Capítulo 4

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ALFONSO

Porra.

— Não entendi. O que está havendo? — A voz de Anahí estava cheia de pânico.

E eu não podia culpá-la. Todo mundo sabe que cobras, tigres e tubarões são perigosos. Mas o golfinho? Parece tão doce e amável, e seus sons tocam uma harmonia quando você faz carinho na cabeça deles. Mas se, sem querer, machucar um, ele vai atacar. É verdade. Meu hobby, além de foder e trabalhar, é assistir ao canal National Geographic.

Kierra Albright é um golfinho. Ela tinha acabado de recomendar trinta dias na cadeia para o juiz, apesar da multa que ela nos disse que ofereceria há menos de meia hora.

— Me dê um minuto. Sente-se com todo mundo que eu já vou. Preciso falar com a assistente. Em particular.

Anahí assentiu, embora parecesse estar à beira das lágrimas, tomei um tempo para deixá-la se recompor. Então, abri o portão que separava os espectadores dos jogadores na corte e a levei para uma fileira vazia no fundo. Quando comecei a me afastar, vi uma lágrima rolar por sua face, e isso me paralisou.

Sem pensar, ergui o queixo dela para que nossos olhos se encontrassem.

— Confie em mim. Você vai para casa esta noite. Ok? Apenas confie em mim.

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Minha voz assustou Kierra no banheiro feminino em frente à corte.

— O que foi aquilo? — Tranquei a porta quando ela se virou para me encarar.

— Você não pode entrar aqui.

— Se alguém perguntar, estou me identificando com meu lado feminino hoje.

— Você é um babaca.

— Eu sou um babaca? O que foi aquela baboseira de "Prazer em vê-lo, Poncho"? "Vou recomendar uma multa de cinquenta dólares, e você estará fora daqui a tempo de jogar golfe."

Ela se virou de costas para mim e andou até o espelho. Tirou um batom do bolso do terninho, inclinou-se e pintou seus lábios de vermelho-sangue, sem dizer nada até acabar. Então me lançou o maior e mais amplo sorriso que já vi.

— Pensei que seu novo brinquedinho precisasse se acostumar a ouvir uma coisa e receber outra quando ela menos espera.

— Ela não é meu brinquedinho. Ela é uma... amiga que estou ajudando.

— Vi o jeito como olhou para ela, a forma como colocou a mão nas costas dela. Se ainda não está transando com ela, vai transar logo. Talvez ela precise de uma noite presa por você não conseguir se controlar na corte. Quem sabe, isso a azede para seu charme. Pense nisso, estou fazendo um favor a ela. Ela deveria me agradecer.

— Está louca se acha que vou deixar você se safar com isso. Anahí não tem nada a ver com o que houve entre nós. Se for preciso, vou pedir ao juiz Hawkins que se retire.

— Que se retire? Com base em quê?

— Com base em que seu pai joga golfe com ele toda sexta, e você mesma me disse que ele lhe dá tudo que você quer. Esqueceu o quanto gostou de falar depois que te fodi?

— Você não ousaria.

Eu estava parado a uma distância, três metros diante da porta trancada, mas andei lentamente até onde ela estava em pé, chegando bem perto.

— Duvida?

Ela me encarou por um longo período.

— Certo. Mas vamos fazer isso da forma como adversários devem fazer. Sem ameaças. Vamos fazer um acordo.

Na Contramão do Amor- AyA Adapt [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora