Acordamos cedo e nos enfiamos na floresta outra vez, fiquei brincando com meus poderes em um campo aberto. Aprendi a conjurar asas com a metamorfose, atravessar, forjar flechas de fogo e gelo. Isso tornou a arquearia ainda mais interessante e divertida para mim, estava sempre imaginando o rosto do Tamlin nos meus alvos de ensaio. Rhys soltava risinhos cada vez que eu disparava e murmurava alguma coisa.
Consegui moldar a àgua no formato que eu queria, e agora estou me tornando boa com o ar, manipulando a brisa forte da clareira ao meu favor. Isso vai ajudar bastante quando eu quiser camuflar meu cheiro.
Pela primeira vez a imortalidade me trouxe sentimentos bons. Cada elemento se tornou uma parte vital do meu corpo, e as asas despertaram meu instinto mais primitivo. Eram Illyrianas.
Quando começou a anoitecer, Rhysand me pegou nos braços e decolou. Desde que abriu os olhos pela manhã, ele anda silencioso e muito pensativo. Quer me contar algo, mas sempre desiste antes mesmo de começar.
Suas asas guinaram para cima e a ventaneira bagunçou meus cabelos. O encarei fixamente, notando como seus ombros estavam tensos sob meu abraço.
— Rhys, quer me dizer algo? — Essa simples pergunta, por mais suave que eu tenha dito, o deixou ainda mais nervoso.
— Tem uma coisa que você não sabe.
Continuei esperando que ele dissesse, a tristeza em seus olhos era tão grande que comecei a me preocupar. Toquei em seu queixo, unindo nossas testas.
— Dusti... — Murmurou, mordendo o lábio.
Ele apertou a mandíbula e quando pensei que iria finalmente revelar qualquer que fosse seu segredo, Rhys rugiu de dor arqueando o corpo bruscamente. Um impacto forte em suas costas, e vi as malditas flechas o atingindo.
Mal tive tempo de raciocinar e já estávamos caindo. Gritei seu nome, tentando me concentrar em nos atravessar, mas era tanto sangue que meu desespero tomou conta.
Rhysand olhou para baixo e viu algo que o assustou. Ele me lançou nos pinheiros com toda força que tinha, minha mente já estava um caos, enquanto meu corpo dava cambalhotas na corrente de ar.
O rugido furioso dele estremeceu as montanhas e uma ninhada de pássaros fugiu das árvores.
— Rhysand! — Gritei vendo ele desaparecer em um vulto escuro estrelado.
"Tinha veneno nas flechas."
"Se recomponha e pegue-os."
O chão estava se aproximando, meus cabelos voavam selvagens na frente do rosto quando grunhi irritada. Não estou em perigo, eles sim. Atiraram naquelas lindas asas e vão pagar com sangue por isso.
Reuni o sentimento de raiva quando concentrei meu poder à minha volta. O mesmo escudo de vento que me protegeu de Tamlin, se formou e aparou minha queda rente à uma árvore. Caí em cima do braço, sentindo o quanto aquela camada invisível era dura.
Ofegante apoiei o peso nos joelhos e saltei para o galho mais próximo, me escondendo. Rhys! Rhys! Me diga onde está! Eu vou até você! Esperei encarando a tatuagem em meu braço com ansiedade. Ele sempre estava do outro lado rindo, me seduzindo ou protegendo. Mas agora...
Não ouvia ou sentia nada.
Rhysand, por favor. Um sinal, qualquer coisa.
Escutei uivos próximos, os lobos pareciam me encorajar a me tornar o que tanto temiam. Suguei uma respiração profunda sabendo o que tinha que fazer. Rhys precisava da minha ajuda, eu teria que rastreá-lo sozinha.
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CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈ
FanfictionDustina é a terceira filha do casal Archeron, a jovem caçadora carrega uma pilha de duras responsabilidades nas costas e luta todos os dias para proteger a família, principalmente a irmã mais nova. Tendo que cumprir as regras de um Tratado, ela emba...