ALFONSO
— Parece que escolhi o dia errado para ficar fora do escritório. — Anahí tinha tirado seu casaco, revelando um vestidinho preto colado. Ela sorriu. Caramba. Tinha passado o tempo todo no táxi de volta para casa na noite anterior me convencendo de que aquele beijo era para seu próprio bem. Eu a estava ajudando. Não era porque ela era linda e inteligente e não sabia jogar nada de sinuca, mesmo assim, não reclamou nenhuma vez quando a levei para o bar de sinuca. Era porque o Professor Idiota precisava de um pouco de incentivo para agir. Quase tinha me convencido disso também.
Mas tinha me consumido o dia todo. E se eu massageasse seu ponto para finalmente agir e, então, batesse uma punheta para ele também? Anahí tinha se derretido para mim com aquele beijo. Senti seu corpo se render, ouvi os sons baixos que fez e sabia que ela sentira o mesmo que eu. O motor estava aquecido e pronto para funcionar. Para aquele otário.
Meu depoimento deveria ter acabado em quatro horas. Mesmo assim, demorei quase o dobro devido à minha falta de concentração. Então, naquela noite, liguei para Yvette e cancelei o encontro que tínhamos marcado um mês antes. Yvette, a aeromoça que não queria compromisso e gemia em um tom doce enquanto me pagava um boquete. A mulher era solteirona.
— Eu ia sair, mas os planos mudaram — Anahí disse.
Assenti.
— Venha comer. Seu mu shu está esfriando.
Ela se sentou em uma das cadeiras de visita do outro lado da mesa.
— Parece muita comida. Mais alguém vai comer com a gente?
— Você demorou um pouco para responder, então pedi coisa a mais no caso de você ainda estar aqui. Não sabia se gostava de frango, carne ou camarão, então pedi um de cada. O cara no telefone mal sabia falar inglês. Quando liguei de volta para adicionar sua carne de porco, pensei que seria mais fácil apenas adicionar ao pedido do que tentar mudar. — Deslizei uma caixinha para ela do outro lado da mesa. — Não tem prato. Nem garfos. Espero que saiba comer com palitinhos.
— Sou meio ruim com palitinho.
Apontei o teto com o polegar.
— Podemos subir e pegar um garfo no meu apartamento, se quiser. Mas não como desde seis da manhã, então vai fazer isso sozinha.
Ela sorriu e rasgou o papel dos palitinhos.
— Vou conseguir. Mas não tire sarro de mim.
Não foi uma tarefa fácil. Parecia que ela tinha dois palitinhos esquerdos. Deixava mais cair comida do que colocava na boca. Mas nós dois rapidamente estabelecemos um sistema de não falar. Toda vez que ela derrubava um pedaço de carne de porco a caminho dos lábios, eu sorria e ela apertava os olhos para mim. Era tão divertido quanto provocá-la com palavras, mas com metade do esforço.
— Então, o que aconteceu com o Professor Idiota ontem à noite?
Ela suspirou e se recostou na cadeira.
— Nada. Ele me convidou para sair hoje à noite para compensar por cancelar ontem.
Congelei com meus palitinhos na metade do caminho para a boca.
— Ele te deu o bolo de novo esta noite?
— Desta vez, não. Na verdade, eu que dei o bolo nele.
Joguei um camarão na boca.
— Legal. Dando o troco. Como se sentiu?
Um sorriso se abriu em seu lindo rosto.
— Muito bem, na verdade.
— Então por que está toda arrumada?
Ela assentiu.
— Íamos a algum restaurante chique para meu jantar atrasado de aniversário. Ele foi ao meu apartamento para me pegar, e o escutei falando no celular com Rachel dizendo que iria para lá depois do jantar.
— Então você ficou com ciúme e cancelou?
— Na verdade, não. Fiquei irritada comigo mesma. Passei a maior parte de três anos aceitando as sobras de um homem que nunca vai me ver como algo mais do que uma amiga ou vizinha. Mereço coisa melhor que isso.
Eu não poderia concordar mais.
— Com certeza merece.
— Preciso seguir em frente.— ela suspirou
Peguei um camarão com meus palitinhos e ofereci a ela.
— Camarão?
— Ok. Mas coloque na minha boca, ou vai ter molho derramado por sua mesa quando eu conseguir comer.
Arqueei uma sobrancelha.
— Com prazer colocarei na sua boca. Abra mais. Ela riu.
— Você consegue transformar algo tão inocente em uma coisa tão safada.
— É um dom.
Aproximei minha oferta e sua linda boca se abriu para que eu pudesse alimentá-la. Quando seus lábios se fecharam em volta dos meus palitinhos, senti diretamente no meu pau. Imaginei minha própria madeira entrando, sendo engolida por seus lábios perfeitamente pintados. O gosto do camarão chegou à sua língua, e seus olhos se fecharam enquanto ela apreciava aquela delícia. Naquele momento, precisei ajustar minha calça. De novo.
Engoli em seco, observando-a engolir.
— Quando foi a última vez que você realmente fez sexo?
Ela tossiu, quase engasgando com um pedaço de camarão desta vez.
— Perdão?
— Você me ouviu. Sexo. Quando foi a última vez que fez?
— Você já sabe meu histórico. Não tenho uma relação em quase um ano.
— Você quis dizer uma relação sexual? Quando disse isso, presumi que quisesse dizer que não saía com alguém de forma consistente nesse tempo todo.
— Não.
— Você sabe mesmo que nem todas as relações precisam ser mais do que sexuais?
— Claro que sei disso. Mas preciso de mais do que apenas uma noite.
— Tipo o quê?
— Não sei. Na minha cabeça, preciso me sentir segura com a pessoa. Preciso estar atraída fisicamente. Precisamos conseguir nos dar bem depois do ato, e eu preciso sentir que não estão tirando vantagem de mim... que nossa relação, qualquer que seja, não seja platônica. Se for puramente sexual, tudo bem, mas ambos precisamos ter essa compreensão.
Assenti.
— Tudo isso é justo. — Naquele instante, eu tinha praticamente ficado louco, só isso explicaria o pensamento seguinte que saiu do meu cérebro e foi direto para fora dos meus lábios. — Como eu me inscrevo para o trabalho?
— O trabalho? — Ela realmente pareceu confusa. Pensei que estivesse bem claro.
— De parceiro sexual. Acho que deveríamos transar.
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Na Contramão do Amor- AyA Adapt [Finalizada]
RomanceUma psicóloga especializada em salvar casamentos. Um advogado especializado em destruir relacionamentos. Uma confusão. E os dois se veem trabalhando dividindo o mesmo espaço. Anahí Portilla e Alfonso Herrera se encontram na contramão do amor: Oposto...