Capítulo 66 - Bônus

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Nesses últimos capítulos os comentários tomaram chá de sumiço, e querendo ou não isso me desanimou. Levando em conta o número de leituras comparado aos primeiros, tô achando que flopou. Esse aqui e o próximo serão minha devolução, criei uma meta de comentários no off.

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RHYSAND

  Estava sentado no telhado, rodeado pela escuridão da noite. O silêncio era ensurdecedor, apenas quebrado pelo som de minha respiração acelerada e superficial. Após lidarmos com as consequências do ataque, me isolei completamente sozinho em minha própria mente, e foi como se estivesse preso em um pesadelo interminável.

As lembranças da destruição de Velaris assombravam meus pensamentos, cada grito de dor e desespero ecoando em meus ouvidos. Podia sentir o calor das chamas, o cheiro da fumaça, a sensação de impotência ao ver a cidade que tanto lutei para proteger, minha casa, sendo reduzida a escombros. Um misto de tristeza e raiva consumiu minha alma.
   
O peso de todas as perdas que havia sofrido era sufocante, como uma âncora arrastando-me para o fundo de um mar escuro e gelado. Eu lutava para respirar, para encontrar uma saída desse labirinto de dor e exaustão. Mas parecia que não havia luz no fim do túnel, apenas mais escuridão e desespero.
   
Tentei me agarrar às lembranças dos momentos felizes, dos sorrisos da minha família, dos momentos de paz que vivenciei em Velaris. Mas mesmo essas lembranças pareciam desbotadas e distantes, como se pertencessem a outra vida, a outra pessoa.
   
Fechei os olhos deixando a realidade bater na porta, tentando encontrar um minuto de paz em meio ao caos que minha mente se tornara. Mas a escuridão continuava a se fechar ao meu redor, implacável e cruel. E então, eu sentia minha sanidade perdida, abandonada, como se fosse uma pequena chama lutando para sobreviver em um mundo de trevas.
   
Afundei mais e mais fundo, sufocando em um mar desesperador. Ansiava por um vislumbre de esperança, por um sussurro de conforto que me ajudasse a sair daquele abismo emocional. Mas tudo o que eu encontrava era o vazio, a solidão, a sensação de estar completamente sozinho em agonia.

E então, fui puxado pela corda amarrada em meu estômago, sendo arrancado dos devaneios. Ela tinha finalmente retornado, suspirei sentindo meu interior revirar aliviado e necessitado de sua presença.

Ela quase acabou com minha imortalidade hoje, e não há exagero, quando a vi despencando do céu em cima daquele animal peçonhento, estive prestes a infartar.

Dusti atravessou suas sombras com uma determinação silenciosa, guiada pelo vínculo único que nos ligava. Ela sabia que algo estava errado, e meu coração doía ao sentir sua exaustão, e também, o quanto ela se mantinha firme perante o peso de minhas memórias sombrias.
 
Com passos leves, Dusti se aproximou e sentou em meu colo, se ajeitando em minhas coxas. Fechei os olhos, quando suas sombras vieram tocando suavemente meu rosto, como se beijassem. Seus olhos azuis intensos, revelando a tormenta que se agitava dentro dela, mas também a chama de esperança que ainda brilhava em sua alma.

Que o Caldeirão me ferva, se ela não estiver ficando mais linda a cada dia que passa. Apenas encarar seus olhos me trazia tranquilidade. Regulei minha respiração, aspirando seu aroma delicioso de morangos frescos e tintas.

— Peguei você — Uma curva nos lábios rosados, sua voz suave e reconfortante. Beijei a covinha em sua bochecha e ela continuou: — Você não está sozinho, sabe disso, não sabe? 

— Eu sei, querida — Meu nariz roçou em seu pescoço.

— Eu estou aqui, do começo até o fim. — Reforçou e apontou a cidade — Vamos reconstruir juntos tudo que perdemos.

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora