(pensamento de João Miguel)
"Sinto o meu corpo dolorido e dormente, doem-me as costas e as costelas, acho que foi pela posição com que dormi. A minha virilha e partes íntimas é onde sinto mais dores, mas tenho a certeza que essas dores não foram provocadas pela forma com que dormi."
- Ai, merda! - resmungo baixo, a pouco e pouco tento abrir os olhos e tento me lembrar do que aconteceu na noite passada. Depois de jantarmos ela me levou até ao sofá da sala e prendeu um aparelho nos meus testículos, fiquei com medo do que ela ia fazer, não tinha ideia do que raio era aquilo até uma dor horrível que me vez cair no chão e rebolar de um lado para o outro. Ela tinha me dado um choque elétrico na parte mais sensível do meu corpo, e eu juro por tudo, aquela foi a dor mais forte e mais agonizante que eu senti até aquele momento. Mas aquilo não era nem o começo da tortura. O meu corpo tremeu quando ela proferiu as seguintes palavras: - Hoje eu vou te adestrar como a cadela que és, tudo o que fizeres mal ou errado, eu vou-te punir com um choque. Ah só para a avisar que este foi o nível mais fraco que o meu brinquedo tem, vamos lá...
Ela passou a noite inteira a mandar-me fazer coisas, como trazer objetos que ela pedia, comer, deitar, sentar, foram várias das ordens que ela me deu a noite toda. Chegou a um momento que eu estava cansado de andar de um lado para o outro e de levar choques, que eu nem sei bem como, apaguei por completo.
Depois de me lembrar vagamente do que aconteceu ontem á noite, a culpa cai em cima de mim, eu não consegui cumprir o raio do acordo, que merda a esta hora meu pai...meu deus, podia não ser a melhor pessoa do mundo, mas ainda era uma pessoa e eu não desejo a morte a ninguém. Eu tenho a certeza de que ela nunca me vai deixar conhecer a minha mãe. Eu começo a pensar que isto foi tudo um jogo psicológico por parte de Helena para me fazer aceitar o que ela queria sem discutir mais o assunto, que merda eu estava tão desesperado que me deixei enganar por ela. Ao fim de um tempo, enquanto penso em tudo o que aconteceu, ouço um som que se tornou bem habitual para mim, o som dos saltos de Helena a baterem no soalho de madeira, esse som traz-me de volta á realidade e deixo os meus pensamentos de lado, olho em minha volta e percebo que não estou em meu quarto, este era bem mais pequeno que o quarto onde eu estava.
Fecho os olhos com força quando a porta do quarto foi aberta, quando ela entrou o seu perfume espalhou-se por todo o lado, ouvi quando se aproximou da cama.
- Levanta-te daí e vai vestir-te vamos sair! – Ordenou. Antes dela sair do quarto perguntei: - Fez de propósito, não fez?
- Como? – Respondeu virando-se novamente para mim.
- Sabia que eu não ia aguentar, por isso fez o tal "acordo", não havia maneira de eu cumprir a minha parte. – Eu comecei a levantar a minha voz. – Só se aproveitou da minha fragilidade e do meu desespero, o pior de tudo é que acreditei mesmo que me ia ajudar... - Ela não me deixou terminar.
- Eu vou fingir que não ouvi o que acabastes de dizer, para o teu bem é melhor que estejas vestido daqui a 15 minutos. – Ela segurou as minhas bochechas com uma única mão. – Nunca, mas nunca, metas as minhas palavras em dúvida, quando a eu dou, a minha palavra é sagrada, aprende que a única pessoa que deves confiar sou eu, garoto se continuares a desconfiar do que eu te digo vais-te dar mal. – Depois de dizer isto ela deu-me um beijo, foi só um selinho, um beijo casto, mas deixou-me completamente sem reação, eu esperava qualquer coisa depois da repreensão menos um beijo. – Ela saiu sem dizer mais nada, eu fui até ao meu quarto e vesti umas calças pretas e uma blusa também preta com uns desenhos vermelhos, e desci para o andar de baixo. Como não estava na sala fui ver se estava na garagem e lá estava ela encostada á Ferrari vermelha enquanto fumava um cigarro, parecia que estava a divagar, fui-me aproximando dela, de novo podia sentir o seu perfume, os saltos vermelhos que usava deixavam-na bem mais alta do que eu, estava vestida com uma saia de couro preta que contrastava com o seu casaco de cabedal vermelho, e igualmente de vermelho estavam os seus lábios. Deitou o cigarro fora e mandou-me entrar no carro.
Estávamos á mais de 20 minutos dentro do carro que passava pelas ruas de Roma, paramos em frente a uma pequena casa, que tinha um jardim cheio de rosas, tinha um muro de um metro de altura mais ou menos e tinha um portão pintado de verde. A Helena desceu do carro e eu seguia. Quando Helena tocou á campainha não demorou muito até se ouvir uma voz do outro lado:
- Sim? Quem é? -
- Helena. – Foi o que ela respondeu á voz do outro lado.
- Helena? – Perguntou a vos do outro lado que teve uma resposta positiva. Rapidamente o portão foi aberto, quando atravessamos o portão e chegamos á porta de entrada eu vi uma mulher alta de cabelos dourados bem longos, olhos azuis e a pele bem branca, devia ser um pouco mais velha do que Helena. Cumprimentaram-se as duas com um beijo no rosto, pareciam amigas íntimas o que estranhei, Helena não parecia uma pessoa com muitas amizades.
- Helena que saudades, as meninas já tinham saudades da madrinha delas, é uma pena elas estão na escola. – A senhora parou de falar e virou-se para mim.
– Helena que é este menino? –
- O nome dele é João Miguel. – A mulher á minha frente empalideceu rapidamente ao ouvir o meu nome. – Sim Giovana é o teu filho. – Quando Helena disse esta frase os meus olhos arregalaram-se, a minha cabeça parecia que ia explodir. A mulher na minha frente abraçou-me desmanchando-se num mar de lágrimas, eu fiquei apático enquanto ela beijava o meu rosto e me pedia desculpa. Eu olhei para o rosto de Helena que estava sério, ela achou a minha mãe? Eu estava muito confuso, mergulhei novamente num mar de sentimento, sem saber bem o que estava a sentir...
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O perigo do teu toque
RomanceHelena, uma mulher enigmática e ameaçadora , surge misteriosamente na vida de João Miguel, obrigando-o a ir morar com ela e a seguir suas ordens. Essa narrativa é repleta de assassinatos, violência e suspense. Este texto ficcional aborda uma narr...