Capítulo 37

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ANAHÍ

Estava acontecendo alguma coisa.

As portas do escritório bateram pela meia hora em que estava atendendo pelo telefone. Nos últimos dez minutos, também havia começado uma gritaria. Uma voz era de um Alfonso muito bravo, e a outra era de Robert, que chegara recentemente. Com frequência, ele fazia investigações para Alfonso, mas o que quer que estivesse acontecendo parecia bem mais pessoal do que apenas um caso.

Depois de me desculpar de novo com meus pacientes ― mentindo e dizendo que iria falar com a equipe de construção sobre a linguagem deles ―, desliguei e fui para a porta fechada do escritório. Parei ao escutar meu nome.

Anahí? O que ela tem a ver com isso?

Alexa basicamente disse à corte que estou dormindo com uma ex-condenada.

Uma ex-condenada? O que ela fez? Levou uma multa?

É uma longa história, mas ela foi presa por atentado ao pudor no mês passado.

O quê?

Aconteceu quando ela era adolescente. Era uma multa por nadar nua que se transformou em um mandado porque ela não pagou. É um delito... nada mais sério do que uma multa. Mas claro que Alexa está fazendo parecer que é algo mais. A petição a chama de ex-condenada com uma inclinação a atentado ao pudor. E ela também adicionou que foi a mesma ex-condenada que recentemente fez Ben se queimar.

Porra.

É. Porra. Essa não é a pior parte. Eu podia sair dessa em uma corte de Nova York com a merda que os juízes escutam todos os dias por aqui. Mas ela preencheu o processo de mudança de custódia em Atlanta.

Como ela pode fazer isso se vocês dois moram aqui?

Acabei de chegar do apartamento dela. Ela foi embora. O porteiro disse que ela saiu ontem e deixou um endereço de correspondência. O apartamento dela está vazio. A desgraçada se mudou!

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Alfonso não era de beber muito. Ele bebia o copo ocasional de uísque ou uma ou duas cervejas, mas beber tudo de uma vez não era coisa que o via fazendo.

Até aquela noite.

Mesmo que ele tivesse me assegurado de que nada disso era minha culpa, eu ainda me sentia culpada como a catalisadora por fazê-lo parecer um pai irresponsável.

Estávamos sentados no apartamento de Alfonso; nós dois cancelamos todos os compromissos da tarde. Eu tinha prometido a Robert que Alfonso estaria no aeroporto para seu voo da manhã seguinte. Os dois iriam voar para Atlanta, a fim de tentar conversar com Alexa, e eu estava muito grata por Alfonso não ir sozinho. Ele nem conseguia falar o nome da ex-esposa sem rosnar.

Fechando a porta quando Robert saiu, tranquei a fechadura de cima, peguei a bebida de Alfonso do balcão da cozinha e servi o que restava. Depois fui para o sofá onde ele estava deitado com um braço cobrindo os olhos. Suas pernas eram mais compridas que o sofá, e seus pés se entrelaçavam no fim. Desamarrei os sapatos dele e comecei a tirá-los.

— Está tentando me deixar nu? — Alfonso falou arrastado. — Fodam-se os sapatos. Tire minhas calças.

Sorri. Mesmo bêbado, ele ainda era ele mesmo.

— São quase 23h. Seu voo é em dez horas. Acho que precisa dormir um pouco. Amanhã o dia pode não ser muito gentil com sua cabeça.

Seus sapatos grandes caíram no chão quando os retirei, seguidos por suas meias.

Na Contramão do Amor- AyA Adapt [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora