Capítulo 2

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Depois de jantarmos mais carne de corça, nos reunimos na frente da lareira para aplacar a frieza. Feyre se encolheu no sofá me abraçando em busca de mais calor, esfreguei os braços dela para ajudar.

Via claramente que ela estava com vontade de tocar novamente no assunto do casamento com Nestha, o que na minha humilde opinião é uma perda de tempo.

Antes que Feyre abrisse a boca, um rugido derrubou nossa porta estrondando-a. Nestha e Elain gritaram e uma silhueta enorme atravessou a soleira cheia de neve.

Levantei puxando Feyre comigo, arregalando os olhos para enorme besta na nossa sala. Corri pegando minha faca de caça, me aproximando da fera com a arma na frente do corpo.

Ele é enorme com sua pelagem dourada, rugindo como um leão cheio de raiva. Minhas irmãs voltaram a gritar em meio ao choro amendrontado.

Minhas pernas tremiam de pavor, mas não larguei o instrumento afiado. Alguém precisa tomar a frente, papai está tão assustado quando as filhas no chão.

A conversa que tive com a mercenária repassou na minha mente repetidas vezes. Feérico. Grão-senhor. Essas palavras reinaram me deixando abalada.

A criatura se apoiou nas patas traseiras, exibindo a boca cheia de presas poderosas.

— ASSASSINOS!

Continuei parada com a faca apontada na direção dele. Não ousei olhar para trás, mas sabia que papai tinha se colocado na frente de Ness e Elain, uma tentativa estúpida de protegê-las, quando eu era a única empunhando a faca diante da fera.

Feyre encarava o arco e flecha do outro lado da sala constantemente, mas eu não deixaria ela matar um Grão-senhor, já estamos encrencadas o suficiente por conta do lobo.

— ASSASSINOS! — Ele rugiu novamente.

— P-por favor. — Balbuciou papai sem um pingo de firmeza. — O que quer que tenhamos feito, foi sem saber e...

— N-n-nós não matamos ninguém. — Acrescentou Nestha soluçando, continuei encarando o grão-feérico, esperando que atacasse a qualquer momento.

— Saia daqui. — Ordenei tentando não transparecer cansaço ou medo, brandindo a faca. — Está assustando-os! Saia!

A fera gritou estremecendo todo o chalé e a madeira embaixo dos meus pés. Nesse movimento ele deixou o pescoço amostra, lancei a faca com qualquer força restante. Ele golpeou a lâmina com a pata sem o mínimo esforço e disparou contra meu rosto mostrando os dentes.

Cambaleando eu recuei. Ele poderia nos matar agora mesmo, mas escolheu avisar ou mesmo me dar uma segunda chance. Nestha e Elain começaram a rezar para qualquer deus esquecido nos observando.

Recuei mais, empurrando Feyre no processo, ela também segurava uma faca firmemente, encarando a besta por cima do meu ombro.

— QUEM O MATOU?

— Matou quem? — Feyre ousou perguntar, fitando os olhos esverdeados da criatura.

— O lobo. — Ele grunhiu, a ira tinha diminuído, mas ainda estava presente. Meu sangue gelou e o coração acelerou errôneo.

— Um lobo? — Tentei ganhar tempo. Grão-feéricos podiam farejar mentiras? Talvez se eu tentar negociar ele não faça nada com minha família.

— Um enorme lobo com pelagem cinza.

— Caso ele tenha sido morto por engano... — Feyre murmurou baixo, temendo a reação dele. Ela perdeu a voz quando o Grão-senhor pousou os olhos bestiais em cima dela.

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora