Capítulo 20

225 14 1
                                    

ANAHÍ

Minha cabeça parecia que tinha sido atropelada por um carro cheio de membros do AA irritados. Estava com muita sede, parecia que minha boca tinha sido tomada pelo deserto, mesmo assim, cada gole de água me deixava enjoada. Jesus. Por isso não bebo com frequência.

A única coisa boa sobre aquela ressaca era que eu estava tão ocupada ao me sentir horrível que não tive a capacidade de pensar na noite anterior.

Poncho.

Aquele beijo.

Aquele beijo.

Bryan.

Prendendo a respiração, cheguei ao escritório ainda mais atrasada do que meu atraso normal. Não tinha consulta até a tarde, mas não estava em dia com a digitação das anotações nos arquivos dos pacientes.

Pensar em encarar Alfonso, de repente, fez meu enjoo de ressaca parecer apenas um aquecimento para a situação real. Fiquei aliviada quando virei para o corredor e vi sua porta fechada. A estranheza com ele era inevitável, mas seria mais fácil quando eu me sentisse melhor. Protelar o máximo possível parecia ideal no momento.

Dentro da minha sala, pendurei o casaco atrás da porta e liguei o laptop.

Quando me sentei e abri o monitor vi um recado. Era a letra de Alfonso:

Passarei o dia todo em depoimento em Jersey. Não voltarei até a noite. Preciso que me faça o favor e suba até meu apartamento. Deixei um recado com instruções na cozinha. Cobertura Leste. O cartão para o elevador e a chave da porta estão na sua primeira gaveta.

Obrigado, -A.

Aquilo era estranho. Tentei me acomodar e responder a alguns e-mails, mas a curiosidade não deixaria esperar mais. Peguei a chave e o cartão para o elevador e fui para o lobby depois de menos de cinco minutos. Durante a subida, em transe, vi as luzes iluminarem. Eu sabia que Poncho morava no prédio, mas ele nunca mencionou que era na cobertura. O que ele poderia precisar de mim em seu apartamento? Ele tinha um gato?

As portas prateadas brilhantes do elevador se abriram quando cheguei ao último andar. Saindo dele, havia apenas duas portas: CO e CL. Diferente do meu apartamento, a fechadura da Cobertura Leste se abriu com facilidade.

Alfonso tinha escrito que não voltaria até a noite, mesmo assim me senti na obrigação de gritar quando abri a porta.

— Olá?... Olá? Tem alguém em casa?

O apartamento estava em silêncio. Nenhuma criaturinha peluda me recebeu na porta também. Fechei a porta e fui procurar a cozinha.

Puta merda.

O apartamento de Alfonso Herrera era esplêndido. Com a boca aberta, passei pela cozinha lustrosa, desci dois degraus para a sala de estar rebaixada e fui até a parede de vidro. As janelas do piso até o teto apresentavam uma vista do Central Park que poderia ter sido tirada de um filme.

Depois de admirar o cenário por alguns minutos, afastei meu olhar e voltei para a cozinha. No balcão de granito, havia um bilhete:

No fim do corredor, primeira porta à direita.

Quê?

Havia apenas um corredor. Minhas mãos estavam suadas quando segurei a maçaneta. Por que estava tão nervosa?

Não fazia ideia do que esperar, então abri a porta bem devagar. E encontrei... um banheiro vazio? Eu ainda estava segurando o bilhete da cozinha, então reli as instruções. Primeira porta à direita. Presumindo que ele tivesse se enganado, eu estava prestes a fechar a porta quando vi um post-it no espelho acima da pia. Acendi a luz e dei uma boa olhada no cômodo antes de ler. Era um banheiro superlegal. Maior que o quarto do meu apartamento.

Na Contramão do Amor- AyA Adapt [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora