Capítulo 25

221 12 3
                                    

Véspera de Ano-Novo. Três anos antes.

ALFONSO

Encarei a cruz na parede do quarto do meu filho. Tinha me inspirado a rezar há exatamente um ano. O berço não estava mais lá, trocado por uma cama de criança na forma de um carro de corrida. Mas eu a tinha pendurado de novo depois que Deus a deixou cair como um sinal de que eu era um merda sem sorte rezando pela saúde do meu pai. Ele morreu três dias atrás.

Depois do enterro esta manhã, algumas pessoas tinham ido em nossa casa para almoçar. Eu estava grato por todas terem ido embora, agora precisava de silêncio. Também queria tomar uns drinques em paz. Mexi o líquido âmbar no meu copo.

A porta se abriu, mas não me esforcei para me virar. Braços envolveram minha cintura por trás e as mãos se entrelaçaram, cobrindo a fivela do meu cinto.

— O que está fazendo aqui? Ben está no parquinho com a babá. Demorará uma ou duas horas.

— Nada. Venha para a sala. Deixe-me massagear seus ombros. — ela respondeu com a voz baixa

O último ano entre Alexa e mim tinha sido difícil. Não que discutíssemos muito, mas a novidade tinha acabado fazia tempo em nosso relacionamento. Tínhamos três coisas em comum: nós dois gostávamos de sexo. Dinheiro... eu ganhava; ela gastava. E nosso filho. Mas, quando se trabalha dez horas por dia, e à noite e aos fins de semana está cuidando do seu pai que está literalmente morrendo diante dos seus olhos, até o sexo vai para escanteio.

Antes de o meu pai começar a decair muito rápido, eu tinha tentado me interessar pelos novos hobbies da minha esposa, criar alguma coisa em comum. Mas, com exceção de ir à peça que ela apresentou, não era fácil. Eu ensaiava falas com ela, mas ela me disse que eu não colocava muita emoção na minha interpretação. Provavelmente porque eu não era um maldito ator. Fui assistir a suas aulas de teatro, e ela me disse que minha presença a fazia pensar demais em sua interpretação. Desisti de tentar. Mas, nos últimos dias, ela tinha sido absolutamente incrível.

Me virei e segurei minha esposa, beijando o topo da sua cabeça.

— É. Vamos. Meus ombros estão cheios de nós. Vou gostar disso.

Depois de quinze minutos, começara a relaxar, até Alexa trazer a tensão de volta ao meu pescoço:

— Deveríamos ir à festa da Sage esta noite.

— Enterrei meu pai há duas horas. Só tinha a ele, considerando que minha mãe foi embora com o namorado quando eu era só um pouco mais velho do que nosso filho. Não estou mesmo no clima de festa Alexa.

— Mas é nosso aniversário. E é véspera de Ano-Novo.

— Alexa, não vou a uma porra de festa hoje. Tá bom?

Ela parou de massagear.

— Não precisa ser um babaca.

Me sentei direito.

— Um babaca? Você espera que eu vá a uma festa no dia do funeral do meu pai? Não acho que sou eu que esteja sendo babaca aqui.

Minha esposa bufou. Nossa diferença de idade de cinco anos parecia ser de vinte às vezes.

— Eu preciso de uma festa. Os últimos meses foram depressivos.

Não era como se ela estivesse ajudando meu pai ou algo assim. Todo fim de semana enquanto eu estava cuidando dele, ela saía com as amigas, geralmente para fazer compras ou almoçar Deus sabe onde. Seu egoísmo finalmente me irritou.

— Que parte dos últimos meses foram depressivos? Morar na Park Avenue e gastar milhares de dólares em compras toda semana? Ou talvez a babá que cuida do nosso filho enquanto você tem aulas de interpretação e sai para almoçar? E que tal a viagem de três semanas que fez para Atlanta para visitar suas amigas imaturas... aquelas que viajaram de primeira classe com você e ficaram no St. Regis no centro em vez de ficar no trailer do seu irmão de dois quartos no campo? Isso deve ter sido depressivo.

Na Contramão do Amor- AyA Adapt [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora