Capítulo 26

2.3K 312 33
                                    

A cabeleira ruiva reluziu o fogo dos candelabros, a máscara de raposa cobrindo seu rosto agora assustado. Lucien. Teríamos que apunhalar aqueles que viemos salvar. 

Minhas mãos caíram ao lado do corpo em choque, aquele que conquistou meu afeto ajoelhado, esperando o mesmo destino cruel causado por mim.

Feyre encarou o trono ao lado de Amarantha, em um piscar de olhos deixou de ser Tamlin, transformando-se no Attor, que deu um sorriso malicioso. A broaca viperina riu achando nossas feições divertidas.

— Algo errado? — Perguntou Amarantha, inclinando a cabeça.

— Não... Não é justo. — Feyre murmurou negando.

— Viemos salvá-los, por isso fizemos o maldito acordo, e você quer que a gente jogue tudo fora os matando? Até onde vai o seu medo? Quer destruir algo mesmo em cima de uma derrota digna? — Disparei furiosa. — Você não é digna de uma coroa, nunca foi, eu vejo apenas uma covarde brincando de governar!

O rosto de Rhysand tinha ficado pálido, muito pálido. Amarantha em contrapartida ficou vermelha de ódio, erguendo-se do trono.

— Quer justiça? — Ciciou Amarantha, brincando com nossa coragem. — Eu não sabia que vocês humanos conheciam o conceito. Feyre mata Tamlin, você mata Lucien e eles estão livres... A não ser que achem mais apropriado abrir mão de suas vidas. Afinal de contas: qual é o objetivo? Sobreviverem apenas para perdê-los?

Ela está jogando com a gente, encarei os dois ajoelhados com cautela, obrigando minha mente a pensar. Amarantha continuou falando, e Feyre lançou-me um olhar esperto, começando a tomar o tempo de Amarantha com relutância desesperada, eu permaneci em silêncio buscando na mente uma saída.

Ainda de joelhos, os olhos de Tamlin ficaram muito brilhantes... Desafiadores. Como se dissesse; não deixe ela relutar. Então Lucien, olhando-me com atenção, havia medo em sua postura, medo de como a situação se desenrolava.

Antes de entrar em Sob a Montanha eu tinha prometido a mim mesma que pensaria com a razão. A resposta para tudo estava bem ali diante dos meus olhos, em situações de vida ou morte os sentimentos atrapalham.

Amarantha queria Tamlin, era obsecada por ele, completamente fissurada na ideia de tê-lo. Por que diabos ela mataria ele agora? Meus olhos pousaram na adaga, lembrando de todas as vezes que ouvi falar sobre um coração de pedra.

Coração de pedra...

Antes que eu indicasse aquilo, Feyre pegou a adaga, seu olhar fixo no peito do Grão-senhor, ela sabe. Tamlin estava quase implorando com o olhar para que ela fizesse aquilo. Minha irmã pescou a indireta, enfiando o freixo nele, murmurando o quanto o amava.

Não demorou para a adaga parar pela metade na carne, Fey soltou ela no chão revelando o metal amassado. O detestável realmente tem um coração duro.

Mas meu alívio não durou muito quando encarei Lucien, nada me veio na mente, nada que podia impedir sua morte tendo aquela adaga no peito. Não consigo matá-lo, não tenho forças para isso.

— Vamos, Dusti, falta apenas você. — Amarantha disse docemente.

Era patético, simplesmente patético o jeito que me sacrifiquei por essas pessoas, pelo amor que minha irmã sente, por uma pessoa igual a mil outras, mas que se tornou única quando virou meu amigo.

O adorável sentimento, que é capaz de matar qualquer um em Sob a Montanha. Minha mente deu um guinada. Andei até a adaga, passos calmos e calculados.

Feyre arregalou os olhos e tentou correr para mim, mas foi submetida pelo Attor. Por todo um povo. Peguei a adaga sem fraquejar, vendo Lucien entrar em desespero. Lancei-lhe um olhar tranquilizador, depositando um carinhoso beijo no topo de sua cabeça.

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora