Capítulo 56

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O acampamento Illyriano no norte das montanhas tinha o clima congelante e chuvoso. É palco de uma locomoção alada selvagem, com costumes que beiram o assustador. O lugar todo é forjado para que apenas os mais fortes sobrevivam.

Rhysand trouxe o círculo íntimo para uma vistoria, e eu não pude perder essa oportunidade.

Feyre ficou em Velaris por questões óbvias, Cassian disse que uma humana, trabalhando para o grão-senhor ainda por cima, não seria bem recebida nas Estepes. Minha irmã reuniu materiais e correu para o quarteirão dos artistas assim que se despediu. Ela está levando uma vida tranquila lá dentro.

Vi o problema assim que pousamos e conheci a figura agressiva comandando esse show de horrores; Devlon. Achava que meu autocontrole era abençoado até esse energúmeno abrir a boca e despejar suas asneiras.

O insulto aos meus amigos, — que já considero como irmãos — foi o suficiente para culminar minha vontade de derreter o cérebro pequeno dele.

Bastou um sussurro das sombras e em questão de segundos, Azriel estava do meu lado. Ambos espiões e Encantadores, senhor Devlon seria cego se não percebesse.

Az pousou sua mão na Reveladora da Verdade e eu apertei meu arco negro, encarando o macho diante de nós. O peso do nosso poder era descarregado sobre ele, isso o deixou tão furioso quanto assustado.

Para a sorte de Devlon, tivemos que ficar quietos enquanto Rhysand assumia as rédeas da situação, ele ainda era o Grão-senhor. Admiro que Rhys tenha pulso para conversar com esse macho, sem tentar esganá-lo até ficar azul.

O jeito que tratam as fêmeas illyrianas me deixou indignada, e confesso que muito melancólica. Servir os machos como reprodutoras... Isso não é vida.

Não é meu dever, mas conhecendo meu senso de justiça, tenho certeza que um dia voltarei por elas. Vou adorar lidar com a arrogância de Devlon quando chegar o momento.

E vou ajudar essas fêmeas.

Não preciso de permissão para fazer isso, mas para o bem deste maldito acampamento é bom que eu tenha uma.

⚔️

Rhysand nos atravessou para o interior do acampamento para treinar, mas acabou caindo uma tempestade em nossas cabeças. E como se não bastasse, tivemos um breve encontro com os sentinelas do Tamlin na floresta. Fiquei feliz em assustá-los e mandei um recado claro e direto para o loiro detestável.

Chegamos na taverna mais próxima da cidade, parecendo cachorros molhados tremendo. O quarto era um cubículo minúsculo, aposto que antes de colocarem a cama e o armário, servia de dispensa para os alimentos.

— O lugar está cheio. — Rhysand explicou quando notou meu olhar confuso, erguendo as mãos. — E eu pedi uma cama grande.

— A cama é o de menos. O que me preocupa é não ter uma lareira, — Comentei guardando as armas no cantinho. — Não podemos mesmo usar magia?

— Não quero que saibam que estamos hospedados aqui. Posso fazer uma lista de muitos que adorariam nos assassinar dormindo.

— Eu... Eu estou com muito frio, nem sinto meus dedos. — Esfreguei os braços úmidos, chutando as botas. Olhei para cama, e rapidamente lembrei de como fazia com minhas irmãs na época que morávamos no chalé. — Podemos aquecer um ao outro, calor corporal pode salvar de uma hipotermia, acredite.

— Vou tentar me concentrar na tarefa de segurar as mãos quando você estiver grudada em mim. — Prazer e diversão desceu por minha pele, ele estava gostando da situação.

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora