Capítulo 28

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DUSTI

Escuridão...

Eu caminhava no bosque mais escuro que já vi em minha vida, meus pés se mexiam adentrando aquela fonte sombria, algo me chamando, sussurrando e sussurando distante.

Venha.

Mestre.

Dama da noite.

Meu corpo não doía, na verdade tudo se resumia em conforto, meus músculos descansados extremeciam a cada sussurro perto de minha orelha. Segui em frente, enfiando a mão naquela escuridão infinita, me deixando engolir pelo nada.

Me pergunto se esse é o fim após todas as batalhas, peregrinar sem rumo no nada eternamente, sempre perdido nesse bosque trevoso. Apesar do silêncio ser bom e profundo, esses sussurros não são um conforto para minha alma viajante.

Mas, fosse qual fosse o fim, eu tentaria continuar. Ainda sou uma fonte infinita de comprometimento, mesmo com a alma em frangalhos.

Seja aquela que nasceu para ser, sem medo da dor. Se chegou até aqui significa que conseguirá enfrentar o que vem pela frente. O longo sussurro me sobressaltou, dessa vez escutei perfeitamente em meu ombro.

Girei procurando o foco daquelas palavras, mas eu continuava sozinha no escuro, vendo absolutamente nada além do bosque e as sombras que rodeavam minha cabeça.

Dustina Archeron.

Dama da noite.

Mestre.

Ergui a cabeça encarando as sombras com assombro, dando passos cautelosos para trás, sempre olhando para elas, estavam agitadas rodopeando em cima de mim. Elas estão sussurando...

Tentei recuar mais, porém aquela corda amarrada em meu estômago repuxou com extrema força, não me dando opções, a não ser correr em direção as sombras. Elas me envolveram, um manto quente acariciando meus braços.

"Dusti... Dusti... Dusti..." Aquelas vozes familiares me chamaram com ecos perdidos. Feyre. Lucien. Rhysand.

Estudei as sombras e sacudi os braços para tentar soltá-las, mas as sorrateiras se recusavam a desgrudar de mim. Risadinhas alcançaram meus ouvidos, me fazendo arquear a sobrancelha.

Encantadora.

Dama da noite.

Salvadora do povo.

Quebradora da maldição.

Vi uma luz distante, crescendo em formato de aspiral, tão convidativa que me peguei caminhando para ela impressionada.

"Dusti... Dusti... Dusti..." Estagnei escutando eles me chamarem, a corda me puxando na direção contrária como se me implorasse para recuar.

Eles ainda estão lá, esperando por mim. Minha mente está uma turbulência inconstante? Sim, mas me recuso a desistir assim. Ainda não estou pronta para deixá-los, talvez eu possa realmente tentar.

Sim. As sombras sussurraram repetidas vezes. Não sozinha.

Eu assenti e logo franzi a testa sentindo aquele turbilhão de emoções me dominar. Traumas retornando. Imagens de tudo passei até aqui. Me sentei no chão cruzando as pernas, as sombras me acariciando como se quisessem me confortar.

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora