ANAHI
Levei meu celular tocando ao ouvido, olhando a hora ao mesmo tempo. Quase onze da noite, tarde para alguém ligar.
— Alô?
— Anahí?
Aquela voz. Não precisava perguntar quem era. Ao vivo, sua voz era grave e rouca, mas era muito mais grossa no telefone.
— Poncho? Está tudo bem? — utilizei o apelido que ele havia me pedido para chamá-lo.
— Está. Por quê?
— Porque está um pouco tarde.
Ouvi o telefone se movimentar e então:
— Merda. Desculpe. Não fazia ideia. Acabei de ver a hora. Pensei que fossem umas nove.
— O tempo voa quando você passa a maior parte do dia na corte com criminosos, não é?
— Acho que sim. Voltei para casa, comecei a fazer umas coisas do trabalho, depois passei em meu escritório. Devo ter perdido a noção do tempo.
— Eu voltei para casa, bebi umas taças de vinho e fiquei mais um pouco com pena de mim mesma. Sua noite parece ter sido muito mais produtiva. Ainda está no escritório?
— Estou. Foi o que me fez te ligar. Estou sentado aqui pensando que, quando você encontrar um escritório novo, vai ficar muito legal.
Que coisa esquisita de se dizer.
— Obrigada. Mas o que o faz dizer isso?
— Vidro e madeira escura. Gostei. Mas eu teria pensado em algo mais feminino para você.
— O que você está... Ah, não... Eles entregaram os móveis do meu escritório hoje?
— Entregaram.
— Como? Como conseguiram entrar se você esteve comigo o dia inteiro?
— Meu contramestre estava aqui finalizando tudo, e eu ainda não tinha contado a ele o que aconteceu. Ele pensou que eu estivesse fazendo um favor deixando você ficar aqui.
Bati a cabeça no balcão da minha cozinha, depois pressionei a testa contra ele para me impedir de me bater. Mas não consegui impedir o gemido que emiti.
— Sinto muito. Vou lidar logo com isso. Será a primeira coisa que farei amanhã.
— Faça no seu tempo. Minhas coisas ainda estão guardadas. Posso manter tudo aqui por um tempo.
— Obrigada. Sinto muito mesmo. Vou fazer ligações amanhã cedo e pedir para que voltem e peguem tudo. Então vou aguardá-los no seu escritório para que você não tenha que cuidar de tudo, se não se importar.
— É claro.
— Desculpe.
— Pare de se desculpar, Anahí. Ex-condenados são frios. Não se desculpam. Te vejo de manhã.
Ele desligou e eu ri para não chorar.
xxx
— Olá? — Bati na porta entreaberta e escutei minha voz ecoar de volta. A porta se abriu, e fiquei surpresa em ver a recepção ainda vazia. Pensei que minha mobília tivesse sido entregue.
Ao longe, ouvi uma voz, mas não consegui reconhecer. Entrei e gritei um pouco mais alto.
— Olá? Alfonso?
Passos rápidos soaram no novo piso de mármore, cada passo ficando mais alto até Alfonso aparecer no corredor. Estava com o celular na orelha e ergueu um dedo enquanto continuava sua ligação.
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Na Contramão do Amor- AyA Adapt [Finalizada]
RomanceUma psicóloga especializada em salvar casamentos. Um advogado especializado em destruir relacionamentos. Uma confusão. E os dois se veem trabalhando dividindo o mesmo espaço. Anahí Portilla e Alfonso Herrera se encontram na contramão do amor: Oposto...