

— Filha, calma! Respira, por favor!

As lágrimas escorriam pelos meus olhos mas eu não conseguia compreender o por quê. Só vinha o nome da Maraisa na minha cabeça.

— Mãe, a Maraisa, mãe… - Estava engasgada pelo choro incessável.

— Marília, calma! Se você não se acalmar, eu não vou conseguir te ajudar!

— Mãe, por favor, tem algo acontecendo com a Maraisa… Ela não está bem, mãe! - disse em soluços. — Liga pra ela mãe, por favor!

Maraisa Henrique point of view.

Somente chorava, sem parar. Não conseguia respirar e a minha visão estava turva. Tentava negar para mim mesma que a Marília não seria capaz de cometer tamanha atrocidade comigo. Murilo a todo momento acariciava o meu ombro e pedia para que eu ficasse calma, mas as frases que li rodeavam o meu cérebro.

Olhei para ele e apertei meus dedos no fino lençol da mesa, já não conseguia mais saber o que estava acontecendo, somente buscava por ar e cada vez mais sentia meu estômago embrulhar.

— A Marília nunca me largou, Maraisa. Eu sinto muito, eu tentei falar pra ela para não te machucar assim…

— Para, por favor! Cala a boca! - Coloquei minha mão sobre a sua boca. — Cala a boca, isso não é verdade!

— Ela transava com você e me falava depois que não passava de uma farsa. Eu sinto muito, ela não te merece!

— Isso não é verdade… Não, não pode ser!

Murilo abriu uma pasta com alguns arquivos e anexou um áudio. Meus olhos estavam encharcados, meus dedos apertavam-os com força, na mais pura necessidade que aquilo não passasse de um pesadelo. No áudio, Marília gemia incontroladamente.

Soluçava alto, com certeza algumas pessoas estavam prestando atenção na nossa mesa. Ergui meu olhar para ele e como uma súplica, pedi para que ele não me mostrasse mais nada.

Quando levantei para tentar sair daquele lugar, ele segurou em meu dorso e me pediu desculpas, mas não entendi o seu pedido de desculpas. Ele não possuía culpa. A única que deveria ter fidelidade a mim era ela.

Só pude sentir o disparo contra o meu corpo, as memórias ressurgiram como um rápido temporal. Aos poucos senti o meu corpo desfalecer sobre o piso gélido, e a multidão se achegando perto do meu corpo. Minha visão ficava turva a cada fração de segundo que se passava.

Antes que fechasse os meus olhos por completo, tentei pronunciar o nome da única pessoa que possuía o meu coração e que mesmo assim decidiu quebrá-lo.

Rubble of this loveOnde histórias criam vida. Descubra agora