ALFONSO
Alexa tinha arruinado meu emprego por bastante tempo. Depois do meu divórcio, eu encontrava pedaços e características do meu casamento na batalha amarga de todo cliente. Me lembrava do tempo que eu perdera, como da primeira noite que deixei meu pau tomar decisões em relação a Alexa, em vez da minha cabeça. Tudo nos arquivos dos meus clientes se tornava pessoal para mim, e era como reviver as piores noites da minha vida diariamente.
Em certo momento, aprendi a separar as coisas de alguma forma. Mas havia perdido algo durante a caminhada. Meu emprego se tornou uma fonte de dinheiro, e não algo que eu gostasse de fazer. Ao mesmo tempo que não mais receava descer para o escritório, também não mais ansiava.
Até hoje.
Levantei ainda mais cedo do que o normal. Depois de ir à academia, cheguei no escritório às sete e revisei um caso. Henry Archer era um dos poucos clientes de quem eu realmente gostava. Seu divórcio era bem amigável porque ele era um cara genuinamente bom. Era a reunião do acordo dele hoje às onze. Todo mundo estaria ali para tentar bater o martelo em um último acordo. Milagrosamente, eu não desprezava sua futura ex-esposa também.
Eu estava na sala de cópias quando ouvi Anahí chegar. Seus passos faziam barulho conforme ela andava pelo corredor carregando uma grande caixa marrom. Parei o que estava fazendo e fui até ela tirar das suas mãos.
— Obrigada. Sabia que ninguém me ofereceu um lugar no metrô mesmo carregando essa coisa?
— A maioria das pessoas é idiota. O que você tem aqui? Está pesado pra caralho. — Coloquei a caixa marrom na mesa dela e a abri sem pedir. Dentro, havia um peso de papel de vidro, que poderia muito bem ter sido feito de chumbo. — Esta coisa pesa uns cinco quilos. Está preocupada que um furacão vá passar pelo escritório e bagunçar todos os seus papéis?
Ela o tirou da minha mão.
— É um prêmio. Ganhei por um artigo que escrevi que foi publicado na Psychology Today.
— É uma arma. Ainda bem que você não estava com isso quando te encontrei no meu escritório na primeira noite.
— Sim, eu poderia ter feito um buraco nessa sua cabeça bonita.
Dei um sorrisinho.
— Eu sabia. Você me acha bonito.
Tentei ver o que mais tinha na caixa, mas ela tirou minha mão.
— Xereta.
— Você desempacotou minhas caixas. — chantageei.
— Isso é verdade. Vai acho que pode olhar.
— Bom, agora não quero, já que me disse que podia.
— Você parece uma criança, sabia disso?
Tinha deixado meu celular em cima da máquina de fotocópias e o escutei tocar. Fui atender, mas desligaram. Depois de terminar de fazer minhas cópias, juntei a pilha de papéis e fui à sala de Anahí de novo.
Parado na porta, zombei:
— Você chegou cedo hoje. Aceitou meu conselho para dormir?
— Não. — A resposta rápida de Anahí foi... rápida demais. Anos de depoimentos tinham me deixado habilidoso para captar sinais pequenos... Às vezes, alguma coisa tão discreta me levava a um caminho inesperado e a algo interessante. Tinha percebido um sinal em sua palavra de três letras e estava prestes a seguir essa pista.
— Então não teve problemas para dormir ontem à noite, não é?
Quando ela começou a enrubescer e tentou se ocupar em desempacotar a caixa, eu sabia que estava no caminho certo. Curioso, entrei em seu escritório e dei a volta na mesa para que pudesse ver seu rosto apesar de ela estar olhando para baixo e desempacotando.
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Na Contramão do Amor- AyA Adapt [Finalizada]
RomanceUma psicóloga especializada em salvar casamentos. Um advogado especializado em destruir relacionamentos. Uma confusão. E os dois se veem trabalhando dividindo o mesmo espaço. Anahí Portilla e Alfonso Herrera se encontram na contramão do amor: Oposto...