Capítulo 43

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ANAHÍ

— Você foi maravilhosa — Bryan disse da porta.

Olhei para cima enquanto guardava os materiais da minha aula.

— Há quanto tempo está aí parado?

— Peguei os últimos cinco minutos.

— Você está sendo gentil. Eu estava uma pilha de nervos.

Ele sorriu.

— Vai ficando mais fácil. Mas, sério, não pareceu.

Dois dias antes, Bryan tinha me ligado para dizer que uma das assistentes do departamento precisou sair inesperadamente e perguntou se eu queria substituí-la. Iria praticamente me garantir a vaga de professora-adjunta para a qual faria a entrevista no dia seguinte, então concordei, embora tivesse zero vontade de fazer qualquer coisa naqueles dias. Sair da cama foi uma dificuldade.

Depois de terminar de guardar tudo, fui até a porta.

— Está indo para uma aula?

— Não. Acabei de terminar de corrigir uns trabalhos e queria ver como você estava. Que tal almoçarmos? Há um ótimo bistrô a algumas quadras que faz a melhor salada de atum.

No último mês, estivera evitando Bryan por respeito a Alfonso, mas não havia mais motivo para fazer isso. Apesar de não estar muito no clima de companhia, eu sabia que me trancar no apartamento e ficar triste não era realmente saudável.

— Claro. Adoraria.

Bryan e eu almoçamos do lado de fora perto dos postes de aquecimento, já que estava uma tarde linda. Em certo momento, levantei para ir ao banheiro e vi um homem sentado em um carro estacionado a um quarteirão. O carro estava atrás de mim enquanto eu estava comendo, então não fazia ideia de quanto tempo estivera ali, mas poderia jurar que o homem ali dentro era Robert. Depois de terminarmos o almoço, procurei o carro de novo, mas já tinha sumido.

Mais tarde naquele dia, depois de fazer algumas tarefas na rua, fui para casa atender uma consulta on-line. Eu nem conseguia abrir toda a porta da frente porque meu apartamento estava abarrotado com móveis de escritório. Provavelmente não foi a ideia mais inteligente sair antes de encontrar um novo espaço, mas simplesmente não conseguia mais ficar lá.

Mesmo quando Alfonso não estava, eu só conseguia pensar nele. Pensei que me livrar de ver a mesa onde fizemos sexo e a sala de cópias onde nos conhecemos me ajudaria a pensar menos nele. Infelizmente, meus pensamentos se mudaram comigo em vez de ficarem para trás no escritório.

Enquanto eu estava arrumando meu laptop para que meus pacientes não vissem a loucura que o cômodo estava, cheio de móveis, uma batida soou à porta. Detestava ter esperança, pensando que talvez fosse Alfonso. Fiquei confusa quando vi Robert pelo olho mágico.

Abri a porta.

— Robert?

Ele estava parado segurando o batente de cima da porta.

— Fui instruído a te seguir.

— Pensei ter te visto no restaurante hoje.

— Posso entrar? Não vou tomar muito do seu tempo.

— Hummm... claro. Lógico. Mas devo alertá-lo de que minha casa está uma bagunça. Mudei o escritório para o meu apartamento minúsculo e não tenho lugar para colocar nada, então está basicamente tomando toda a sala. — Abri a porta o máximo que pude, e Robert entrou. — Posso pegar alguma coisa para você beber?

Ele ergueu uma mão.

— Estou bem.

Havia pilhas de arquivos por todo o sofá. Comecei a juntá-los para abrir espaço para ele.

— Quer sentar? Fique confortável para me contar por que está me seguindo.

Ele riu.

— Claro.

Sentei na cadeira do meu escritório diante dele e esperei que ele começasse.

— Alfonso me pediu para te seguir. Ele diz que quer se certificar de que seu novo escritório seja em um bairro seguro.

— E daí se não fosse? O que ele vai fazer com essa informação?

Robert deu de ombros.

— As coisas nem sempre fazem sentido quando um homem está apaixonado.

— Apaixonado? Você perdeu a parte que ele terminou comigo?

— Nunca pensei que diria isso sobre o meu melhor amigo. Conheço o homem desde o Ensino Fundamental, e ele sempre teve coragem, mas está com medo.

— De quê?

— De amar. A mãe traiu o pai dele e foi embora quando ele era criança. A esposa mentiu para ele sobre o filho de quem estava grávida, então continuou a transar com o pai do bebê depois que eles estavam casados. Ele se apaixonou por aquele garotinho, depois ela tirou a paternidade dele. Também é lembrado dia sim, dia não, no trabalho, de como alguns relacionamentos acabam... principalmente aqueles em que os casais não passam tempo juntos. Finalmente, encontrou uma bondade na vida dele com você. Detesto vê-lo desistir disso porque está com muito medo de arriscar. Ele ao menos te contou que o juiz deixou Alexa ficar em Atlanta, e que ele vai se mudar para lá?

— Não.

Havia uma dor no meu peito. A forma como ele terminara as coisas fazia um pouco mais de sentido agora. Uma parte de mim conseguia entender por que Alfonso era tão cético de que as coisas poderiam funcionar entre nós. Seu passado praticamente o ensinara que, quando você se apaixona, você é afastado. Mas isso não era desculpa para o que ele tinha feito. Mesmo se fosse justificado, não mudava o fato de que ele nem tentara brigar por nós. Nem me contou o que estava acontecendo.

— Sinto muito pelo que ele está passando, Robert. Nada disso é justo para ele, mas, mesmo se fosse verdade que ele ainda se importa comigo, o que eu poderia fazer? Não posso fazê-lo não ter medo. Ele nem quer tentar. Isso me diz que não valia a pena se arriscar por mim. Preciso valer mais que isso.

Robert assentiu.

— Entendo. É só que... eu te vi com aquele professor hoje no almoço.

— Bryan e eu somos amigos. Sim, nós temos um histórico... ou deveria dizer que eu tenho um histórico de sentimentos por Bryan. Mas me apaixonei por Alfonso, e isso me fez ver que os sentimentos que eu tinha por Bryan não eram realmente amor. Porque nunca foi assim com Bryan... O que tenho com Alfonso está em um nível diferente.

Robert sorriu.

— Você disse tem, não "tinha".

— Claro. Não consigo desligar os sentimentos só porque fui magoada. Vai ser difícil esquecer Alfonso.

— Me faz um favor? Ainda não comece a tentar muito. Tenho esperança de que meu amigo vá cair em si. 



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Na Contramão do Amor- AyA Adapt [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora