Um fosso se abriu quando demos passos para trás, vento bagunçou meus cabelos e chão lamacento impactou contra meu ombro. Amorteceu a queda, mas não tornou indolor.
A multidão gritou, alguns feéricos olharam para dentro, espiando do alto da abertura do fosso.
— Quebrou alguma coisa? — Perguntei a Feyre, avaliando o ambiente fechado, não tinha nenhuma saída.
— Nada, nenhum ferimento.
— Que bom, pois estamos presas. — Anunciei olhando as paredes.
Feyre emitiu um grito de susto quando pisou em algo, estalando embaixo da lama. Segurei seus ombros, acalmando-a.
Me inclinei onde ela tinha pisado, enfiando a mão na lama receosa, Feyre tossiu um Ewww. Meus dedos tocaram algo liso e duro, o ergui limpando como podia, revelando um reluzir branco.
Ossos.
Virando sobre mãos e joelhos, tateei o chão, entrando mais na escuridão. Mais e mais ossos, de todos os formatos e tamanhos. Pessoas morreram aqui, muitas.
Magnífico, esse teste de fogo só melhora.
Feyre tomou coragem de enfiar a mão na lama, trazendo consigo o topo liso de um crânio, ela largou no mesmo instante ficando pálida.
— Dustina. Feyre. — Ouvi o grito distante de Amarantha. — Estão estragando a diversão de todos! — Ela disse isso como se eu fosse uma parceira ruim no jogo de cartas. — Saiam!
Ela sem saber entregou o tempo que precisávamos, a minhoca não sabe onde nós caímos. Rodeadas de tanta lama é impossível sentir nosso cheiro.
Se eu tentasse enxergar melhor, poderia notar as pilhas se elevando no escuro como lanças pontudas. Haviam ossos por toda parte.
Feyre se aproximou da parte terrosa, enfiando os dedos para tentar escalar, ela deu dois impulsos e falhou no terceiro, escorregando até o ponto de partida. Não temos saída.
Os feéricos ainda murmuravam seu descontentamento. De novo, Feyre subiu a parede enlameada, enfiando a mão na terra macia. Ela caiu no chão e me lançou um olhar cansado.
Os feéricos riam agora.
— Dois ratinhos em uma armadilha. — Disse um deles.
— Precisam de uma escada? — Cantarolou outro com deboche.
Escada. Feyre e eu trocamos olhares afiados, no mesmo instante voltamos a encarar os ossos, com apenas um menear de nossas cabeças, ela correu e começou a cavar.
Empurrei a mão com força contra a parede. Ela foi abraçada firmemente. O lugar inteiro era feito de lama compacta, forte o suficiente para segurar nossos degraus. Somos pequenas e leves, se isso aguenta as colisões daquela minhoca, pode nos segurar facilmente.
Feyre lançou um longo osso em minha direção, pelo comprimento, deve ser um fêmur. Enfiei na parede batendo na base redonda com o punho.
— O que elas estão fazendo? O que estão planejando? — Sibilou um dos feéricos.
Sinalizei positivamente e Feyre me lançou mais dois ossos. Cravei eles na parede com um golpe, o mais alto que podia. Testei o peso, pendurando o corpo e balançando com puxões agressivos. Está firme.
Feyre começou a subir na escada improvisada, olhei por cima do ombro, observando todos aqueles ossos. Uma ideia me fez segurar o tornozelo de Fey, ela pausou me encarando interrogativa.
— Eu tenho uma ideia.
Transformar a casa dele em uma armadilha mortal. Podemos morrer no processo? Sim, mas temos que tentar.
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CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈ
FanfictionDustina é a terceira filha do casal Archeron, a jovem caçadora carrega uma pilha de duras responsabilidades nas costas e luta todos os dias para proteger a família, principalmente a irmã mais nova. Tendo que cumprir as regras de um Tratado, ela emba...