Capítulo 8

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Bebi uma quantidade exacerbada de vinho feérico na noite anterior, lembro-me de dançar com Lucien e Feyre até parar de sentir minhas pernas. Posso estar ficando louca, mas acho que vi o ruivo acender igual uma estrela quando fizemos guerra de tinta no ateliê.

Minhas telas foram a primeira coisa que fui checar quando acordei, encontrando uma imundice colorida, a tinta manchava em todo canto. Fizemos uma bagunça!

Me juntei aos outros na mesa, beijando a testa de Feyre e Lucien antes de sentar.

— A praga... Pode mesmo matar pessoas?

Bebi um gole de suco, ficando em silêncio quando minha irmã perguntou aos dois. Eles fogem desse tópico sempre que tento fazer alguma pergunta, quem sabe Tamlin responda ela.

— A praga é capaz de nos ferir de modo que você... — Tamlin levantou tão rápido que a cadeira virou, ele projetou as garras e os caninos encarando a porta aberta.

Lucien sacou a espada xingando nomes desconhecidos.

— Leve elas para janela, perto da cortina. — Ordenou o grão-senhor e Lucien obedeceu, puxando meu cotovelo, arrastando-nos feito bonecas.

— O que você está fazendo? — Reclamei sendo guiada contra minha vontade. — De quem estamos nos escondendo?

— Shhiu!

— É um péssimo esconderijo se quer saber. Isso é patético, uma cortina. — Resmunguei sendo prensada. — A mesa... Feéricos teimosos.

Odor de magia envolveu o ambiente, Lucien esmagou eu e Feyre quase tornando nossa existência parte da parede. Estiquei o pescoço por cima de seu ombro, observando Tamlin se sentar tranquilamente limpando as unhas. Lucien começou a observar a janela.

Passos pesados ficaram audíveis, então aquele feérico do Calanmai entrou em meu campo de visão. Eu lembro-me dele. Os mesmos movimentos felinos, roupas escuras e elegantes. Ele se aproximou de Tamlin.

— Grão-senhor. — Cantarolou e não pude ver mais nada, pois Lucien fez questão de cobrir minha visão do grão-feérico.

— O que quer Rhysand?

Rhysand. Repeti o nome em pensamentos, sentindo aquele imã me puxando.

— Rhysand? Vamos lá, Tamlin. Não o vejo há 49 anos e você começa a me chamar de Rhysand? Apenas meus prisioneiros e meus inimigos me chamam assim. — Suas palavras soaram perigosas e risonhas. — Máscara de raposa. Apropriado para você, Lucien.

— Vá para o inferno, Rhys. — Disparou Lucien e o estranho gargalhou.

— É sempre um prazer lidar com a ralé — Ironizou ele, me deixando inegavelmente ofendida. Que coisinha esnobe. — Espero não ter interrompido.

Só a minha primeira refeição depois de uma ressaca matadora. Engoli minhas palavras, imóvel no esconderijo apertado e fajuto.

— Estávamos no meio da refeição. — Disse Tamlin friamente.

— Estimulante. - Ronronou Rhysand.

— O que está fazendo aqui, Rhys? — Indagou Tamlin.

— Eu queria ver você. Saber como estava indo. Se recebeu meu presentinho.

A cabeça... Ele é da Corte Noturna. Um assassino sádico chegou perto de me ajudar com os feéricos na Noite da Fogueira? Há muitas verdades a serem expostas. Baixei a cabeça esfregando a têmpora.

— Seu presente era desnecessário.

— Mas foi um bom lembrete da época em que nos divertíamos, não foi? — Rhysand emitiu um estalo com a língua. — Quase meio século entocado em uma mansão no campo. Não sei como conseguiu. Mas você é um desgraçado tão teimoso que isto deve ter parecido um paraíso comparado a Sob a Montanha. Imagino que seja. Fico surpreso, no entanto: 49 anos, e nenhuma tentativa de se salvar, ou salvar suas terras. Mesmo agora que as coisas estão ficando interessantes de novo.

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora