Capítulo 3

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Os braços de Feyre rodearam minha cintura com força quando adentramos os limites da floresta, a égua seguia o Grão-feérico no mesmo ritmo obediente. Escutei minha irmã tentar iniciar um diálogo decente com a fera, mas recebeu apenas grunhidos em resposta. Justo, somos consideradas assassinas e indignas de qualquer atenção.

Espero que papai, Elain e Nestha fiquem bem. Agora que as duas caçadoras da família se foram, eles estão sem uma fonte de alimento semanal.

Pelo menos estão mais protegidos que eu e Feyre no momento. Estamos entrando em território feérico, não sei o que este fará conosco de agora em diante. Talvez nos escravizar... Mesmo que isso seja proibido de acordo com o Tratado pelo pouco que sei.

Feyre matou o amigo dele, motivação o bastante para se vingar. Em contrapartida, a mercenária também matou um e permanecia viva no lado humano da muralha. Foi atacada, mas continuava viva.

Odor metálico e forte adentrou meu nariz, tornando meu corpo uma gelatina em cima da égua. O sono tomou minha mente e o peso em minhas costas denunciava que Feyre também caía. Deitei na crista da égua, fechando os olhos.

⚔️

Sacolejaram meu ombro levemente, o suficiente para que eu entreabrisse os olhos, encontrando um par azul semelhante aos meus. Feyre. Rápido como um raio me ergui sentada na égua, descendo com um pulo.

O maldito Grão-senhor usou magia para nos apagar. Que filho da puta. Dormimos por horas, o sol está brilhando no céu. A corda invisível que me segurava na cela já não existia.

— Acordei agora. — Feyre sussurrou segurando minha mão. — Ele disse que usou mais magia em você do que em mim.

— Eu senti. — Resmunguei esfregando a têmpora. — Você está bem?

— Uh-hum. — Ela encarou as redondezas. — Estou mais preocupada com você.

— Estou bem, só me sentindo lânguida.

Segui seu olhar me dando conta de onde estávamos. Mesmo com o inverno lá fora, aqui é primavera. Não posso negar que as flores nascentes são esplêndidas, o lugar é bonito, mas isso não anula o fato que estou aqui contragosto.

Que tipo de magia é essa que os faz controlar a natureza? É muito diferente do outro lado da muralha. Inclusive o enorme "castelo" diante de nós.

— Vamos entrar. — Decretei respirando fundo, uma hora teremos que ir. — Vai ficar tudo bem.

— Ainda da tempo de ser pessimista? — Feyre perguntou nervosa.

— Sinto muito, irmã, o seu tempo esgotou. — Caminhamos de braços entrelaçados, por um corredor ornamentado com vasos de hortênsias, o mármore reluzia em nossos pés.

Nenhum grito, prisioneiro ou cela aterrorizante. Seguimos em frente, fiquei maravilhada com o jardim repleto de flores coloridas. Poderia pintar uma tela agora mesmo. Feyre sorriu me encarando com o canto dos olhos. Parece que dividimos o mesmo neurônio.

Uma tela. — Dissemos e rimos baixinho.

Entramos na sala, eu estava me preparando mentalmente para qualquer desafio que ele colocasse na mesa.

Céus, a mesa...

Tinham tantas comidas, vinhos, pude vislumbrar o vapor quente subindo dos alimentos. Eu comeria metade daquilo em um piscar de olhos. Feyre quase saltou quando viu, faz muito tempo desde que ficamos diante de um banquete desses.

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora