Sweet end.

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Maiara Henrique point of view.

Não conseguia raciocinar, há uma hora eu estava com a minha mulher e agora estou aqui, transtornada e querendo saber sobre o paradeiro da minha irmã. O fôlego não existia mais em meus pulmões, tampouco o raciocínio. Só voltei a realidade quando as minhas mãos arranhavam o braço da minha cunhada.

Boa parcela de culpa era dela, por permitir que a minha irmã prosseguisse nessa história. Avisei, inúmeras vezes, para que ela rompesse antes de se envolver com a minha metade. Marília nada falava, apenas me olhava e isso me doía. Seus olhos estavam baixos, avermelhados e desesperançados. Ao mesmo tempo que sentia compaixão, sentia raiva. Não conseguia formular a ideia da minha irmã morta, não conseguia.

Minha ficha estava caindo, as lágrimas escorriam dos meus olhos como uma cascata. Meu peito estava sendo rasgado. Virei de relance para trás e gritei, caindo de joelhos sobre aquele maldito chão frio do hospital. Luiza tentava me acalmar, e Larissa correu para me socorrer. Os enfermeiros buscavam nos acalmar.

Olhei para a enfermeira e supliquei por notícias da minha irmã, roguei para que tivessem piedade e me dessem alguma informação útil naquele momento.

Me tremia inteira, sentia vontade de vomitar, meu estômago embrulhava e o meu corpo parecia querer desfalecer. A sensação de morte rodeava o meu corpo. Eu sentia tudo que Maraisa provavelmente sentiu.

"Sua irmã foi baleada e seu estado é grave", a frase remete à minha cabeça como um disco arranhado. Não avisei para a nossa mãe, tampouco para outros familiares. Provavelmente Ruth não sabia do ocorrido, não tinha saído no noticiário ainda.

Me apoiei na pia, buscando apoio, colocando todo aquele sentimento de angústia para fora através de vômitos. Meus olhos doíam, tal como o meu coração que estava partido.

— Por favor, amor… Se acalme! Tudo vai ficar bem, você vai ver! - Larissa falou e eu a olhei, como uma órfã sem amor.

— É a minha irmã… É a minha irmã, porra! - Gritei, fazendo ela se assustar, mas ela compreendia totalmente e somente me abraçava. — Eu não vou conseguir! Eu não vou conseguir viver sem a Maraisa, eu não vou!

Meu sangue fervia, sentia vontade de pegar a porra de uma arma e estourar a cabeça daquele verme e depois sumir com ela, para que ninguém a tocasse. Maraisa sempre foi um doce anjo, nunca fez mal a ninguém mas infelizmente foi boba o suficiente.

Talvez a culpa seja minha. Eu sabia do Murilo e da Marília.

A culpa era minha, totalmente.

Se eu tivesse avisado a ela que ela estava em um triângulo amoroso, provavelmente agora ela estaria bem e rindo conosco.

Eu me odeio.

Marília, eu te odeio.

Puta que pariu, eu quero me jogar da primeira sacada que encontrar.

Levantei de onde estava e segui até a recepção, mostrei o meu crachá e antes que me autorizassem, Doutor João apareceu. Seus olhos estavam carregados, já não sentia mais o chão de tão aérea que estava.

— Dra Maiara! - Ele me cumprimentou e eu nada falei. — Os demais, boa noite também!

Larissa estava com as mãos em torno da minha cintura, me apertando para que eu soubesse que ela estava ali.

— Trago notícias.

Marília não estava acordada, acabaram por dopar ela novamente. Luiza mantinha sua amiga em seu colo.

— Maraisa passou por uma cirurgia para retirar a bala do seu corpo e…

Não deixei ele completar.

Rubble of this loveOnde histórias criam vida. Descubra agora