Em Off | Gabriel Martinelli

capítulo 24.

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CASSIE.

Eu odiava perder, desde criança tinha a mania de não aceitar uma derrota, e então, tive certeza que nesse momento Jesus estava lá de cima me fazendo passar por isso, para eu aprender que nem sempre podemos ganhar.

Senti as lágrimas molhando meu rosto, enquanto eu escondia o mesmo entre as mãos. A arquibancada em silêncio, compartilhando de um mesmo sentimento e eu me recusava a me levantar dali.

— É o Orsic agora.— Júlia informou, ela estava em pé, abraçada com a bandeira do Brasil.— Olha Cassandra, vai dar azar!

— Não consigo.— chorei.

Quando escutei os gritos ecoando pelo estádio, fiquei com medo de levantar o rosto e ver nosso rival comemorar, mas meu pai me abraçou forte e começou a pular na minha frente.

— É NOSSO PORRA! É NOSSOOOOOOO!

— ELE AGARROU, QUEM DIRIA MÃO DE ALFACE!

Júlia gritou, me levantando e eu soltei um soluço, a abraçando forte.

Alisson havia agarrado o pênalti que poderia nos eliminar e agora era a obrigação do Brasil acertar o último pênalti para avançarmos na Copa.

— Para de chorar, filha!— Meu pai riu, limpando meu rosto, mas ele chorava também.

Que sufoco, sentia minha garganta arder. Richarlison foi até a bola, parando em frente do gol e eu quase caí para trás ao ver o platinado acertar a bola na parte de cima da rede. Uma nova onda de gritos foi escutada e a gente só sabia gritar, meu pai e eu nos abraçamos com força enquanto pulando no espaço que havia entre as cadeiras.

Era nosso!

Vi os jogadores correndo em direção ao pombo, comemorando ali em frente ao gol. Eu estava tão eufórica que não conseguia conter o choro.

— Eles conseguiram, amiga!— Júlia me abraçou de novo. Duas choronas, sinceramente!

Minha mãe gravava tudo ao nosso lado, desde os garotos no campo, até a nossa reação e eu iria mandar ela apagar mais tarde. Não quero passar por esse desespero nunca mais.

Meu rosto passou no telão e eu quase morri de vergonha, nariz vermelho e cabelo todo bagunçado enquanto meu pai ria do meu lado e balançava a bandeira do Brasil.

Estava aliviada mas meu peito doía, minha garganta doía, minha cabeça doía. Tudo doía. Vi alguns jogadores trocando a camisa em campo e se abraçando entre si, minha visão ainda embargada não me deixava observar muito.

Funguei, achando o Gabriel abraçando o Rodrygo quase na frente do nosso setor, provavelmente o consolando por ter perdido o primeiro pênalti e quase ter nos eliminado.

— Vou fazer promessa 'pro próximo jogo depois de hoje.— Júlia falou com a mão no coração.— Um ano sem transar, será que vai dar certo?

— Acho que não é assim que funciona não.— Minha mãe riu alto, chocada com a morena, que ria também.

Graças ao meu bom Deus a tensão estava indo embora aos poucos.

— Poxa.— a garota lamentou.

— O Vinícius chora se te escutar falando isso.— Comentei, bebendo um pouco de água, minha garganta estava me incomodando.

— Ele vai escolher o hexa também, tenho certeza que ele aguenta um ano sem transar.

— Misericórdia!— Marcos nos olhou chocado.— Vocês falam cada coisa….