Capítulo 3

226 14 10
                                    

ALFONSO

Girei o mostrador do meu relógio. Vinte minutos atrasada. Ela era sexy, e aquele pontinho fraco que permaneceu no meu coração, na verdade, se sentia mal por ela ter sido enganada. Mas vinte minutos? Eu cobrava 675 dólares por hora. Tinha acabado de perder 225 dólares parado em frente à maldita delegacia de polícia.

Olhei uma última vez para o fim da rua e estava prestes a voltar para meu escritório quando um flash de cor virou a esquina.

Verde.

Sempre gostei de verde. Como não gostar? Dinheiro, grama, aqueles sapos com olhos esbugalhados que eu adorava perseguir quando criança, mas hoje "gostar" foi promovido a "preferir" quando vi os peitos de Anahí balançarem para cima e para baixo em sua blusa. Para uma moça pequena, ela tinha uma comissão de frente e tanto; combinava bem com sua bunda redonda.

— Desculpe pelo atraso.

Seu casaco estava aberto e suas faces pálidas, cor-de-rosa por ela ter corrido o quarteirão. Ela estava diferente da outra noite. Seu cabelo comprido estava solto, e a luz do sol iluminava algumas mechinhas douradas em sua cor acobreada. Ela tentava domá-lo enquanto falava.

— Peguei o trem errado.

— Eu estava quase indo embora. — Olhei para baixo, para meu relógio, e flagrei minúsculas gotas de suor em seu decote. Limpei a garganta e disse há quanto tempo estava esperando. — Trinta e cinco minutos. Serão 350 dólares.

— O quê?

Dei de ombros e mantive minha expressão estoica.

— Cobro 675 por hora. Você me fez perder mais de meia hora do meu tempo. Então serão 350 dólares.

— Não posso te pagar. Estou falida, lembra? — Ela ergueu as mãos, desesperada. — Fui enganada ao alugar seu escritório chique. Não deveria ter que te pagar esse dinheiro todo só porque perdi a hora.

— Relaxe. Estou brincando com você. — Pausei. — Espere. Pensei que tivesse pego o trem errado.

Ela mordeu o lábio, parecendo culpada, e apontou para a porta da delegacia.

— Deveríamos entrar. Te deixei esperando por muito tempo.

Balancei a cabeça.

— Você mentiu para mim. — acusei

Anahí suspirou.

— Desculpe. Perdi a hora. Não consegui dormir de novo ontem à noite. Isso tudo ainda parece um pesadelo para mim.

Assenti e, atipicamente, deixei passar.

— Vamos. Vamos ver se há uma chance de eles pegarem esse cara.

Dentro da delegacia, o sargento da recepção estava falando ao telefone quando entramos. Ele sorriu e ergueu dois dedos.

Depois que terminou de dizer à pessoa que ligou que circulares de supermercado roubadas seriam uma questão para o fiscal do correio e não a Polícia de NY, ele estendeu a mão, inclinando-se sobre o balcão.

— Alfonso Herrera. O que o traz até a escória? Baixando o nível hoje?

Sorri e apertei a mão dele.

— Algo assim. Como está indo, Frank?

— Nunca estive mais feliz. Vou para casa à noite, não tiro os sapatos na porta, deixo o assento da privada levantado depois de dar uma mijada e uso pratos de papel para não ter que lavar a merda toda. A vida de solteiro é boa, meu amigo.

Virei para Anahí.

— Este é o sargento Frank Caruso. Ele me mantém empregado com a forma como troca de esposa. Frank, esta é Anahí Portilla. Ela precisa preencher um B.O. Alguma chance de Mahoney estar trabalhando hoje? Talvez ele possa ajudá-la.

Na Contramão do Amor- AyA Adapt [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora