ALFONSO
Se pudesse simplesmente abrir meu crânio e deixar um pouco das baterias que estavam dentro dele saírem, eu poderia ter tido chance de me levantar do sofá.
Era a porra de um milagre até eu ter entrado no avião. Nunca teria acontecido se não fosse por Robert, que arrastou minha bunda de ressaca do quarto do hotel às 6 da manhã.
Agora era meio-dia. Eu chegara em casa há mais de uma hora, e finalmente tive colhões para responder Anahí.
Eu mandei mensagem.
É. Colhões. Com certeza.
E menti.
Não que fosse a primeira vez. Certamente não seria a última.
Eu: Desculpe por ontem à noite. Estava doente como um cachorro. Intoxicação alimentar. Sushi ruim, eu acho.
Os pontinhos começaram a pular imediatamente.
Anahí: Só fico feliz de estar bem. Estava preocupada. O que aconteceu no tribunal?
Admitir a verdade significaria ter de ligar para ela, e eu ainda não estava pronto.
Eu: O juiz adiou a decisão até a semana que vem.
Anahí: Poxa. Ok. Bom, talvez isso seja bom. Ele realmente está dando atenção.
Eu não poderia ser um otário quando ela estava tentando bastante se manter positiva.
Eu: Talvez.
Anahí: Quando você volta?
Foi aí que comecei a me sentir um verdadeiro monte de merda. Uma coisa era omitir a decisão. Na minha cabeça, eu podia justificar isso como para evitar magoá-la, mas ficar lá sentado mentindo para ela quando provavelmente ela estava lá embaixo atendendo telefone... Isso era simplesmente covardia.
Mas essa conclusão não me tornou menos babaca.
Eu: Provavelmente vou pegar o último voo desta noite. Vai estar tarde quando eu chegar.
Anahí: Estou ansiosa para te ver.
Finalmente eu disse algo que não era mentira.
Eu: É. Eu também.
xxx
Havia um espelho na recepção que refletia o corredor que levava aos escritórios particulares. Parei quando avistei Anahí, linda pra caralho. Tão doce e sincera e tudo de bom. Minhas mãos começaram a suar conforme fiquei ali parado observando-a. Sua porta estava fechada, e ela estava escrevendo alguma coisa no quadro branco, provavelmente algo positivo sobre fazer as coisas darem certo e que iria me fazer sentir mais desprezível ainda quando lesse.
Tinha passado as últimas 24 horas pensando em como deveria falar, o que a magoaria menos. Não havia motivo para lhe contar o que acontecera na corte. Ela acreditava que relacionamentos pudessem aguentar qualquer coisa se duas pessoas se esforçassem. Não havia dúvida em minha mente de que ela iria querer tentar ficar junto enquanto ficaríamos separados por quase 1.500 quilômetros. Primeiro, poderia até parecer que dava certo. Mas, em certo momento, a merda começaria a desmoronar. Sempre acontece. Provavelmente não perceberíamos como as coisas tinham ficado ruins até explodir na nossa cara. Anahí tinha acabado de ajustar sua vida em Nova York; deixá-la viver essa vida era a coisa certa a fazer.
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Na Contramão do Amor- AyA Adapt [Finalizada]
RomanceUma psicóloga especializada em salvar casamentos. Um advogado especializado em destruir relacionamentos. Uma confusão. E os dois se veem trabalhando dividindo o mesmo espaço. Anahí Portilla e Alfonso Herrera se encontram na contramão do amor: Oposto...