Capítulo 16

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DUSTI

Perdi a noção do tempo definhando presa nessa cela fedendo a morfo, comendo pão seco e água quente. Ninguém veio além dos feéricos que seguem Amarantha, os desocupados perdem boa parte do tempo soltando asneiras e nos ofendendo com piadinhas de mal gosto.

Ignorei sem problemas, tenho muito mais com o que me preocupar para dar ouvidos a eles.

O enigma se repetia em minha mente constantemente, mas não quebrei a cabeça tentando achar a resposta, ela viria, em algum momento.

Passou-se horas de puro silêncio, até a porta da cela se abrir me assustando. O Attor abriu um sorriso atroz, acenando bárbaro, avisou que a lua cheia finalmente chegara e junto com ela nossa primeira tarefa.

Fomos levadas para uma arena, passando pela plataforma onde vários feéricos e grão-feéricos riam e gritavam eufóricos. Também haviam aqueles que apenas assistiam nossa passagem em silêncio.

Feyre foi empurrada até a plataforma de madeira erguida acima da multidão, logo em seguida ele me jogou, usando força exacerbada para me derrubar. Attor rancoroso.

No alto estavam Amarantha e Tamlin, diante deles um labirinto exposto de túneis e trincheiras que percorria o chão. Um peso em minhas costas, obrigou os joelhos a caírem diante de Amarantha, sujando-os com lama fria e fedorenta. Trêmula eu me ergui novamente.

Feyre resmungou sacudindo as mãos cobertas com excrementos.

Em volta da plataforma havia um grupo de seis machos grão-feéricos, destacados da multidão principal. Pela inexpressão fria e aparência linda, identifiquei os grão-senhores de Prythian. Apertei os olhos para Rhysand, reparando no sorriso malicioso do cretino e na auréola de escuridão à sua volta.

Amarantha só precisou erguer a mão para a multidão vociferante se calar.
O ambiente ficou silencioso, quieto e totalmente ansioso. Discretamente estudei o labirinto de cima, sabendo que acabaremos dentro dele quando Amarantha termina seu discurso.

— Então, humanas. A primeira tarefa está aqui. Vejamos quão profunda é a afeição que sentem.

Respirei fundo, mordendo o lábio inferior fortemente, os dentes cravando na carne dolorosa. Esfreguei a costa do dedo indicador na ponta do nariz. Segurando a vontade avassaladora de arrancar meu próprio FÍGADO, só para ter algo para enfiar na garganta dessa mulher.

Rhysand riu cínico, diversão brilhando em seus olhos violeta. Saia da minha mente!

— Tomei a liberdade de descobrir algumas coisas a respeito de vocês. — Cantarolou Amarantha. — É justo, sabem. Acho que vão gostar desta tarefa.

Ela gesticulou com a mão, e o Attor deu um passo adiante para separar a multidão, abrindo caminho até a borda de uma trincheira. Uma toca, alguma coisa grande mora ali.

— Vão em frente. Olhem. — Insistiu ela. — Queira fazer as honras, Dusti.

Adoraria saber quando ganhamos tanta intimidade.

Com passos lentos obedeci, tomando consciência da profundidade das trincheiras, cobertas e adornadas com lama. As escavações formavam o labirinto e os caminhos faziam pouco sentido para dificultar o que quer que fosse de encontrar uma escapatória.

Daqui de cima é possível ver cada poço e buraco. Chuto ter uns 7 metros de profundidade.

Mãos se chocaram contra minhas costas, gritei despencando do alto e um feérico me ergueu pelos braços. Meu coração bombeava tão forte que escutava as batidas como se ele estive perto da minha orelha. Risadas ecoaram pela câmara quando pendi do aperto do feérico voador, a batida das asas poderosas ecoando pela arena.

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora