ALFONSO
Na manhã seguinte, debati sobre ir até a casa de Anahí meia dúzia de vezes antes de decidir que só pioraria as coisas se aparecesse. Não queria que ela pensasse que minha desculpa era só fingimento para impedir que o Cretino a levasse ao trabalho. Claro que eu não queria que o babaca a levasse. Mas, lá pelas duas da manhã, depois de revirar muito na cama, finalmente tinha encontrado minha razão.
Minha atitude de babaca não tinha nada a ver com Anahí. Entre uma ex-esposa traidora e minha dose diária de clientes que foram traídos ou traíram suas esposas, eu não era a pessoa mais confiante. Ainda não achava que estava errado sobre Bryan ― o cara era um imbecil, e meu instinto me dizia que alguma coisa iria acontecer quando ele percebesse que Anahí não mais o estava aguardando no banco de reserva. Mas isso também não era culpa dela.
Eram quase 10 horas quando ela finalmente apareceu no escritório. Ben tinha apenas meio período na escola, então eu estava torcendo para que ela não tivesse compromisso de manhã. Eu estava atento para ouvi-la chegar, então ela mal tinha entrado quando a encontrei na recepção.
E o imbecil estava com ela. Com o braço na cintura dela, ele estava tentando ajudá-la a andar.
Podia ver pela cara dela que tudo aquilo a deixava desconfortável.
— Bom dia.
— Bom dia. — Anahí forçou um sorriso melancólico. — Eu disse a Bryan que ele não precisava me trazer até aqui, mas ele insistiu.
Consegui responder com um toque de sinceridade.
— Você precisa de ajuda. O médico disse para não se apoiar nesse tornozelo.
Para ser educado, recuei e o deixei ajudá-la a ir até sua sala enquanto voltei para a minha. Mas estaria mentindo se dissesse que não escutei tudo. Ele lhe perguntou que horas deveria buscá-la, e Anahí disse que tinha planos para depois do trabalho e que iria de táxi.
Assim que o Cretino saiu, respirei fundo e fui até sua sala. Ela estava arrumando o laptop.
— Você tem paciente agora?
— Não. — Ela não olhou para cima.
— Então podemos conversar?
Ela olhou para mim.
— Oh. Está com vontade de conversar agora?
Eu mereci.
— Talvez devesse começar pedindo desculpa logo de cara.
Sua expressão suavizou, mas ela cruzou os braços à frente do peito, tentando ser durona.
— Seria bom.
— Desculpe pela forma como agi ontem à noite.
— Quer dizer quando me acusou de querer transar com outro cara depois de já termos concordado que iríamos dormir juntos com exclusividade?
— É. Isso.
Anahí suspirou.
— Não sou esse tipo de pessoa, Alfonso. Mesmo se eu quisesse dormir com outra pessoa, não o faria enquanto estivesse comprometida com alguém.
Sem querer, ela acabara de atingir meu ponto fraco. Passara metade da noite e da manhã aceitando o fato de eu ter problemas de confiança. Era fácil culpar outras pessoas por isso. Era culpa de Alexa. Meu trabalho destruíra minha fé na raça humana. Mas, na realidade, eu gostava dessa mulher, talvez mais do que deveria depois de tão pouco tempo e isso me assustava pra caramba. Ela passara os últimos anos da vida esperando que outro cara a notasse, e eu não sabia o que iria acontecer quando ele finalmente o fizesse.
Claro que eu estava com ciúme. Mas também estava com um medo do caralho. E definitivamente não gostava de me sentir assim.
Fui até ela, não tanto porque senti que precisava estar perto para dizer o que precisava dizer, mas porque detestava estar do outro lado do cômodo quando poderia estar perto dela.
Estava especialmente frio lá fora hoje, e suas faces estavam cor-de-rosa, combinando com a ponta do nariz. Segurei seu rosto frio, me inclinei e dei um beijo suave em seus lábios.
Então recuei para que ficássemos no mesmo nível.
— Desculpe por ser um otário ciumento. Tinha planejado te dizer por que não era minha culpa o fato de ter ciúme... que meu histórico e meu trabalho me deixaram assim... e talvez em parte seja isso. Mas não é tudo. Para ser sincero, percebi a verdade apenas alguns minutos atrás.
— E qual é?
— Preciso saber onde sua cabeça está com aquele cara. Você o seguiu pela metade do país há alguns meses. Sei que teve sentimentos fortes por ele. E se disser que me falaria se quisesse parar de ter essa coisa exclusiva, eu acredito em você. Mas o que preciso saber é: se ele te dissesse hoje que tem sentimentos por você, iria me falar que quer sair?
Anahí ficou paralisada, e um flash de alguma coisa passou por sua expressão antes de nossos olhos se encontrarem.
— Por que não se senta?
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Na Contramão do Amor- AyA Adapt [Finalizada]
RomanceUma psicóloga especializada em salvar casamentos. Um advogado especializado em destruir relacionamentos. Uma confusão. E os dois se veem trabalhando dividindo o mesmo espaço. Anahí Portilla e Alfonso Herrera se encontram na contramão do amor: Oposto...