Capítulo 6

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O episódio com o Suriel não saiu da minha cabeça, Tamlin apareceu no último segundo salvando nossas vidas. Desde que aquele serzinho nos aconselhou, minha irmã vem ficando cada vez mais reclusa dos passeios, evitando a companhia do Grão-senhor.

Se tudo depende de eu ficar com aquele loiro mandão, sinto muitíssimo, mas não há a menor possibilidade. Ainda mais depois de comprovar com meus próprios olhos que Feyre anda nutrindo sentimentos por ele.

Nós cavalgamos com Lucien. Pintamos juntas, lemos e colhemos flores. Se tornou uma rotina, mas claro, que nem tudo foram rosas.

Recentemente presenciamos a morte de um Feérico da corte Estival e descobri naquele dia, que as asas são extremamente valiosas e tão vitais quanto um coração pulsante para eles. Tive que me esconder para chorar sozinha e acabei sendo consolada, por ninguém menos que Lucien.

As coisas mudaram um pouco, posso dizer que nos tornamos amigos. Alis acha que o mundo entrará em colapso cada vez que começamos a nos alfinetar.

Slow down you crazy child. — Cantarolei baixinho, misturando as tintas na paleta. A mesa do estúdio estava uma bagunça colorida. — You're so ambitious for a juvenile. But then if you're so smart tell me, why are you still so afraid?

Voltei a pintar aquele céu desconhecido, porém espetacular e brilhante. Uma imagem perfeita de uma linda noite estrelada, ela sempre me prendeu a atenção desde os oito anos.

Fiquei naquela tela durante horas, inebriada com a arte, que nem percebi os dois falcões me observando.

— Impressionante. — Tamlin quebrou o silêncio. Olhei por cima do ombro o encontrando de mãos dadas com minha irmã, ela sorria estupefata encarando a tela. — Feyre não brincou quando disse que são apreciadoras da arte. 

— Obrigada. — Me senti orgulhosa e bem por vê-los próximos outra vez. Feyre finalmente entendeu que nada acontecerá entre eu e Tamlin.

— Amamos isso. — Ela soltou a mão dele, grudando nas minhas costas, seu queixo apoiado em meu ombro observou a pintura. Feyre suspirou: — Esse céu noturno é maravilhoso, posso levar para o teto do meu quarto?

— Se quiser-

— Quero! — Me interrompeu.

— Então é seu. — Declarei dando um peteleco em seu nariz. — Anã insolente.

Ela resmungou fechando a cara. Lucien adora pegar no pé dela com esse apelido carinhoso.

⚔️

O sol fraco passou pela janela do quarto ferindo minhas retinas. Feyre ainda dormia ao meu lado, escondida no manto quente. Levantei me esticando.

— Bom dia, Dusti. — A voz rouca dela saiu sussurrada.

— Bom dia. — Respondi olhando o quarto com atenção. — Não acha isso estranho?

Feyre sentou na cama, confusa.

— Seja específica.

— O silêncio, irmã. — Me levantei passando a mão nos cabelos assanhados. — Alis sempre invade nosso quarto pela manhã.

— Acabamos de acordar, Dusti, ela deve estar ocupada com algo. — Feyre caiu na cama novamente.

— Já olhou pela janela?

— Amanheceu? — Franziu a testa retórica.

Entardeceu, Feyre. — Corrigi, vendo ela saltar em um pulo, arregalando os olhos.

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora