CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈ

Capítulo 27 - Bônus

LUCIEN

"Vocês vão conseguir, cuide da minha pequena Feyre."

O sussurro dela me arrepiou e eu soube que era uma forma de dizer adeus, Dusti estava se despedindo de mim, desse mundo. Pela primeira vez em décadas chorei como uma criança, não queria perdê-la, a pequena humana conquistou algo enterrado no fundo de minha alma, o amor que eu nunca pensei doar novamente. Amor de irmão.

Dusti veio em Sob a Montanha por mim como uma guerreira marchando para batalha. Trazendo consigo aquela que a mãe escolheu para me completar, mesmo que Feyre tenha se entregado para Tamlin, não conseguia me manter distante dela, minha parceira.

Assim que a máscara caiu, senti o desespero de Feyre me atingir como uma flecha no peito, corri em sua direção quando ela foi lançada longe por Amarantha. Segurei seu corpo magro nos braços, ela tremia gemendo de dor, tentando virar o rosto para sua irmã.

Tamlin ainda continuava ajoelhado, segurando o ferimento em cima de seu coração.

Amarantha atacou Dusti, tão rápido que mal viamos seu corpo se movimentando pelo salão. Apenas os gritos agonizantes da Archeron mais velha, nossos poderes eram como uma faísca querendo se acender, os grão-senhores lutavam para ter algo, visivelmente preocupados com Dusti.

Tentei mover Feyre para ajudá-la, mas o gemido de dor que ela soltou me estagnou, eu não sabia o que fazer. Queria levantar para salvar Dustina. Para minha surpresa, Rhysand atacou Amarantha, lutando para chegar no corpo caído de Dusti.

Feyre. Feyre. Feyre. Minha mente gritou por ela, seu corpo lânguido contra meu peito.

— Lucien... — Ela choramingou, sua mão apertando meu braço vacilando. — Não sinto nada...

— É adrenalina, não se mova. — Sussurrei pousando a mão em cima de seu abdômen.

— Eu não quero morrer. — Ela engasgou nas próprias palavras, seus olhos acinzentados encarando os meus. — Eu não quero morrer.

— Não vai, estou aqui. — Iniciei o processo de cura, deixando a magia abraçar seus ossos. — Você me tem aqui com você, Feyre.

— Não quero morrer... — Ela repetiu ofegando. — Eu não estou pronta.

Tamlin se arrastou até onde nós estávamos, estendendo os braços para pegar Feyre, o sentimento de amargura me encheu, ela tinha escolhido ele. Minha parceira ama outro. Sou culpado em parte, seguindo o curso da maldição nunca poderia me aproximar da forma que queria.

Feyre agarrou-se em meu braço, negando com a cabeça freneticamente, mantendo seu corpo grudado no meu, absorvendo a magia curativa. Tamlin abaixou os braços, odiando sua atitude.

— Faça algo! — Feyre implorou. — Tam, ajude-a! Não deixe Amarantha levar minha irmã!

— Não posso! Ainda não sinto meu poderes, ela me mataria. — Ele argumentou, fazendo meu sangue ferver.

— Você é um grão-senhor, se mova, alguém precisa fazer alguma coisa! — Minha voz saiu desesperada.

O corpo de Feyre ficou mais firme, ela conseguiu se sentar ainda encostada em mim. Sua boca se abriu quando encarou um ponto no salão, segui seu olhar sentindo a boca secar. Amarantha tinha Dusti presa pelo pescoço.

Em questão de segundos seus olhos brilharam com mais puro fogo. E num ímpeto, Dusti enfiou uma adaga de freixo na garganta de Amarantha, a prisão da rainha fraquejou libertando os poderes por completo.

Os grão-senhores atacaram ao mesmo tempo, lançando-a longe, mas não a tempo de salvar minha melhor amiga. Ouvi um estalo reverberando pelo salão e seu corpo pequenino atingiu o chão.

Dusti não se mexia. Meu coração subiu pela garganta quando não vi seu peito se elevar, o pescoço quebrado me assombraria eternamente. Mãe, não posso perdê-la assim. Não esse serzinho incrível que se tornou o que eu mais precisava.

Feyre arquejou sem ar, levantando com dificuldade, ela correu para onde sua irmã estava. Não tardei a segui-la no mesmo ritmo.

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FEYRE

"Eu também te amo. Você vai conseguir"

Suas palavras se repetiam em minha mente, um lembrete de como fui desligada por não perceber que ela nunca se incluiu naquela afirmação. Apenas eu, e de alguma forma Dusti sabia disso.

Me ajoelhei diante dela, esperando que me encarasse e dissesse que estava bem. Meu coração patético doendo com essa esperança tola. Seu pescoço estava virado de um jeito torto, a ficha não queria cair. Eu me recuso...

— Me perdoe. Me perdoe. — Lucien repetiu com a testa grudada em sua barriga, lágrimas escorrendo livremente por seu rosto. — Não fiz o suficiente...

Neguei com a cabeça mordendo o lábio inferior, aquele embargo desesperador me consumindo e afogando. Ela não podia... Eu disse que cuidaria dela, seremos nós duas contra o mundo.

Os últimos suspiros de Amarantha não me tiraram da desolação, os grão-senhores a fariam sofrer por tudo, sabia que sim.

Tamlin segurou meus ombros e eu me permitir chorar segurando sua mão fria. Dusti não vai mais me abraçar como fazia antes, não vai me provocar por minhas indecisões, não haverá mais um feliz aniversário, nem sessão de artes. Minha irmã e melhor amiga morreu.

Um bolo angustiante subiu pela minha garganta. Sacudi seus ombros tentando em vão acordá-la.

— Não, Dusti! Você não pode me deixar, eu preciso de você aqui, por favor! — Encarei Tamlin, seus olhos esverdeados me fitando com pena. — Não quero continuar sem ela, Tam... Não consigo...

— Sinto muito. — Ele beijou minha testa, acariciando-me.

— Façam alguma coisa! — Implorei esmagando seus dedos moles, ela tinha os olhos fechados, sua feição coberta de uma paz abolidora. — Só façam alguma coisa...

"— Sabe o quanto eu amo você? Eu só estou tentando proteger vocês, mamãe não precisou ter pedido, pois eu faria de qualquer jeito. — Dusti secou minhas lágrimas, voltando a fazer uma trança em meus cabelos."

Toquei seu rosto assentindo em meio ao choro. Brava, vazia, confusa, sei que essa dor nunca vai embora.

— Eu preciso que você saiba que eu entendo... Eu te amo.

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Vai começar a desgraceira, terapeutas preparem-se.