Eu não deveria ter ficado surpresa. Não quando Rhysand gosta de tornar tudo que faz um espetáculo. Ele já deixou bem claro quando nos conhecemos; em sua cabeça, irritar Tamlin é um tipo de arte progressista.
Feyre esbugalhou os olhos segurando minha mão, sua atenção intercalando entre os dois grão-senhores. Minha expressão assumiu uma máscara tensa quando tomei consciência que o senhor da noite tinha finalmente escutado meu pedido de socorro.
Nós duas éramos a única coisa entre Rhysand e a Primaveril, eles pareciam apavorados com essa constatação. Ianthe recuava com lentidão.
— Que casamento bonitinho. — Disse Rhysand, enfiando as mãos nos bolsos enquanto aquelas muitas espadas permaneceram embainhadas. A multidão que restara recuava, alguns subiam em cadeiras para fugir. Exagerados. Neguei com a cabeça.
Rhysand por outro lado estava adorando o tumulto causado. Ele me encarou dos pés a cabeça, seus olhos apreciativos parando na tatuagem, um pequeno sorriso despontou dele.
— Dê o fora daqui. — Grunhiu Tamlin, caminhando em nossa direção. Garras dispararam dos nós de seus dedos, isso não abalou o senhor da noite.
Rhys emitiu outro estalo com a língua, debochando do loiro detestável.
— Ah, acho que não. Não quando preciso cobrar meu acordo com as queridas irmãs.
Ah, aceito qualquer coisa para sair desse lugar. Bufando, caminhei na direção dele arrastando minha irmã comigo. Feyre lutou contra, puxando na direção contrária, mas sua força não podia ser comparada. Rhysand se divertiu nos observando, olhando de um braço para o outro.
— Se tentar quebrar o acordo, saberá o que vai acontecer. — Continuou Rhys, apreciando minha guerra arrastando a noiva. — Dei três meses de liberdade a vocês. Podem ao menos parecer feliz em me ver?
— Chegou atrasado. — Murmurei parando ao lado dele, minha voz não passava de um sussurro encarando as pétalas, que eram afastadas pelo seu poder.
Rhysand fechou o sorriso, na certa sendo engolido pela turbulência em meus pensamentos.
— Vou levá-las agora.
— Não ouse! — Rosnou Tamlin possesso.
— Interrompi? Achei que tivesse acabado. — Seu sorriso escorria veneno. A mão grande tocando minha lombar. — Sua noiva parecia pensar que sim. E a irmã dela planejava fugir para a montanha mais próxima.
Tamlin grunhiu.
— Deixe terminarmos a cerimônia...
— Sua Grã-Sacerdotisa. — Rhysand procurou ela fingindo surpresa. — Parece achar que já acabou também.
Ianthe sumiu junto com todos os convidados, sobrando somente os guardas, Tamlin e Lucien. O ruivo olhava de Rhys para mim com... Curiosidade, encostado na pilastra de braços cruzados.
Tamlin enrijeceu o corpo, percebendo ser o único no altar. Ele encarou Rhysand com exasperação.
— Rhysand...
— Não estou a fim de negociar. — Declarou ele. — Embora eu conseguisse tirar vantagem disso, tenho certeza. — Limpei a garganta quando senti a carícia da mão dele em minhas costas. — Vamos.
Feyre apertou minha mão como se fossemos mergulhar em um mar de fogo a qualquer momento.
— Tamlin. — Ela sussurrou.
Isso me fez encará-la com o canto dos olhos, tentando entender sua confusão emocional. Pensei que ela não quisesse se casar. Eu vejo o quanto é ruim isso que nutrem um pelo outro, querendo ou não, quando se convive perto, conseguimos ver duas pessoas que se amam. Atitudes, olhares, palavras... O bem estar dos envolvidos, o cuidado.
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CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈ
FanfictionDustina é a terceira filha do casal Archeron, a jovem caçadora carrega uma pilha de duras responsabilidades nas costas e luta todos os dias para proteger a família, principalmente a irmã mais nova. Tendo que cumprir as regras de um Tratado, ela emba...