Capítulo 11

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ANAHÍ

— Só porque vocês estão fisicamente a milhares de quilômetros de distância, não significa que seus corações estejam. Cada um deveria falar para o outro o que pensa dele. Deixe-me te perguntar, Jeff: você mencionou que pensou em Kami hoje porque, quando saiu para correr, passou por uma loja de lingerie chamada Kami-solas. Tinha falado isso para Kami antes da nossa sessão de terapia de hoje? Talvez quando ela disse que sente que você não pensa nela?

A tela do meu monitor de 42 polegadas estava dividida: um vídeo era de Jeff Scott à esquerda e o de Kami Scott estava à direita. Os dois estavam casados há menos de um ano quando Jeff foi transferido para a costa oeste. Considerando que ele era o único que trabalhava, porque Kami estava no segundo ano de residência odontológica, isso o deixou sem escolha a não ser se mudar até ele conseguir encontrar um emprego mais perto da casa deles em Connecticut.

— Não. Eu não tinha falado isso para ela antes de hoje — Jeff disse. — Estou ocupado. Ela sabe que penso nela.

O rosto dele congelou na minha tela por alguns segundos, embora sua voz tenha continuado. Ele estava no meio da fala, e o vídeo paralisado o havia congelado em uma pose esquisita. Um olho estava completamente fechado, e eu conseguia ver somente o branco do olho no outro semiaberto. Sua boca estava aberta, e sua língua parecia manchada de café. Eu precisava encontrar um programa melhor de vídeo para minhas sessões. Só Deus sabia como eu aparecia na tela dos pacientes naquele momento.

Nossa sessão de terapia de casal de 45 minutos estava quase no fim.

— Esta semana gostaria de fazer um exercício. Pelo menos uma vez por dia, quando algo lembrar vocês um do outro, avise-o naquele momento. Se estiver correndo e vir alguma coisa, talvez tire uma foto e mande uma mensagem. Kami, se um paciente chegar com gripe e espirrar muito, fazendo-a lembrar da propensão de Jeff a espirrar de seis a oito vezes seguidas, avise-o. Essas pequenas coisas podem ser muito boas para lembrar ao outro que seu coração nunca está longe, mesmo que haja milhares de quilômetros entre vocês. A distância é apenas um teste para ver o quanto o amor viaja.

Ouvi o que parecia ser uma risadinha do lado de fora da minha porta parcialmente aberta. Então, depois que minha sessão terminou, estava curiosa e fui encontrar Alfonso. Ele estava parado na sala ao lado da que eu estava usando, fazendo cópias.

— Você disse alguma coisa para mim? — perguntei, dando-lhe o benefício da dúvida.

— Não. Meu pai sempre me ensinou que, se eu não tenho nada de bom a dizer para uma mulher, eu deveria guardar para mim.

Eu não estava imaginando coisas.

— Estava espiando minha sessão de terapia. Você riu do conselho que dei para os meus pacientes, não riu?

Alfonso estreitou os olhos.

— Eu não estava espiando. Sua porta estava aberta, e você fala alto no telefone. Sabe que não precisa gritar para a outra pessoa do outro lado da videoconferência para que ela te ouça, não sabe?

— Eu não estava gritando.

Alfonso terminou de fazer cópias, tirando uma pilha de papéis da copiadora.

— Que seja, mas pode fechar a porta se não quiser que eu ouça seu conselho ruim.

Meus olhos se arregalaram.

— Conselho ruim? Do que está falando? Sou formada em Psicologia e fiz minha dissertação em ultrapassar barreiras em relacionamentos abrindo as linhas de comunicação em terapias de casal.

Alfonso deu uma risadinha. De novo.

— Você é expert, então. Vou deixá-la fazer seu trabalho. — Ele voltou para sua sala.

Na Contramão do Amor- AyA Adapt [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora