Capítulo 23

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ANAHÍ

— Eu tenho um presente de aniversário atrasado — Bryan disse enquanto aguardávamos no saguão do restaurante a recepcionista terminar de acomodar as pessoas à nossa frente.

— Tem?

Ele sorriu e assentiu.

— Você tem uma entrevista para uma vaga de adjunta em duas semanas. É apenas para dar uma aula, mas vai fazer com que entre na universidade.

— Ah, meu Deus, Bryan! — Sem pensar, joguei os braços em volta do seu pescoço e lhe dei um abraço gigante. — Muito obrigada. Isso é... — Estava prestes a dizer o melhor presente que eu poderia ganhar este ano, mas então me lembrei do que Alfonso tinha me dado e me corrigi. — Isso é maravilhoso. Muito obrigada.

A recepcionista veio e nos acomodou, e passamos a hora seguinte conversando sobre trabalho e sobre o professor que me entrevistaria. Foi bom falar com Bryan; eu gostava mesmo de sua companhia. Percebi, no último mês, que minha frustração devido aos sentimentos que nutria por ele tinha começado a interferir na nossa amizade. Era hora de passar por cima disso e aproveitar o que tínhamos.

Após terminarmos de comer, o garçom tirou nossos pratos e Bryan pediu um expresso. Ele entrelaçou as mãos na mesa e mudou de assunto.

— Então, está saindo com o advogado com quem divide o escritório?

— Não. Aquele beijo foi o resultado de muitas margaritas.

Bryan franziu o cenho, mas concordou.

— Bom, isso é bom. Não sei se ele é o tipo de pessoa com quem deveria se envolver muito.

— O que isso significa?

Sim, no momento, eu estava brava com Alfonso, e planejava brigar com ele quando voltasse ao escritório, porém Bryan não ia falar mal dele quando nem o conhecia.

— Ele parece... Não sei. Bruto.

— Ele é direto. Sim. E, às vezes, um pouco estúpido. Mas, na verdade, ele é bem profundo quando você o conhece.

Bryan estudou minha expressão.

— Bom, fico feliz que não haja nada entre vocês. Sou protetor com você. Sabe disso.

Engraçado que, pelo pouco tempo que conhecia Alfonso, sentia que era ele quem era protetor, na verdade.

xxx

A porta de Alfonso estava fechada quando retornei ao escritório. Escutei para me certificar de que ele não estivesse em uma ligação, então abri-a rapidamente.

— Você é um babaca muito grande! — fui despejando enquanto entrava.

— Já me disseram. Como foi seu almoço com o Professor Pomposo?

— Delicioso — menti. Meu hambúrguer chique nem estava tão bom. — Bryan leu o que você escreveu no meu quadro branco. Precisa parar de me zoar.

Ele sorriu.

— Mas é tão divertido te zoar. E você não vai me deixar te zoar. Então preciso descontar de alguma forma.

— Tenho certeza de que agora ele pensa que não estou sendo profissional com meus pacientes.

Alfonso deu de ombros.

— Por que não disse a ele que eu que escrevi?

— Ele já não gosta muito de você. Não quis piorar.

— Não dou a mínima para o que ele pensa de mim. Por que você se importa com o que ele pensa de mim?

Essa era uma pergunta muito boa. Uma para a qual eu não tinha resposta.

Na Contramão do Amor- AyA Adapt [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora