Capítulo 5

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ANAHI

Levei meu celular tocando ao ouvido, olhando a hora ao mesmo tempo. Quase onze da noite, tarde para alguém ligar.

— Alô?

Anahí?

Aquela voz. Não precisava perguntar quem era. Ao vivo, sua voz era grave e rouca, mas era muito mais grossa no telefone.

— Poncho? Está tudo bem? — utilizei o apelido que ele havia me pedido para chamá-lo.

Está. Por quê?

— Porque está um pouco tarde.

Ouvi o telefone se movimentar e então:

Merda. Desculpe. Não fazia ideia. Acabei de ver a hora. Pensei que fossem umas nove.

— O tempo voa quando você passa a maior parte do dia na corte com criminosos, não é?

Acho que sim. Voltei para casa, comecei a fazer umas coisas do trabalho, depois passei em meu escritório. Devo ter perdido a noção do tempo.

— Eu voltei para casa, bebi umas taças de vinho e fiquei mais um pouco com pena de mim mesma. Sua noite parece ter sido muito mais produtiva. Ainda está no escritório?

Estou. Foi o que me fez te ligar. Estou sentado aqui pensando que, quando você encontrar um escritório novo, vai ficar muito legal.

Que coisa esquisita de se dizer.

— Obrigada. Mas o que o faz dizer isso?

Vidro e madeira escura. Gostei. Mas eu teria pensado em algo mais feminino para você.

— O que você está... Ah, não... Eles entregaram os móveis do meu escritório hoje?

Entregaram.

— Como? Como conseguiram entrar se você esteve comigo o dia inteiro?

Meu contramestre estava aqui finalizando tudo, e eu ainda não tinha contado a ele o que aconteceu. Ele pensou que eu estivesse fazendo um favor deixando você ficar aqui.

Bati a cabeça no balcão da minha cozinha, depois pressionei a testa contra ele para me impedir de me bater. Mas não consegui impedir o gemido que emiti.

— Sinto muito. Vou lidar logo com isso. Será a primeira coisa que farei amanhã.

Faça no seu tempo. Minhas coisas ainda estão guardadas. Posso manter tudo aqui por um tempo.

— Obrigada. Sinto muito mesmo. Vou fazer ligações amanhã cedo e pedir para que voltem e peguem tudo. Então vou aguardá-los no seu escritório para que você não tenha que cuidar de tudo, se não se importar.

É claro.

— Desculpe.

— Pare de se desculpar, Anahí. Ex-condenados são frios. Não se desculpam. Te vejo de manhã.

Ele desligou e eu ri para não chorar.

xxx

— Olá? — Bati na porta entreaberta e escutei minha voz ecoar de volta. A porta se abriu, e fiquei surpresa em ver a recepção ainda vazia. Pensei que minha mobília tivesse sido entregue.

Ao longe, ouvi uma voz, mas não consegui reconhecer. Entrei e gritei um pouco mais alto.

— Olá? Alfonso?

Passos rápidos soaram no novo piso de mármore, cada passo ficando mais alto até Alfonso aparecer no corredor. Estava com o celular na orelha e ergueu um dedo enquanto continuava sua ligação.

Na Contramão do Amor- AyA Adapt [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora