Capítulo 15 - Bônus

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RHYSAND

Esperta.

Fiquei nas sombras me deleitando com a imagem dela desafiando Amarantha sem nem mesmo se esforçar. Antes, quando soube que o Attor tinha guardado duas humanas nas masmorras, me peguei aterrorizado. Tive que ver com meus próprios olhos, minha possível parceira diante da vadia ruiva, reivindicando outro homem. Lucien. Aquele que ela ama. Esse pensamento me causou o sentimento amargo de raiva.

Dusti.

Aqueles belos olhos azuis acesos, esbanjavam uma inteligência atraente. Lembro-me perfeitamente da arqueira do Calanmai, surgindo igual uma leoa das sombras para proteger a irmã curiosa. Mesmo agora diante de Amarantha, ela continua desafiadora, camuflando com maestria os pensamentos hora zombeteiros, hora conflituosos. Ela estava jogando o jogo de Amarantha com audácia e eu não era o único me divertindo com isso.

Me lembrou de Cassian. Conhecendo meu irmão, se visse a cena, ele ficaria orgulhoso e ameaçaria roubá-la para si.

Feyre seguia na retaguarda pronta para lutar ao lado dela, olhava a mais velha como se fosse sua protetora, a guerreira que ela se espelhava. A irmandade das duas me lembra a relação que eu tinha com Estela, minha irmãzinha, sempre liderando o caminho dela.

Busquei mil formas de tentar salvá-las, mas a mãe tinha um senso de humor difícil de entender. De uma forma ou de outra, Dusti chegou em Sob a Montanha e não havia mais saída a não ser observá-la com a irmã e tentar ajudá-las nas sombras.

Não era por acaso, eu sabia que era ela, os sonhos que tive mostraram seus olhos, a cabeleira escura e as pinturas. Parece ainda melhor pessoalmente, embaixo de todo cansaço, sujeira e hematomas, eu ainda conseguia vislumbrar sua beleza extraordinária.

5 séculos atrás.

— Mamãe, o Rhys assustou meus amigos outra vez! Gritou Estela, invadindo o quarto da nossa mãe, entrei atrás cruzando os braços.

— Amigos não precisam ficar beijando a bochecha um do outro o tempo inteiro.

Mamãe me repreendeu com o olhar, mas não liguei, aqueles illyrianos abusados não vão chegar perto da minha garotinha. Onde já se viu!

— Rhysand, querido, são apenas crianças. Deixe sua irmã.

— Com dez anos eu já sonhava em casar com a minha parceira, o que acha que aqueles garotos querem com ela? — Sorri cínico, fazendo mamãe rir.

— Eu vou bater nele mãe! E quando crescer, vou dizer a Dusti para fazer o mesmo. — Grunhiu Estela emburrada.

Parei imediatamente, arregalando os olhos. Como ela sabe o nome da minha dama? Nunca contei para ninguém além da mamãe.

O que disse, querida? — Nossa mãe segurou seus ombros, surpresa.

— Sonhei com uma moça bonita hoje, o nome dela é Dusti. — Estela se aproximou da orelha dela. Ela está presa.

— Dusti. — Repeti encarando-a. Ela dormiu comigo hoje e é daemati, devo ter compartilhado enquanto sonhava.

— Presa onde, meu amor?

— Presa entre espinhos e rosas. Ela é linda, bonita demais para o Rhys.

Encarei minha irmã ofendido, ela só pode estar cega para dizer um absurdo desses.

Atualmente.

Sorri de lado, encarando Dusti fixamente das sombras, ela me fitou com o canto dos olhos, tentando me desvendar.

O Attor as levou de volta para cela, empurrando com as garras.

— Rhysand, venha. — Amarantha cantarolou se erguendo do trono, tive vontade de vomitar, sabendo o que viria a seguir. Vadia desgraçada.

⚔️

FEYRE

Precisava resolver aquele enigma.

Poderíamos todos ficar livres.
Livres. Mas eu não conseguia... não conseguia nem pensar em uma possibilidade, encarei minha irmã com esperança, tendo um déjà vu de quando brincávamos na infância.

Dusti e Nestha sempre foram competitivas, as melhores nessas brincadeiras, acho que Nestha começou a implicar com Dusti naquela época por causa disso, ela odiava e odeia até hoje ser desafiada.

Essa é uma dentre muitas coisas que admiro em Dustina, ela é de longe, muito boa em jogos de estratégias. Sempre observei ela sair escondida para caçar, quando tentava segui-la, perdia seu rastro na floresta e acabava voltando para casa emburrada.

Ela cuidou de mim quando nossa mãe nada fez, cuidou da família e não havia ninguém para cuidar dela da mesma forma.

Por isso eu insisti, a segui por anos até ela me ensinar a como cuidar dela também. Nas caçadas nossa união se tornou mais sólida, intensa e inigualável. Uma conexão que vai além de qualquer distância.

Ela é minha âncora, me dá confiança e segurança mesmo nessa situação mortífera em que nos enfiamos.

Amarantha é uma miserável manipuladora, mas quebrou a cara, Dusti jogou muito pior com ela, os anos na floresta tornaram minha irmã uma caçadora nata. A grã-rainha tentou me enganar e por pouco não conseguiu, me pergunto o que aconteceria se eu estivesse sozinha.

Amarantha me mataria.

Espantei essa possibilidade. Estamos juntas, aqui nós cuidaremos uma da outra como sempre fizemos. Protegendo. 

Eu mantia o rosto erguido, pronta para enfrentar os desafios, e mesmo que minha mente caía, meu olhar continuará pregado nos da Grã-rainha. Quero ser tudo que sou capaz de me tornar, e para isso, é preciso não ter medo.

O Attor puxou meu braço.

Arrisquei olhar para Tamlin mesmo enquanto era puxada para a masmorra, a mente vazia acelerada. Queria dizer que o amava, assim como ele havia dito antes de me fazer partir. Sua voz ecoando em minha mente.

Amo você. Amo você.

Farei isto por ele, Lucien, Alis, minhas irmãs...

Eu não sei, nem lembro se nos livros é citado o nome da irmã do Rhys, então coloquei como Estela só para não ficar repetindo "minha irmã, minha irmã, minha irmã".

Comprovamos aqui que a Dusti é a alma gêmea da Feyfey. O amor de irmãs que você respeita.

Alguém avisa:
"Me pergunto o que aconteceria se eu estivesse sozinha." 

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora