Capítulo 36

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ALFONSO

Eu poderia me acostumar com isso.

Tinha acabado de sair do chuveiro e ido para a cozinha. Anahí estava no fogão usando uma das minhas camisas, que chegava aos seus joelhos, fazendo algo que cheirava quase tão bem quanto ela. Havia música tocando, e parei na porta observando-a balançar de um lado para outro, cantando uma música que não reconheci.

Como se me sentisse, depois de um minuto, ela se virou e sorriu.

— O café da manhã está quase pronto.

Assenti, mas fiquei parado por mais um minuto, gostando de observá-la. Cinco dias atrás, depois que Alexa pisoteou e me encheu falando sobre querer levar Ben em uma viagem de carro, achei que minha semana fosse ser uma merda, como era normalmente depois de uma das nossas discussões. Mas Anahí tinha um jeito de me acalmar, me fazendo focar no lado positivo. Talvez pode ter ajudado o fato de ela estar na minha cama toda noite para ajudar a aliviar qualquer estresse, e que, naquela manhã, eu havia acordado com a cabeça dela debaixo das cobertas e sua língua me lambendo como se eu fosse um pirulito.

Ela sorriu e deu uma piscadinha, ruborizando.

— Vá se sentar. É minha vez de te alimentar.

É. Havia uma grande possibilidade de eu me acostumar com isso.

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— A que horas é seu primeiro compromisso? — perguntei. Tínhamos terminado de tomar café da manhã, então eu a tinha fodido no balcão da cozinha para depois lavar a louça enquanto ela se aprontava. Agora ela estava passando alguma merda nos cílios conforme se inclinava para o espelho.

— Às dez. Mas preciso ir ao meu apartamento primeiro. E o seu?

— Não tenho compromissos até a tarde, mas preciso escrever uma moção e levar para a corte de família depois. O que você precisa do seu apartamento?

— Roupas. A não ser que ache que posso sair com um cinto e saltos com isso? — Ela apontou para minha camisa, que estava aberta, e ela sem nada por baixo. Adorando o fácil acesso, segurei um peito antes de me abaixar e beijar seu mamilo endurecido.

— Por que não deixa algumas roupas para as noites que passa aqui? Assim não precisa correr para casa com as roupas do dia anterior. — Embora a declaração tivesse saído sem pensar muito, não me assustei depois de ter falado. Estranho.

Anahí olhou para mim.

— Está me oferecendo uma gaveta?

Dei de ombros.

— Pegue metade do closet, se quiser. Não gosto da ideia de você andar pela cidade com sua saia e sem calcinha de manhã... apesar de que não consigo entender por que você não pode simplesmente virá-la do avesso e usar de novo.

Ela enrugou o nariz.

— Isso é coisa de homem.

Depois de ela se maquiar com o que tinha na bolsa, vestiu-se e voltou para seu apartamento. Liguei para Alexa e deixei um recado que passaria lá para pegar Ben para o fim de semana umas 17h.

Grato por sua caixa-postal ter atendido em vez de ela mesma, desci para trabalhar um pouco, ainda com meu bom humor, só para ser recebido por um oficial de justiça aguardando na minha porta.

Eu era um advogado de divórcio; não era incomum encontrar um deles na primeira hora da manhã. O que era incomum era o oficial ser da corte de Atlanta.

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Tinha acabado de ler o mesmo parágrafo do processo pela quinta vez.

Ocorreram mudanças desde o último julgamento de custódia que necessitam de modificação na ordem de visita do menor. As mudanças eram desconhecidas na época do decreto final e justificam uma revisão do acordo de custódia.

Era a parte seguinte que tinha me feito sentar na cadeira, em vez de seguir para o apartamento de Alexa, porque eu temia o que seria capaz de fazer depois de ler o resto.

Em anexo, a paternidade foi estabelecida para Levi Archer Bodine, e não o réu para o qual foi garantida visita no decreto final de custódia.

A peticionária exige uma modificação de guarda compartilhada igualitária para permitir ao réu uma visita a cada dois fins de semana por um período de oito horas. O aumento da visita do peticionário permite tempo para a apresentação do pai biológico ao sujeito menor.

Além disso, a guarda compartilhada do réu deveria ser reduzida baseado em incidentes recentes de negligência à criança. Especificamente, o réu se envolveu em conduta que colocou o sujeito menor em risco ao expor a criança a criminosos conhecidos. Como resultado direto dessa conduta, o sujeito menor foi ferido.

Portanto, a peticionária tem motivo para se preocupar com a segurança do menor e exige uma modificação imediata no decreto de custódia.

O documento anexo para apoiar a petição incluía uma cópia da prisão mais recente do suposto criminoso e um relatório do pronto-socorro. A criminosa era Anahí e, claro, era apenas uma cópia parcial das acusações de atentado ao pudor. Não havia menção de que ela era uma adolescente ou de que a acusação foi retirada no mês anterior. Além desse monte de merda, havia uma cópia do relatório do pronto-socorro com o diagnóstico de uma queimadura acidental, junto com uma declaração de uma enfermeira que verificou que Ben foi levado com seu pai e a mulher que estivera com ele na hora do ferimento: Anahí Portilla.

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Após a terceira vez que caiu na caixa-postal, não consegui mais aguentar e fui falar com Alexa pessoalmente. Não era a ideia mais inteligente, considerando o humor que eu estava, mas precisava conversar com ela. Eu tinha apenas uma coisa para jogar nessa mulher, mas tinha muito disso: dinheiro. Eu não estava longe de pagá-la para parar com essa merda. De novo. Esse joguinho era retaliação por ter lhe dito que não poderia levar Ben a uma viagem de duas semanas seguindo o circuito NASCAR. Ela precisava me mostrar quem estava no controle. Eu conhecia minha ex-esposa; ela era astuta e fazia de tudo para se certificar de que estivesse por cima. Nossa briga, e talvez o fato de ter visto Anahí, a deixara com a sensação de que eu precisava ser colocado em meu lugar.

A primeira vez que bati na porta do seu apartamento não foi respondida e serviu apenas para me irritar e me fazer bater mais forte. Depois de dois impacientes minutos, peguei minha chave. Quando expulsara Alexa e alugara seu apartamento, tinha guardado uma chave para mim. Nunca houve uma ocasião para usá-la, mas eu estava cansado de ela me ignorar.

A fechadura estava emperrada, mas, depois de um minuto remexendo a chave, senti um alívio ao ouvir o barulho alto de destravamento. Sem querer levar uma pancada na cabeça com uma frigideira, abri um pouco a porta e gritei.

— Alexa?

Não tive resposta.

Uma segunda vez.

— Alexa?

O corredor estava quieto, e não havia som vindo de dentro do apartamento. Decidindo que era seguro, abri a porta. E meu coração parou quando vi o que tinha dentro.




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Na Contramão do Amor- AyA Adapt [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora