Sem Correção
Espero que gostem.
Desculpem a demora
[ João Miguel]
Olhei para baixo, o meu corpo estava uma lastimava, a vergonha engoli-me, foi envolto numa capa de inseguranças e duvidas que alimentavam as minhas angustias, o seu olhar pesado sobre mim atormentava-me ainda mais, estaria como nojo de mim? Engoli em seco, que pergunta mais absurda, se eu próprio estava, como Helena não estaria? O que despertava o seu desejo, era o meu corpo, que de momento era tudo menos desejável. Senti os seus dedos segurarem com delicadeza o meu queixo, erguendo o meu rosto, obrigando-me a encara-la.
Preparei-me para as suas palavras amargas.
- Quem? - a sua voz saiu tremida, carregada de raiva que me fez estremecer, tentei me manter seguro, firme, mas falhei redondamente, ainda mais porque não queria falar daquilo, não queria lembrar, não queria pensar, só queria deitar e esquecer este dia que estava enfadonhamente longo.
- Por favor...- sussurrei, fechei os olhos, com força e libertei as lágrimas que até então tentava segurar, abri-os encarando-a .
- só quero descansar um pouco- supliquei, não aguentava mais, tinha chegado a um limite que nunca pensei chegar desta vez tinha mesmo batido no fundo, e não existiam mais forças em mim para sair daquele buraco escuro e sombrio onde tinha sido brutalmente jogado. Fiquei rígido quando os seus braços me envolveram puxando para o seu peito, era um abraço?! Durante estes últimos dias vinha agindo de forma estranha, e este sem dúvida tinha sido o ponto alto dos seus comportamentos singulares.
Fechei os olho envolto do seu calor invulgarmente aconchegante, suspirei fundo, em meio de tanta dor permiti-me fingir que a sua ira era desencadeada por afeto, por estima, por ver a dor de alguém cuja qual nutria sentimentos, vi-me no direito de acreditar na ilusão que construí para atenuar o meu vazio,a minha angústia, segurei com unhas e dentes a tábua de salvação que criei para não ceder a minha escuridão, imaginei naquele momento que se preocupava mais comigo e com a minha dor, do que com a sua fúria gerada pelo atrevimento de terem tocado na sua propriedade, forcei-me a ignorar a verdade, agora era insuportável para mim, fantasiei que sobre os seus sentimentos autênticos sobre mim, quis querer com toda a minha força que era algo mais do que uma coisa que tinha como sua por direito, que havia mais sentimentos por mim para o além da posse.
(...)
Deitado na cama ainda nos seus braços, tinha se passado alguns minutos de silêncio, o meu corpo ainda doía, o cansaço acabou por consumir-me por ganhar-me e perdi a força que me restava para manter os olhos abertos.
(...)
Acordei com a luz do sol a bater na cara, a cama ao meu lado vazia, estava sozinho, fechei os olhos com força, obriguei-me a levantar o meu corpo pesado da cama.Aquela sensação de sujidade não abandonava, tal como cheiro que aparecia entranhado na minha pele. Estava sentado no chão da box da casa de banho novamente esfregar a minha pele numa tentativa falhada de tirar aquela imundice do meu corpo, mas por mais que esfregasse não sai de modo algum, as minhas lágrimas misturavam se com água que cai do chuveiro. A porta da casa de banho foi aberta, dei um pulo pelo susto.
- Pelo amor deus, o que estas a fazer?!- entrou no box de banho segurando a minha mão, impedido me de esfregar a esponja mais uma vez no meu corpo.- Ainda não estou limpo.- falei choro, a olhar para as suas roupas que agora estavam encharcadas.
- Como não esta limpo? A tua pele já esta vermelha de tanto a esfregares, desde que eu cheguei ao quarto já se passou mais de uma hora que esta aqui a tomar banho, daqui a pouco vai fazer ferida.- falou em quanto tentava tirar com alguma delicadeza a esponja da minha mão,a qual eu segurei com mais força.
— Eu preciso de tirar isto de mim. -falei com os olhos cheios de agua.
Olhou para mim atordoada.
Tirou a esponja da minha mão.
Começou-a passa-la suavemente pelo meu corpo.
Funguei.
Olhei fixamente para ela que me dava banho sem se preocupar com as suas roupas encharcadas.
Quando terminou de passar a esponja pelo meu corpo disse:
- Não estas mais sujo, eu limpei.- deu uma forte fungada no meu pescoço.- E tens um cheiro bem gostoso. Sem pensar muito, abracei-a...
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O perigo do teu toque
RomanceHelena, uma mulher enigmática e ameaçadora , surge misteriosamente na vida de João Miguel, obrigando-o a ir morar com ela e a seguir suas ordens. Essa narrativa é repleta de assassinatos, violência e suspense. Este texto ficcional aborda uma narr...