Capítulo 49

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Rhysand voou conosco para perto da maré baixa antes de tomar os céus, ele irá monitorar os guardas da ilha e do continente enquanto caçamos. Verificamos se haviam feitiços no local, e não sentimos ou vimos nada. Rhys considerou sorte, já Amren disse que não se importava, ela entraria de qualquer forma.

Não faz nem sentido guardar uma relíquia poderosa em um lugar desprotegido. Isso me cheira a armadilha.

— Que belo dia para entrarmos em uma armadilha. — Comentei tranquilamente, encarando a pequena monstra.

Amren e eu caminhávamos na estrada do quebra-mar lado a lado em nossos trajes escuros. Seus olhos prateados estavam atentos e ansiosos por algo brilhante, qualquer ser inteligente cruzaria para o outro lado do continente a vendo tão primitiva.

As sombras combriam nossos rastros, forjando falsas pegadas em trajetos distintos.

— Ancestrais audaciosos. — Ela sorriu afiada e maliciosa. — Prender um dragão e um lobo juntos? tsc, tsc, tsc.

A lama aquosa emitia ruídos com nossos passos, não demorou para chegarmos na câmara pequena do templo. Amren bufou quando viu a porta aberta. Se eu tinha alguma duvida, agora caíram por terra. Mais óbvio que isso só se colocassem uma plaquinha escrito; armadilha mais a frente, entrem e morram.

Eu aprecio a sensação de respirar, mas como havia dito um dia para Nestha, existe um mundo melhor lá fora e é por ele que vou lutar. Não importa quantas armadilhas ou até mesmo montanhas, coloquem em meu caminho.

Estudando o que eu conseguia enxergar, adentramos no escuro, as rachaduras nas pedras cobertas por algas marinhas, trazia um pouco do luar nas ruínas. Meus joelhos se afundaram na lama e os braços se molharam com a água escorrendo pelas rochas.

Fui pisando lentamente, sentindo cada local que firmava meus pés. Se houver um buraco, vou sentir antes de cair. Mas... Haviam somente bichinhos desinquietos se mexendo perto de meu calcanhar. Ignorei aquilo, observando cada canto da câmara.

Quando mais perto você olha, menos você vê. Nas paredes rochosas seria o primeiro lugar que muitos procurariam. Aqui, aqui, aqui. Não nas rochas, mas está aqui.

— Consigo sentir. — Arqueei a coluna arrepiada, com a pele formigando. — É como uma unha raspando na linha das minhas costas.

Não é atoa que tenham escondido sob pedra, lama e mar. — Amren murmurou.

Não aposto nas paredes. — Parei de me mover ajoelhando. — Está aqui. Debaixo desta caprichosa camada de lama.

Amren olhou para o chão na mesma hora se encolhendo.

— Devíamos ter trazido uma pá.

— Não temos muito tempo para buscar, a maré não continuará baixa em alguns minutos. — Comecei a cavar lama tensionando os músculos, lembrando de quando caí na toca do verme. Foi inevitável não sentir alívio quando não encontrei nenhuma carcaça, apenas conchas, caranguejinhos e alguns destroços.

Aqui. Aqui. Aqui. Verifiquei se eram as sombras sussurrando, mas elas estavam me protegendo quietas. Me arrastei parando no centro, encontrando uma crosta de lama mais espessa.

— Rápido. — Amren veio cavando junto.

Caranguejos maiores e algas fizeram cócegas em minhas mãos quando os tirei de cima colocando para o lado. Cavamos e cavamos, até chegar no piso de pedra rodeando uma porta de chumbo. Pequenos cortes começaram a arder quando arrastei a lama grossa dos braços.

Amren e eu nós entreolhamos ofegantes, soltando xingamentos e maldições.

— Chumbo para manter a força total dele do lado de dentro, para preservá-lo. Costumavam cobrir os sarcófagos dos grandes governantes com isso, porque achavam que um dia acordariam.

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora