Listen to me.

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Não era possível. Buscava na minha mente onde e quando deixei pistas sobre a Maraisa. Minhas amigas sabiam do meu envolvimento com ela, mas tenho total certeza que nenhuma jamais ousaria contar para o infeliz do Murilo.

A voz dele ecoava na minha mente como um disco arranhado. Queria entender e questionar, mas sei que isso entregaria tudo. Engoli a seco repetidas vezes, ele sorria como se estivesse formulando algo em sua mente. Eu sabia muito bem decifrar os seus risos.

— Você achou que esconderia de mim até quando? - Ele apertou mais os seus dedos em volta do meu braço. — Responde, sua vagabunda!

— Eu não tenho nada para esconder. Trai você sim, e ainda com uma mulher. Quê que foi? Não tolera ser traído por outra? - Dei ênfase no outra, queria que ele sentisse o desprazer que é ouvir que sua mulher sentia tesão por outra e não por seu pau minúsculo. — Não tenho culpa se ela fode melhor que você.

Murilo travou sua mandíbula e cerrou o punho, meu rosto ainda estava esguio e dos meus olhos saíam faíscas que atingiam diretamente o seu ego. Não queria mais me submeter a esse falso amor, e se tivesse que encarar a morte frente a frente comigo, faria.

— Você perdeu a noção do perigo, Marília Mendonça? - Suas mãos firmes apertaram meu rosto com tanta força que os meus olhos encheram de lágrimas. — Você realmente perdeu a porra da noção, Mendonça? - Murilo gritou contra o meu rosto, ele estava vermelho e nervoso. — Você é uma puta! - Só consegui sentir a ardência do seu tapa quando o meu rosto virou bruscamente para o lado. Fechei os olhos, controlando as lágrimas que insistiam em descer. — Eu vou te mostrar com quem você mexeu.

— Vai fazer o quê, hum? Me matar? - Perguntei com a mão sobre o rosto. — Vamos lá, Murilo. Honre-se. Eu estou farta de você. Estou farta de olhar para você e fingir sentir amor, quando na verdade sinto desprezo. Por tudo que você me fez, Murilo. Por todas as vezes em que você feriu a minha existência e negligenciou o amor que eu sentia por você. Eu não te conheço mais, na verdade nem quero mais conhecer. - Me virei para pegar a minha bolsa e coloquei ela sobre o ombro. — Vá em frente, estrague a minha vida como você sempre teve o prazer de estragar. Me machuque fisicamente. Mas eu te juro, se você ousar tocar um fio de cabelo da Maraisa - Gesticulei tocando no meu próprio cabelo. — Eu mesma mato você!

Ele ficou quieto, virou a dose tão rápido que suas veias apareceram em seu rosto e garganta. Meu olhar continuou intacto, mas por dentro a minha alma estava destroçada. Pensava na minha mãe, na Maraisa. Em tudo, menos em mim. Eu pouco me importaria se ele me machucasse, usasse o meu corpo ou violasse a minha alma, mas não suportaria se ele ferisse os meus dois amores.

O seu silêncio era sinônimo de vingança, eu sabia. Não sei do que ele é capaz, se é ser humano e se há amor em seu coração. Mas eu o conheço. Ele não suporta deslealdade, apesar de que durante todo esse tempo o pilar do nosso relacionamento foi deslealdade.

Maiara Henrique point of view.

Pela manhã, assim que saí da casa da minha irmã, vim até a casa da Larissa para desacelerar os pensamentos. Conversamos sobre o ocorrido e ela ficou tão estranha. Não sei se é paranóia ou medo de tudo que ultimamente vem acontecendo.

Ainda estava na casa da Larissa, ela não me permitiu sair apesar da sua confusão gigantesca que estava explícita em seus olhos.

Eu me sentia perdida em meio a maré, não tinha forças suficientes para remar e tampouco salva vidas para me manter respirando. Estava uma loucura minha vida, tudo foi por água abaixo, mas eu também não saí ilesa dessa situação. 

Trai o Gustavo diversas vezes com a Larissa, e me sinto suja; não por amá-la, mas por quebrar um dos princípios que carrego comigo: lealdade.

Me crucifiquem quem nunca amou duas pessoas ao mesmo tempo. Quem nunca desejou. Quem nunca sentiu o seu peito florescer ao ouvir um nome mesmo sabendo que você está comprometida.

Rubble of this loveOnde histórias criam vida. Descubra agora