Capítulo 12

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ANAHÍ

— Posso perguntar uma coisa pessoal? — Estávamos no restaurante em que Alfonso me levou para comermos o hamburguer que me prometeu como compensação por ter sido um idiota mais cedo no trabalho.

— Não. — A resposta de Alfonso foi rápida.

— Não? — Franzi o nariz, confusa. — Sabe, normalmente, quando duas pessoas estão sentadas conversando e comendo, e uma delas pergunta à outra se pode perguntar algo pessoal, a outra geralmente fala que sim. É educado.

— Tenho uma regra. Quando alguém pergunta se pode perguntar alguma coisa, eu digo que não.

— Por quê?

— Porque se pergunta se pode perguntar, provavelmente é alguma coisa que eu não quero responder.

— Mas como sabe se nem ouviu a pergunta?

Alfonso se recostou na cadeira.

— Qual é sua pergunta, Anahí?

— Bom, agora acho que não deveria perguntar.

Ele deu de ombros e terminou sua cerveja.

— Ok. Então não pergunte.

— Alguma coisa aconteceu com você que te deixou amargo para relacionamentos?

— Pensei que achasse que não deveria perguntar.

— Mudei de ideia.

— Você é meio pé no saco. Sabe disso, certo?

— E você é meio babaca amargurado, então estou curiosa pelo que te deixou assim.

Alfonso tentou esconder, mas vi o canto do seu lábio subir em um sorriso.

— Vou te contar por que sou um babaca amargurado, se me contar por que você é um pé no saco.

— Mas não acho que eu seja um pé no saco.

— Talvez devesse fazer terapia, ia te ajudar a descobrir essas merdas.

Amassei meu guardanapo e joguei na cara dele. Acertei-o bem no nariz.

— Muito madura — ele disse.

— Não acho que eu seja nada pé no saco. Acho que é você que aflora esse meu lado.

Ele deu um sorrisinho.

— É um ótimo lado para se aflorar. Falando nisso, se estiver cheia, posso te ajudar a abrir o zíper e ficar confortável.

Jesus, ele era mesmo um chato de galocha..

— Nunca vai esquecer a noite em que nos conhecemos, não é?

— Não mesmo.

Bebi meu merlot, sem querer desperdiçá-lo mas estava muito cheia do hambúrguer enorme que Alfonso tinha pedido para mim. Sinceramente, mal podia esperar para chegar em casa e abrir a saia, embora não fosse admitir isso para ele jamais.

— Então, voltando à pergunta original. Por que é tão amargo quanto a relacionamentos?

— Lido com divórcios o dia todo. É meio difícil ter uma visão positiva quando tudo que se vê são traições, mentiras, roubos e pessoas que começaram apaixonadas terminando machucando as outras.

— Então é por causa da sua linha de trabalho. Você não teve um relacionamento ruim que te deixou amargo?

Alfonso me encarou por um tempo. Seu polegar esfregou o centro do seu lábio carnudo inferior enquanto ele pensava no que responder, e meus olhos o seguiram. Droga, ele tem ótimos lábios. Aposto que eles devorariam minha boca.

Na Contramão do Amor- AyA Adapt [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora